Capítulo 43

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Anastasia

Nacho me dá um sorriso debochado assim que encerra a chamada com o meu marido.

Ver Christian trouxe um pouco de paz para o meu coração, mas não foi suficiente para afastar os meus temores. Se antes eu tinha medo dele não me achar agora temo o que pode acontecer quando ele chegar aqui.

— Não se preocupe, docinho. Você não vai morrer antes dele aparecer. — Nacho murmura com diversão e acaricia a minha bochecha.

Eu viro o rosto e tento me afastar do seu toque, mas as cordas apertadas ao redor dos meus pulsos não me permitem movimentos muito bruscos.

— Eu juro por Deus que vou cortar cada um dos seus dedos com uma faca cega. — eu rosno entredentes e Nacho bufa, se inclinando sobre mim.

— Você pode calar a sua boca por bem ou gemer de dor, qual sua escolha? — cuspo no rosto dele e recebo um tapa forte, minha bochecha ardendo pelo golpe.

O gosto metálico do sangue faz o meu estômago revirar e sinto ânsias de vômito, mas respiro fundo e tento controlar a dor latente na bochecha esquerda.

— Acha que me bater vai calar a minha boca? — murmuro com sarcasmo e rio, olhando para ele com uma sobrancelha arqueada. — Uma Grey nunca se cala.

Ele me dá um sorriso apático e fecha a mão em punho, dando um soco forte na minha barriga.

Uma dor lancinante corre pelo meu corpo e o meu estômago irritado dá ainda mais cambalhotas. Uma cólica forte quase me tira o ar e eu sinto um líquido quente entre as minhas pernas.

Deus, não.

Tudo menos isso.

— As vadias da sua família podem até não se calarem, Anastasia, mas elas ainda gritam de dor.

Eu fecho os meus olhos e tento respirar com calma na esperança da cólica ser apenas passageira. Passa um pouco, mas ainda é forte o suficiente para me fazer gemer.

Nacho olha para mim com um brilho satisfeito nos olhos e sai do quarto tranquilamente, fechando a porta atrás dele.

Eu tento contra as restrições mais uma vez mas as cordas apertadas só esfolam ainda mais os meus pulsos já feridos. Não sei a quantos dias ele me mantém cativa mas eu não comi praticamente nada desde estão e meu corpo já dá todos os sinais de limite, principalmente por causa da gravidez.

A porta do quarto se abre novamente e eu olho assustada para ela.

Amelia entra rapidamente com uma bandeja na mão e a fecha novamente, ofegando quando olha para mim.

— Meu Deus. — ela murmura quase sem fôlego e coloca a bandeja em cima do aparador antes de pegar uma faca e correr até mim, esfregando a serra na corda grossa.

Demora um pouco e demanda esforço, mas ela consegue cortar os fios trançados e libertar o meu pulso esquerdo. Eu quase choro de alívio e flexiono os dedos, uma câimbra correndo do meu ombro até a ponta das unhas.

Amelia se levanta e pega um prato com alguns pedaços de pão e rosquinhas, colocando-o no meu colo.

— Consegui pegar isso para você, não é o ideal mas pelo menos vai te ajudar a não desmaiar. Vai comendo enquanto eu corto a outra corda, ok?

Eu assinto com um sorriso e coloco um pedaço de pão na boca, gemendo.

Comer nunca foi tão bom.

Exige dela o mesmo esforço, mas Amelia consegue cortar a outra corda e liberar as minhas mãos finalmente. Eu olho para os pulsos vermelhos e esfolados e fungo antes de virar a cabeça para ela.

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