Anastasia
Quando abri meus olhos a claridade absurda da sala quase me cegou. Puxei minha mão para proteger meus olhos mas a agulha enfiada na minha mão me incomodou. Um acesso ligando a minha veia a uma bolsa de soro no suporte ao lado da cama foi a segunda coisa que eu notei.
Que merda é essa?
Pisquei um par de vezes para acostumar meus olhos com a luz excessiva. Olhei para a explosão de branco que me cercava e pelo cheiro horrível de álcool e antisséptico não foi necessário ser nenhum gênio para perceber que eu estava num quarto de hospital.
Suspirei e apertei meus olhos fechados, tentando entender tudo o que aconteceu para eu estar ali.
Lembro do rosto preocupado de Elliot dizendo que eu estava em crise novamente.
Lembro da mansão vazia e silenciosa o dia todo.
E lembro de Christian. E também lembro que ele me chutou como um cachorro sarnento.
A dor da lembrança acelerou meu coração novamente, os aparelhos apitando como loucos. Duas enfermeiras e um homem que imagino ser o médico entraram correndo no quarto com Elliot logo atrás deles.
Vê-lo novamente fez com que uma torrente de lágrimas começasse a rolar pelo meu rosto sem aviso prévio. Os dias que passei na mansão só não foram mais penosos graças a Elliot que foi uma presença constante.
Soluços feios sobressaíram o chiado dos aparelhos de monitoramento e eu abri os braços para ele, suplicando que chegasse mais perto. Elliot deu um passo na minha direção, mas parou com o baque forte da porta batendo contra a parede.
Christian parou no limiar e olhou para mim com lágrimas nos olhos. O médico murmurou alguma coisa sobre tranquilizante para as enfermeiras mas eu ignorei totalmente.
Ele estava aqui.
O meu Christian estava aqui.
Ele passou por todos sem grandes problemas e caiu de joelhos ao lado da minha cama, beijando a minha testa e agarrando a minha mão. Ele beijou a minha palma e colocou na bochecha. Mexi meus dedos contra a sua pele, sentindo o calor e a barba por fazer.
Christian limpou algumas lágrimas dos olhos e me fitou com preocupação. Ele parecia exausto e meio aterrorizado.
— Anastasia, baby, me desculpe. — ele sussurrou. — Dea, eu..
Balancei a cabeça e acariciei seus lábios. Um sono incomum tomou conta do meu corpo e manter os olhos abertos nunca pareceu tão difícil.
— Senhora Anastasia. — escutei o homem murmurar e caminhar até os pés da minha cama com um tablet nas mãos. Senti minhas pálpebras pesadas mas pisquei e me obriguei a ficar acordada. — Tivemos que submetê-la urgentemente a uma cirurgia de desobstrução porque sua condição era fatal. Introduzimos um tubo no seu corpo, por isso do curativo na virilha. Passamos um fio-guia por esse tubo para fazer a limpeza da artéria. Basicamente é isso que...
Eu me desliguei dele e voltei a fitar Christian. Ele estava aqui, são e salvo. Ele voltou para mim, para o nosso relacionamento.
— Não se preocupe, dea. Tudo vai ficar bem, nós vamos ficar bem.
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