Capítulo 29

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Anastasia

Eu estava a dias na cama; rolando, comendo e chorando como uma maldita idiota. Mia e Matias têm estado ao meu lado durante boa parte do dia, me distraindo e animando com piadas e brincadeiras bobas, mas só Deus sabe os pensamentos que rondam a minha mente no momento em que minha cabeça toca os travesseiros toda noite.

Damian também se tornou quase um irmão mais velho, zelando por mim e belo bebê sempre que está em casa. Meus exames estão bons, meu coração está tranquilo, pelo menos a parte teórica da coisa.

Está sendo uma vida pacífica e sem grandes emoções, mas as lembranças de Christian ainda me atormentam o tempo todo. As vezes, quando estou sozinha posso jurar que escuto ele falando meu nome, acariciando meu cabelo, falando com o bebê.

É uma merda, sejamos sinceros.

Também tenho falado com os meus pais através de um número diferente, claro. Mamãe estranhou no início, posso jurar que minha voz embargada deu a ela muito o que pensar, mas ela me conhece e sabe que não adiantaria nada me pressionar atrás de respostas às suas perguntas silenciosas.

Entre sorrisos mínimos e lágrimas constantes dezembro chegou; frio, porém mágico na mesma medida.

A neve caía e coloria de branco as ruas canadenses, mas nem isso e nem o frio seguravam as pessoas em casa. Os parques estavam cheios, os ringues de patinação mais disputados do que nunca. A cidade cheirava a biscoitos de gengibre e pinheiros natalinos, luzes coloridas brilhando em cada esquina, Papais Noéis tocando seus sinos e alegrando as crianças.

Mas a chegada do inverno também trouxe o meu ganho de peso, o avanço da minha gravidez e, consequentemente, nenhuma das minhas roupas me serviam mais.

Eu ainda não era uma elefanta completa, mas a minha barriga já denunciava o serzinho crescendo dentro de mim e eu, adepta do estilo "quanto mais justo melhor" estava encontrando problemas em vestir qualquer coisa que não fossem meus pijamas.

Nesses últimos dias Mia têm estado um pouco distante, presa no celular a maior parte do tempo. As vezes, enquanto estou montando blocos ou colorindo com Matias, pego alguns vislumbres de sorrisos nos seus lábios e meu sexto sentido me diz que Elliot tem muito a ver com essa felicidade dela.

E isso novamente é uma merda.

É impossível não me sentir uma vadia.

Mia nunca teve muita sorte com relacionamentos e quando ela aparentemente achou o seu príncipe azul eu surtei e tirei isso dela.

Essa também é uma questão que tem rondado a minha cabeça nos últimos tempos.

Naquele momento eu estava brava, com raiva, me sentindo traída e enganada, mas hoje, mais calma e serena eu me pergunto se não fui impulsiva como todos me acusaram de ser.

E se Christian realmente não tivesse culpa disso?

E se tudo não passasse de um mal entendido?

— Ana, nós precisamos conversar. — Mia desaba ao meu lado no sofá, me tirando das minhas divagações.

Ela suspira e puxa uma almofada para o colo, olhando para mim atenciosamente antes de desviar os olhos para a lareira à nossa frente.

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