Capítulo 26

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A estação de Atocha é a estação de trem mais importante, não só de Madri, mas da Espanha toda. Para quem visita Madrid, Atocha é ponto de chegada e partida do trem e do ônibus do aeroporto de Barajas, além de ser a base da qual partem a maioria dos trens-bala com destino a outras cidades do país. A viagem até Girona levaria aproximadamente quatro horas em um trem-bala, Ella observava encantada cada detalhe da paisagem, embora toda a sua atenção fosse uma vã tentativa de fugir do torvelinho de emoções em seu interior. — E se eles já seguiram em frente? E se eles não estiverem na fazenda? E se ela se perdesse? E se... E se... — Era impossível não sentir medo, o inglês de Ella era fluente, afinal ela estudou a língua desde os onze anos por imposição da avó, mas o espanhol era apenas o básico, e algumas lições intensivas dadas pelo Capitão Bucanero.

Quando o trem parou na estação de Girona, na Catalunha, Ella sentiu o frio correr em sua espinha, e nada tinha a ver com o clima de outono no país. Ela pediu um táxi e informou o endereço ao motorista, ele sorriu reconhecendo o local e sorriu enchendo a cabeça já confusa de Ella de imagens desagradáveis.

O Capitão havia contado por alto um pouco da história da Villa Catalina, que pertencera à mãe de Alex e Yago, a Condessa D'Alba era apaixonada por cavalos e o filho manteve a propriedade. Segundo o que contara o Capitão, Yago era um homem da cidade, das praias, enquanto Alex era mais rustico e preferia o campo. Um colecionava carros de luxo, o outro preferia andar em motos velozes ou cavalgar pelo campo, mas os dois eram apaixonados por suas profissões, e ao que tudo indicava, eram apaixonados por uma certa ruiva também.

O sol já dava adeus atrás da colina quando o carro estacionou na entrada principal da casa. Inquieta, Ella pagou ao motorista e nem se preocupou em esperar o troco, ela tinha urgência em estar com eles. Uma jovem de cabelos curtos e pele bronzeada a recebeu na porta, ela olhou para Daniella de cima a baixo com uma expressão de nojo, Ella pensou se estaria suja, e instintivamente seguiu o olhar da garota estranha.

— Quem você procura? — perguntou em um inglês impecável, assumindo que Ella era estrangeira.

— Olá, eu preciso falar com Yago e com o Alex — ela respondeu.

— Os senhores Sanz D'Alba — repetiu com ênfase no "senhores" — não estão no momento, posso dizer a eles que você veio procurá-los se me disser o seu nome.

Ella ia responder a contragosto, mas foi interrompida por um senhor bem idoso vestido com um impecável uniforme de mordomo.

— Senhorita, acompanhe-me, eu estava aguardando pela senhorita. — ele disse empurrando a jovem para dar passagem a Ella. — o senhor Fernando me disse para esperá-la, exigiu que se fizesse segredo sobre a sua vinda.

— Oh, obrigada, senhor, eu agradeço muito por me receber. — Ella respondeu e seguiu o mordomo até uma grande sala. — Senhor, eu preciso vê-los, me diga onde devo encontrá-los.

— Pode me chamar de Juarez, e não se preocupe você deve se instalar, os patrões não deverão demorar em chegar. O menino Alex está no campo com o irmão, eles estão cuidando de um reparo perto do rio. — o homem explicou, ele parecia saber quem era ela, pois a deixou tão à vontade que ela quis chorar.

— Allana, leve a bagagem da senhorita Guido até o quarto de hóspedes ao lado da suíte dos patrões, e não seja mal-educada.

A jovem pareceu engolir algo amargo, mas obedeceu ao mordomo e levou a pequena bagagem de Ella para o quarto. Ela aceitou a sugestão do mordomo e embora tenha recusado o banho, ela aceitou o café e junto com ele o bom homem trouxe um doce semelhante ao rocambole chamado brazo de gitano, tradicional da região de Aragon. Recheado com chocolate ou geleia de frutas, coberto com açúcar de confeiteiro.

Inquieta com a demora deles, Ella se sentia ainda mais incomodada devido à marcação acirrada da tal de Allana. Foi inevitável sentir-se insegura, pois a menina era linda, típica beleza espanhola, de pele clara, mas com toque levemente bronzeado, os olhos claros e uma personalidade marcante que parece vir junto com o DNA da beleza. A pele da barriga a mostra por sua calça de cintura baixa a deixava tão mais jovem e sexy que Ella se sentiu uma velha em seu jeans e jaqueta.

A noite chegou e nem sinal do Alex e Yago, Ella teria saído em busca deles se ela soubesse por onde procurar, então ela ouviu primeiro o riso forte e marcante de Yago, logo em seguida a voz de Alex.

— Juarez, meu bom homem, estamos famintos, o que sugere, primeiro, um banho para tirar esse cheiro de estábulo do Yago, ou algumas batatas bravas e cozido de carne?

Deveria sugerir banho, meu senhor, pois há uma visita esperando pelos senhores no jardim de inverno. — disse o mordomo sem alterar a voz.

Mierda, você atende Alex, estou indo para o banho.

— A visita é para os dois, mas ainda sugiro um banho antes de recebê-la.

— Não enche Juarez, eu vou ver quem é e depois estaremos livres para aquelas batatas ok? — Alex suspirou e seguiu em direção à sala com o irmão em seu encalço.

— Só não diga que eu não avisei a respeito do banho, meninos malcriados — o velho resmungou atrás deles e seguiu em direção à cozinha.

Ella já estava de pé, as mãos suando e o peito quase se rompendo de tanta ansiedade.

— Daniella! — Foi Yago quem falou primeiro, Ella não poderia encontrar as palavras e a julgar pela expressão de espanto e surpresa de Alex, ela poderia dizer que ele também não poderia encontrar a sua voz. Como já era esperado, Alex era menos oral que o irmão e em uma fração de segundo, Ella estava sendo girada pelos ares presa pelo abraço de Alex.

***

Obrigada por acompanhar Daniella em sua viagem pela Europa, 

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Besos en el corazon,

EllaDOliveira


TRÊS- Porque Ella Ama Eles  (completo na Amazom)Where stories live. Discover now