Capítulo 25

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Ella não pensou que doeria tanto não os ter por perto, Yago não estaria mais na mesa do canto no Holiday Hotel, ela não teria mais um lindo cravo vermelho esperando por ela em seu camarim antes do concerto.

Ella sentiria falta dos bilhetes picantes de Alex, que a deixavam desconcertada e excitada antes de cada apresentação no Bucanero's. Por que era tão difícil aceitar que ficar sem eles era muito pior do que qualquer estigma social? Ela sonhava com eles, com as mãos deles explorando seu corpo, as mãos delicadas e carinhosas de Yago tocando seus seios, enquanto o calor possessivo das mãos de Alex a tomavam cobrindo o seu sexo. Todas as noites desde que os viu pela primeira vez no clube, Ella tinha duas bocas e quatro mãos sobre o seu corpo. Tinha Alex a tomando por trás enquanto ela se sentava sobre Yago, recebendo-o por inteiro dentro de si. Em seus sonhos eróticos e quentes, ela pedia por mais, implorava para tê-los mais fundo. Era excitante, proibido... Pecaminoso.

Em seus sonhos ela não tinha pudores, não tinha medo. Nada mais importava além de dar-se a eles e tê-los tomando de volta. Ella se sentia protegida, desejada e poderosa, pois, ela podia ver em seus olhos o que causava neles. Ela gritava o nome deles, quando gozava, Yago e Alex gemiam seu nome quando estremeciam de prazer. Acordava entre os dois, a cama desfeita como prova do intenso e avassalador sexo que tiveram.

Não era errado, não era tabu, eram apenas ela, eles e o amor entre eles. Em seus sonhos, ela tinha a benção de sua avó e de sua mãe e não se importava com a opinião dos outros, mas acordar a trazia para uma realidade sem eles, sem o calor deles em sua cama enorme.

— Maldita cama, maldito espaço vazio e frio — resmungou ao se levantar pela manhã, eles estavam indo para sempre e a culpa era dela, do seu maldito puritanismo — Por que não pode ser tão simples quanto nos meus sonhos? Por que não sou tão corajosa e empoderada na vida real?

O dia foi longo, Ella passou o dia mergulhada entre lágrimas, chocolate, sorvete e vinho. — Eles estão indo embora amanhã a noite — a voz de Sonia era como badaladas dos sinos paroquiais em sua mente — estão indo, indo, para sempre...

Os apelos de Miah não surtiram o efeito costumeiro, ela teria que se contentar com um sache extra de patê de atum e alguns afagos na barriga, mas ela tinha sorte de ter um bichinho tão sensitivo, pois Miah não saiu do lado dela nem por um segundo. Estava perto da dona o tempo todo, fazendo carinho, deitando a cabeça em seu peito, fazendo massagens com suas patinhas, ou "amassando pãozinho" que é como chamam quando o felino massageia com as patinhas como se faz com a massa de pão. Normalmente Ella teria um sorriso estampado no rosto diante da expressão de carinho da sua amiga de pelos e patas, mas Miah teria que aceitar um afago por agora.

Ela havia evitado tocar em seu celular que estava no silencioso desde que ela os deixou em seu último encontro, seu coração se quebrou ao ligá-lo e ver que havia muitas mensagens deles, naquela noite, mas depois eles haviam deixado apenas uma. Era a despedida? O último adeus? Ella tremeu ao abrir a caixa de mensagem, o medo a tomou gelando até os seus ossos.

"Eu sei que dói, nós estamos quebrados também, mas a gente entende. É difícil romper com os padrões sociais, ainda mais para uma mulher como você, doce e pura. Só saiba que não vamos sair do barco ainda, apenas estamos te dando espaço para decidir para onde quer ir. Te conhecer foi a melhor coisa que nos aconteceu em muitos anos, e se decidir ficar é só chamar e voaremos para você de volta. ¡Te quiero mucho!"

— Yago Sanz D'Alba — Ella leu o nome no final da mensagem em voz alta.

Alex devia estar chateado, ele era mais passional, mais intenso, não era o tipo de homem que distribuía romantismo e declarações de amor aos quatro ventos, mas ele disse a ela e ela não disse de volta. Ella arrancaria seu braço direito se isso a fizesse voltar naquele segundo em que o ouviu dizer — Eu te amo, porra! — então ela poderia dizer que também o amava que amava os dois da mesma forma.

Ella saltou da cama assustando Miah que correu para fora do quarto, ela se desculparia depois, no momento ela precisava urgentemente consertar algo — Tomara que ainda tenha o que consertar — Ella vestiu um jeans e um par de tênis, prendeu o cabelo no alto da cabeça, não teria tempo para maquiagem ou qualquer tipo de produção.

Ella sabia que deveria ligar antes, mas não conseguia ter um pensamento lógico, ela só sabia que tinha que correr ou seria tarde demais para ela, para eles.

Ao chegar ao apartamento do Capitão na praia do Gonzaga, Ella, praticamente o atropelou quando ele abriu a porta.

— Onde eles estão? Preciso falar com eles! — Ela atropelou as palavras — não posso deixá-los ir sem que eu diga a eles.

— Calma filha, respire! — o capitão a levou para a sala e tentou fazê-la se sentar.

— Você não entende, eu não posso esperar, preciso vê-los! Ela tentou sair do amparo do capitão — Alex! Yago! — gritou correndo em direção ao quarto que eles ocupavam na casa do tio, mas estava vazio.

— Filha, eles foram esta manhã — Sonia disse da porta atrás dela. — sinto muito, Alex não quis esperar e eles partiram.

Ela havia pensado demais, ponderado demais, esperado demais para aceitar que não podia e não queria viver sem eles. Ela esperou demais para perceber que não dava a mínima para a sociedade, ou para o convencional. Ella os amava e perdera a chance de dizer a eles. Estava acabado e ela se arrependeria de sua decisão não tomada pelo resto de seus dias.

— Não precisa chorar meu amor, vamos dar um jeito e você vai até lá dizer a eles o que veio dizer. — Sonia enxugou suas lágrimas e a abraçou.

— Eu? Na Espanha? Sonia eu nunca saí do estado, como posso ir para outro país?

— De avião — disse o capitão — eu te levaria até eles, mas você se sentirá melhor se fizer isto sozinha.

Ele estava certo, ela teria que consertar isso sozinha, mesmo que para isso tivesse que cruzar o oceano.

Sonia se prontificou a cuidar de Miah em sua ausência, e munida de seu passaporte e com todos os endereços dos gêmeos em Madri, Ella embarcou no aeroporto do Galeão em busca dos amores da sua vida. Ela só esperava que eles ainda a quisessem.

Ella pediu que Sonia e o capitão não dissesse a eles que ela estava indo, o capitão não gostava da ideia de não ter os sobrinhos esperando por ela no aeroporto, mas aceitou desde que ela os mantivesse informados de cada passo dela.

O Aeroporto Adolfo Suárez, Madrid-Barajas é o principal aeroporto da capital de Espanha, localizado no nordeste da capital, distrito de Barajas, a 12 km do centro da cidade. Era um dos maiores da Europa e Ella se sentiu pequena dentro dele.

O Capitão Bucanero estava irredutível, já que fora proibido pelas duas mulheres de dizer qualquer coisa a respeito da ida repentina de Daniella para a Espanha, ele fez questão de pelo menos garantir um hotel onde ela deveria se hospedar caso algo saísse errado, não que ela estivesse disposta a pensar nesta possibilidade, ela estava em Madri e não voltaria sem falar com eles.

Sonia a instruiu sobre o que levar na mala, sobre o clima naquela época do ano, e principalmente como chegar ao local onde os gêmeos estavam. Ella esperava encontrá-los em seu apartamento ou até mesmo na empresa, mas não imaginou que eles estivessem fora da cidade. Seu coração dizia; vá buscá-los, mas a sua mente dizia, corre, eles estão em alguma festa de swing, com algum time de futebol feminino pendurado neles. Foi inevitável se sentir insegura, ou fazer comparações entre ela e o tipo de mulher que eles pareciam gostar.

Ella teria voltado se Sonia não fosse uma espécie de bruxa-guru-vidente que colou uma imagem escrita em sua mala — "pare de pensar e vá buscar seus garotos" — ela riu e deu ao motorista do táxi o destino.

TRÊS- Porque Ella Ama Eles  (completo na Amazom)Where stories live. Discover now