Capítulo 2

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Anastasia

O som do despertador retumbou pelo quarto, atrapalhando o meu sono.

- Acorda, querida, já são quase sete da manhã. Temos menos de uma hora para estarmos no aeroporto e passar os seus tão sonhados dias em Nova York. - Jack estava sentado na beirada da cama com um sorriso largo.

Abri meus olhos com relutância e gemi. Nem amanheceu completamente ainda, é praticamente madrugada e ele já está sorrindo como se acordar cedo fosse a melhor coisa do mundo.

Mesmo sonolenta eu chuto as cobertas e me arrasto para o banheiro. Abro o chuveiro e me olho no espelho enquanto a água esquenta. A ideia de voar tão cedo me apavora, mas é o preço por alguns dias de descanso com meus amigos em NY.

Desde que deixei meu emprego a cinco semanas atrás a vida parece ter perdido um pouco do seu sentido, pelo menos para mim. Meus horários estão todos descontrolados e eu nunca me senti tão entediada como ultimamente. Trabalhar no setor hoteleiro sempre foi um sonho que eu batalhei muito para conquistar, mas quando atingi o tão sonhado patamar de diretora de vendas eu simplesmente pedi demissão por ter perdido completamente o meu amor por aquilo.

Nunca passou pela minha cabeça que, aos quase vinte e cinco anos eu já estaria de saco cheio e exausta de coisas que até dois anos atrás eu jurava amar mais que minha própria vida mas foi assim.

Trabalhar no setor hoteleiro me rendeu bons frutos; um apartamento de alto padrão em um dos bairros mais luxuosos de Seattle, carro do ano, viagens para lugares inesquecíveis e um salário no mínimo atraente. Também era uma eterna massagem no meu ego. Cada negócio fechado, principalmente com homens mais velhos e mais experientes do que eu faziam maravilhas para o meu lado mais vaidoso, mas era entediante na mesma medida.

Eu tinha um apartamento de um andar só para mim, mas que eu mal podia aproveitar por estar sempre viajando. Um Porsche que raramente era pilotado porque eu sempre trabalhei demais. Dinheiro suficiente para renovar meus guarda-roupa com modelos da Chanel e Gucci, mas nunca aconteceu porque eu não tinha tempo de usá-los no sábado à noite num jantar com os meus amigos.

- Ana, você vai querer chocolate ou chá? - Jack gritou do outro lado da porta, cortando as minhas reflexões.

A água já estava quente o suficiente, vapor embaçando o espelho e meu tempo está curto para avaliar as minhas decisões tomadas no último mês.

- Dessa vez vou querer café, ainda estou com sono. - ele riu do outro lado.

- Claro, querida, eu vou preparar. Não demore muito, nosso tempo está apertado.

Eu bufo e faço um coque alto no meu cabelo antes de me aventurar em baixo do jato quente. Fecho meus olhos e esfrego meus ombros, me deixando imaginar como seria incrível mãos poderosas e possessivas me tocando ao invés das minhas. Jack é um homem poderoso, com cabelos loiros, olhos azulados e sorriso fácil. Ele tinha alguns músculos e uma animação impressionante, menos para aquilo que eu realmente queria.

O sexo era decepcionante as vezes e meus dedos que tinham mais acabar com aquilo que começamos, mas mesmo assim ele ainda era o melhor homem do mundo. Com seus vinte e nove ele já era dono do próprio negócio e fazia doações para hospitais infantis com frequência.

- Ana? - eu abri meus olhos e suspirei, fechando o registro e puxando uma toalha.

- Já estou saindo.

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