Capítulo 42

963 154 53
                                    

Christian

— Adriano?

Coço meus olhos e fito a expressão sorridente do meu irmão parado na porta.

— Feliz em me ver? — ele arqueia uma sobrancelha e dá uma voltinha, balançando as mãos acima da cabeça.

— O que você está fazendo aqui? — cruzo os braços na frente do peito e lanço o meu melhor olhar desconfiado para ele.

Nós nunca fomos um exemplo de fraternidade e companheirismo. Sempre houve uma disputa para ver quem no final impressionaria mais o meu pai e atenderia as altas expectativas dele.

Eu acabei levando a melhor e isso acabou atenuando ainda mais as nossas diferenças.

Foram anos afastados até ele aparecer no meu casamento e causar uma comoção do inferno então todo cuidado é pouco quando nos referimos ao Adriano. 

— Será que podemos conversar? — ele olha em volta dos homens espalhados pelo meu escritório e volta a me fitar. — A sós.

Estreito meus olhos para ele, mas Adriano continua lá, com as mãos estendidas ao lado do corpo e uma expressão preocupada no rosto.

— Fora. — rosno alto e o silêncio do escritório é quebrado pelos passos apressados em direção a saída.

Elliot é o último a sair e sai puxando um Mario contrariado pelo braço antes de fechar as portas e nos deixar a sós como Adriano queria.

— Você estava certo, Christian. — ele murmura com pesar e cai na cadeira de frente à minha mesa com um suspiro cansado. — Foi o Marcelo que matou o nosso pai.

Eu pisco um par de vezes e sinto um pouco do ar me faltando.

Respiro fundo e acabo de desfazer os botões da minha camisa com as mãos trêmulas.

— E como você sabe disso?

— Porque eu estava trabalhando para a família Matos.

Minha cabeça estala na direção dele e eu puxo o revólver da gaveta, apontando para a testa dele. Adriano arregala os olhos e levanta as mãos em sinal de rendição.

— Eu vou te explicar tudo, só me escuta. — mantenho a arma em punho e ele suspira. — Eu não queria agir nas suas costas ou te prejudicar, eu juro. Nesses anos eu vi que você é o cara para cuidar dos negócios da família e eu estou bem com isso, é sério, mas o fantasma do papai sempre me perseguiu e por conta própria eu comecei a investigar. Levou tempo mas consegui descobrir que foi realmente a família Matos que autorizou a excussão dele e a sua também, eles só não imaginavam que você sobreviveria e que se tornaria tão forte.

— E por que eu deveria confiar em você? — rosno e Adriano dá de ombros.

— Sei que é difícil e que não fiz por onde merecer a sua confiança, mas eu juro que é sério. Tenho as provas, posso te mostrar se quiser mas agora o mais importante é tirar a Anastasia de perto dele. Marcelo te odeia e está disposto a tudo para te destruir, Christian. — Adriano morde o lábio e me olha com pavor. — E ele não hesitaria em descontar toda a raiva em cima da Anastasia.

Eu estremeço com a ideia da minha dea e do meu filho sofrendo nas mãos daquele filho da puta.

Balanço a cabeça para afastar os maus  pensamentos e volto a encarar o meu irmão.

— Como você conseguiu ganhar a confiança deles? — Adriano engole em seco e abaixa a cabeça.

— Foi aos poucos. Nunca foi mistério para ninguém as diferenças entre nós dois. Comecei de baixo, como soldado, matei e torturei em nome deles e isso foi cativando o Fernando. Quando você conseguir matá-lo fui eu quem atirou no seu braço. Sabia que não seria fatal mas foi o suficiente para me consagrar na família Matos.

Ninety Days Onde as histórias ganham vida. Descobre agora