Dia 02

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Toda alma, seja ela pura ou impregnada de algum pecado ou vício mundano, quer sua libertação e paz. Porém para muitas delas existe a luta interna. Há aquela força viciante que as mantêm longe de seus novos propósitos e as guiam sempre de encontro com os seus vícios ou os atos que praticavam quando vivos. Elas não conseguem se limpar da antiga vida e continuam a buscar as coisas do passado. Assim se juntam aos viciados ou o que ainda lhes são queridos atraídos como imãs, ao ponto de se tornarem fontes de energia negativa enquanto se alimentam dessas necessidades terrenas, criando assim um efeito dominó onde uma alma impregna a outra e a outra até que o ciclo se quebre. Mas como se quebrar esse ciclo é a grande pergunta dos espiritualistas. Talvez a resposta esteja justamente na data que chegamos agora.

O Dia de Finados ou Dia dos Mortos é uma das minhas comemorações prediletas. Pois embora durante toda a nossa conversa eu procurasse sempre promover o alto-astral e as coisas benéficas da vida como o amor e o bem-estar, é certo que adoro todo esse clima fantasmagórico. Eu amo falar da morte, do sombrio e o nefasto. Afinal uma coisa que posso afirmar de nossa própria existência é que "a emoção de viver está em saber que a morte existe. Assim como a motivação de fazer o bem está em saber que o Inferno existe".

O que quero dizer exatamente com isso é que através da morte alheia podemos observar e valorizarmos melhor nossa própria mortalidade com base na fragilidade da vida dos outros. Este pensamento elucido bem na introdução do meu romance Sob os olhos da Morte, também presente na página 23 deste livro na forma do poema Sonhos imortais.

Portanto é certo afirmar que ao explorarmos a mortalidade sem medo, passamos a entender melhor

Portanto é certo afirmar que ao explorarmos a mortalidade sem medo, passamos a entender melhor

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Além do mais essa data não é apenas para se falar da morte. Ela ainda está naquele período em que o mundo dos mortos e dos vivos está mais conectado. Logo é possível ajudar e guiar com maior facilidade essas almas perdidas ou, como alguns dizem, adormecidas da sua nova existência.

Não é à toa que nesse dia acendemos velas e oramos por nossos entes queridos e demais mortos. É porque nossas vozes e as luzes das velas os despertam do estado letárgico em que se condicionam. Onde essas almas apenas vagam buscando alimentarem seus antigos vícios terrenos através dos vícios dos vivos sem perceberem que já não pertencem mais a este mundo. Então quando no fundo de seus subconscientes ouvem aquela voz conhecida e seus olhos enxergam a pequena luz que os direcionam, suas mentes despertam e assim elas seguem para as suas novas existências, agora cientes de que estão mortos e aquela antiga realidade já não lhes pertence mais.

Outra coisa interessante de se entender da pós-morte é que as almas desencarnadas nem sempre estão prisioneiras aos seus vícios como álcool, drogas ilícitas ou cigarros. Há aquelas que se prendem ao mundo terreno por não aceitarem a morte ou por emoções. Então elas se mantêm aqui por causa da saudade dos entes queridos ou por querer ajudá-los, apego de um bem que possuíam e até também por anseios de vingança. A isso tudo também devemos orar por elas. Para que essas almas se libertem de tudo que os prende aqui através desses

Um ano inteiro em pequenos versosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora