Capítulo 41

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Anastasia

Abro meus olhos e pisco um par de vezes para clarear as minha ideias.

Uma dor de cabeça do inferno me faz gemer e esfregar a testa com uma careta.

Coço meus olhos e forço o meu corpo numa posição sentada, observando o quarto luxuoso e mal iluminado em que estou.

Paredes altas e cobertas por papéis de parede, janelas protegidas por grades e uma lareira no canto me trazem uma sensação indesejada de deja vu. 

Eu poderia rir com a familiaridade da cena se não estivesse tão apavorada.

Onde diabos eu estou?

Esfrego o meu rosto e saio da cama, andando pelo quarto até uma porta à minha esquerda. Empurro-a aberta e entro no banheiro de azulejos claros ignorando a minha imagem refletida no espelho.

Com certeza sou a representação mais fiel de satanás e agora definitivamente não é hora indicada para um surto de grávida que está se sentindo feia.

Eu preciso sair daqui e ir atrás do meu marido. 

Jogo uma água no rosto e prendo o meu cabelo no alto da cabeça, notando finalmente o vestido floral largo ao invés do modelo de festa que estava usando na festa de abertura da minha loja.

Ouço som de vozes através da porta do quarto e meu coração acelera no peito, o sentimento de medo e pavor quase roubando o meu ar.

Vejo um espelho de maquiagem pequeno sobre a pia e o agarro, batendo-o com força contra o mármore. O vidro se quebra em vários pedaços e eu pego um deles para usar como arma.

Pode não ser muito, mas caso alguém tente alguma coisa vou conseguir me defender para pelo menos ganhar tempo.

As vozes vão ficando mais distantes até que os ruídos são substituídos pelo tilintar de chaves. Volto para o quarto e aperto o caco de vidro na minha mão, preparando corpo e mente para uma possível defesa.

A chave faz um barulho alto ao ser colocada na fechadura e a porta finalmente se abre de uma vez, forte o suficiente para bater na parede e voltar, mas uma mão tatuada aparece e impede que ela se feche novamente.

O rosto dele surge através da fresta aberta e um arrepio de pavor corre pelo meu corpo.

Ele sorri para mim como se estivesse realmente feliz de me ver e entra no quarto com passos firmes e um brilho maligno nos olhos.

— Finalmente acordou, Anastasia. Já estava começando a me sentir solitário. 

Ranjo os dentes e levanto o queixo de maneira atrevida.

Eu estou tremendo por dentro, mas não vou deixar ele saber disso nunca. Todo Grey é corajoso e não demonstra medo perante o seu inimigo.

Principalmente quando um Matos está na sua frente.

— Onde estamos? — pergunto firme, minha voz milagrosamente não falhando no processo.

Nacho dá de ombros com indiferença.

— Tenerife.

Espera, o quê?

Como esse desgraçado conseguiu me tirar da Itália?

— A quanto tempo? — engulo o desespero crescente e olho para ele com uma sobrancelha arqueada. — A quanto tempo você perdeu o amor à vida e me trouxe para cá?

Marcelo rompe em gargalhadas altas e para a poucos centímetros de mim, sua altura se sobressaindo a minha.

— Anastasia, você acha mesmo que o seu marido vai te achar? — ele balança a cabeça em negação e seu sorriso cai. — Melhor dizendo. Ele vai te achar, só não vai ser com vida.

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