Capítulo 9

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Com a cartilha devidamente decorada, Ella entrou no que, à primeira vista, parecia ser um ambiente de festa absolutamente normal, exatamente como estamos acostumados a ver nas baladas por aí: música alta, várias opções de drinks, mesas, palco para shows e até mesmo algumas barras para prática de pole dance perdidas pelos cantos. Ela respirou tranquila, e embora a cortina grossa os protegesse da visão da plateia, ela não resistiu à curiosidade de olhar pela fresta.

Ella pensou que podia esquecer tudo o que havia pensado a respeito do que veria naquele tipo de ambiente, ou melhor, quase tudo. Pelo menos foi exatamente isso que aconteceu quando ela se viu no palco de uma casa destinada à "orgia descontrolada". Não foi bem assim. Na verdade, se tem uma coisa que ela não viu foi o descontrole.

Pelo menos não da forma que esperou a partir da ideia geral e quadrada que leu e aprendeu sobre casas de swing para não desmaiar quando chegasse ao local. Era como se estivesse em outra realidade. Bom, na verdade ela estava e, por mais que pudesse ter sido estarrecedor tudo o vira sobre o assunto, de certa forma estava completamente abismada – positivamente é claro, - com toda a situação.

Nessa altura do campeonato ela percebeu que estavam totalmente despidos, exceto por uma minúscula sunga ou fio dental e as máscaras, embora poucos se tocassem. Ella imaginou que esses eram casais, pois os outros convidados, homens ou mulheres estavam em grupos esparsos, sentados em poltronas que giravam em qualquer direção ou em chaise long espalhadas pelo grande salão.

Na imaginação de Ella, a noite seria marcada por uma sequência de gemidos altíssimos por todos os lados (nível filme pornô para mais), mas o que se passa diante dela é surpreendente. E se fosse honesta consigo mesma, diria que era bem sexy.

Por todo o grande salão o máximo que ela ouviu foram sussurros, algumas conversas picantes e risadas contidas. O que fez tudo se transformar em uma experiência, no mínimo, interessante.

Até aí tudo bem, a música ambiente foi substituída pelos primeiros acordes, e foi então que ela os viu.

O corpo era como clone um do outro, ela os viu de perto, pois eles estavam de costas para o palco e bem próximos a cortina um pouco antes de começarem a tocar, e o que mais chamou a atenção foi as tatuagens que os dois tinham nas costas, Ella pensou que talvez fossem namorados ou coisa parecida e por isso tinham tatuagens iguais, embora ela não tivesse certeza, mas parecia que os dragões diferiam apenas pelos olhos. Ella podia jurar que um deles tinha os olhos vermelhos como chamas.

Assim que a cortina subiu, dando início ao show, o lugar começou a ganhar "vida" diante dos olhos dela – não que tivesse alguém transando no meio da pista como ela imaginou que teria, todas aquelas pessoas de máscaras francesas ou venezianas, sim ela fez a lição de casa, não causou nela o espanto e vergonha que ela imaginou que iria sentir, pelo menos até que ela pôs os olhos neles. Ela já tinha observado como as duas mulheres sentadas próximas a eles se exibiam no sofá, a forma como elas se tocava era um convite explícito, e a julgar pelo sorriso, Ella percebeu que eles se divertiam com a tentativa de sedução.

E tudo foi por água abaixo quando eles a flagraram olhando descaradamente, um deles sorriu e o outro cruzou os braços sobre o peito, como se dissesse — Agora você tem toda a minha atenção — e ela percebeu para onde a "atenção" dela estava voltada e seu estômago se agitou, ela teria vomitado ali mesmo no palco se não tivesse saído correndo em direção ao banheiro.

Ella pensou que estava tudo acabado e que seria mandada de volta para casa, mas Julia e Áurea estavam ao lado dela, segurando seu cabelo e encorajando-a.

— Gatinha pensa na grana, lembra? Faculdade, condomínio, etc... Lave o rosto, e vamos consertar essa make e voltar para o palco — disse Julia amorosa.

TRÊS- Porque Ella Ama Eles  (completo na Amazom)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora