Capítulo 5

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Anastasia

O estilo italiano presente em cada parte me cumprimentou assim que chegamos à cidade. Tudo parecia alegre, chique e caro.

— Estamos em Taormina. — Christian murmurou como se fosse capaz de ler a minha pergunta não formulada.

Olhei ao redor novamente e foi impossível não pensar em Jack. Lembro dele me contar sobre a cidade construída sobre uma rocha gigantesca mas que mesmo assim não perdia a sua elegância. Ele sempre adorou a Itália e um desespero me bate na mesma hora.

E se por obra do destino ele embarcasse para cá? E se nós nos encontrássemos no meio da rua? Se ele me visse junto de Christian e do outro lado do mundo depois da nossa discussão e do meu misterioso desaparecimento sem nenhuma explicação realmente aceitável? Eu arfei e me mexi inquieta no acento, atraindo a atenção de Christian novamente.

— Não precisa se preocupar. Estamos em terreno seguro. — ele murmurou, olhando para mim com paciência. — E já tocando no assunto você vai me acompanhar nas viagens que preciso fazer por agora.

Isso só serviu para me deixar ainda mais desesperada. Jack viaja muito, Kate também. E se ele me arrastar para Nova York novamente?

— Eles voltaram para Seattle ontem.

Olhei apavorada para ele. Como ele fazia isso de ler os pensamentos das pessoas? Mas Christian não me deu créditos e continou concentrado no seu celular como se eu nem mesmo estivesse ali. Eu suspirei e afundei no assento macio do carro me perguntando por quanto tempo eu conseguiria levar isso adiante sem enlouquecer.

Quando finalmente chegamos o sol estava se pondo e centenas de moradores e turistas se aventuravam pelas ruas de pedra em busca de diversão no calor sufocante. A cidade brilhava em todos os cantos, cafés e restaurantes tipicamente italianos colorindo cada esquina. Os letreiros extravagantes das boutiques prenderam a minha atenção, marcas caras e exclusivas me chamando para pecar da melhor maneira. Em Seattle elas existiam de claro, mas não pareciam tão chamativas como as daqui ou talvez eu que nunca tenha me atentado a esses detalhes.

O motorista puxou para a esquerda e parou o carro, saltando para fora. Christian saiu e deu a volta, abrindo a minha porta e agarrando a minha mão para me ajudar a descer o SUV alto demais para mim. Ele entrelaçou os dedos com os meus, me mantendo perto. Outro carro parou atrás de nós e dois homens enormes em ternos iguais também descer e se juntaram a nós, olhando tudo em volta.

Christian falou alguma coisa em italiano para eles e me puxou para junto dele, indicando a rua principal. Seus homens vinham logo atrás de nós, mas a uma distância suficiente para não denunciar que estavam conosco. Parecia mortalmente sem sentido. Se ele queria passar despercebido deveria usar uma bermuda e chinelos, não uma camisa de botões arregaçada até os cotovelos e calça social.

As pessoas - principalmente as mulheres - que passavam por nós tinham olhos curiosos sobre ele, mas Christian parecia não se ater a nada disso. Ele olhava tudo em volta e a única que atraía a sua atenção era eu. Me senti lisonjeada por um segundo e arrebitei o nariz com prepotência.

A primeira loja que Christian me puxou foi para o boutique de Roberto Cavalli. Assim que cruzamos o limiar a vendedora veio quase correndo, dando total atenção para Christian só para me notar ao lado dele alguns segundos mais tarde.

Christian suspirou e revirou os olhos para ela que estava toda sorrisos e batendo os cílios para ele como uma idiota. Um homem mais velho gritou duas palavras em italiano e a garota pulou, murmurando um pedido de desculpas eu acho e sumindo da nossa visão. Ele veio até Christian e o cumprimentou com dois beijos. Seus olhos vieram para mim e brilharam com inconfundível apreciação.

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