Trigésimo Sétimo

3.6K 500 111
                                    

• Olá olá, cobrinhas •

• Boa leitura •

Acorde Ramsés, acorde...

O faraó soava frio ao se levantar de sua cama em sua tenda, ele havia tido um péssimo sonho, um pesadelo e acordara quando ouviu a voz do Deus sussurrar em seus ouvidos, o chamando à consciência.

Ele estava nervoso, havia se passado um mês, um mês inteiro e nada...nada, ele já havia trucidado os monarcas dos dois povos que insistira em enfrentar seu poder, o exército abençoado pelo Deus guerreiro, ele não sentia felicidade, agia como um morto vivo em busca de luz, ele mal conseguia dormir por mais de três horas completas, se sentia atormentado.

Saindo de sua tenda, seu peito doía com pontadas estranhas da qual ele nunca sentira antes, ele foi até a tenda ao lado, onde o seu vizir dormia abraçado à uma túnica rosa nos braços em volta de muitos papiros.

- Levante-se vizir - o brado do homem o acorda de imediato, qual era a medida do dia? Ele focaliza seus olhos na figura aflita do seu faraó em sua frente.

- Majestade, o que desejas? - o homem indaga ao se levantar do chão, guardando a túnica com as bochechas coradas.

- Me retirarei para um sacrifício, vigie a montanha - o homem afirma ao seguir para fora da tenda, caminhando nervoso, ele se vai para o rio mais próximo, Scar o seguia como um guarda atento à tudo em sua volta, ele havia crescido um pouco, estava se tornando um lindo garotão - Seth...por que nada dela chega até minha pessoa? - ele pergunta cansado, estava desesperado.

- Volte agora, Ramsés - fora a resposta do Deus para o seu filho, Ramsés levantou sua cabeça no mesmo instante - volte para Nefertite agora, Ramsés - Seth via o homem tremer em seu corpo, que porra era essa? O faraó tremia ao se levantar, sua cabeça martelava e a adrenalina subia em seu corpo.

- Me diga o que vai haver para tamanho desespero em suas palavras - Ramsés voltava para o seu acampamento, passos rápidos e quase em uma corrida desesperada.

- Ela morrerá - fora tudo o que Seth o dissera antes do homem correr e correr como um louco para onde seu cavalo estava, Nefertite seria morta...ela morreria, não, sua mulher não ia morrer, nunca.

- VENHA ABRAXAS - o faraó feita pelo seu vizir que logo aparece, assustado, o faraó nunca gritava, e ele parecia como uma besta, hiperventilando e tremendo, ele estava preocupado, muito preocupado com algo.

- Majestade - o homem o chama vendo ele alçar dois cavalos, o faraó se vira para o vizir seus olhos vermelhos assustadores estavam amedrontados.

- AGORA NÃO, suba e discutimos no caminho - o homem sobe em seu cavalo com pressa, dando partida sem sequer o esperar, Abraxas sobe em seu cavalo, gritando em seu caminho para que os outros quatro nobres assumissem dalí.

Trotando em uma velocidade absurda, Ramsés seguia o caminho longo de volta para o Egito, rezando aos deuses para que ele chegasse a tempo.

Egito/ Mênfis

Nefertite permanece em silêncio conforme a mulher subia os degraus do palácio, um sorriso em seus lábios e Kia seguia até a figura patética que pelo que ela poderia ver, era a "esposa" do faraó.

Ela para em frente à todas as mulheres ali presentes, um sorriso de escárnio em seus lábios e ela coloca o papiro sobre a mão de uma delas, se aproximando da ruiva tão pequena, ficando em frente à ela.

- Por que não está se curvando perante sua rainha, concubina? - fora a pergunta que saira dos lábios da rainha.

- Ela...ele...eu não entendo...Kia é a rainha oficial do Egito - fora Corini quem dissera ao ler o papiro, era o documento oficial da aliança entre os dois.

- Claro que sou, foi ele quem me deu isso - a rainha mostra o anel de peridoto enorme em seu dedo, tinha a forma de uma...um botão de rosa - nosso anel de compromisso - Nefertite que estava em choque, apenas olhava o anel e a mulher em sua frente.

- Se afaste da concubina, nada pode ser comprovado até que seu documento seja analisado pelos sacerdotes, afinal, o faraó não está aqui para validar nada - Núbia encosta sua Shotel na garganta de Kia que rola seus olhos perante tal ato.

- Não precisa, querida - Nefertite toca sua mão com delicadeza...traída, ela se sentia quebrada de dentro para fora, como um trincar que faz com que todos os cacos caiam desmontando sua obra - seja bem-vinda, rainha Kia - a ruiva a reverencia.

- Majestade, não se ajoelhe para ela, não temos certeza - Zatiny tenta a levantar, mas, Nefertite a interrompe, derramando suas lágrimas de amor, a concubina permanece ali.

- Isso, concubina, aprenda o seu devido lugar, eu sou a rainha, e sabe que posso expulsa-lá daqui à qualquer momento, se for uma boa cachorrinha permitirei que o faraó a tenha em seu harém, apenas se você se comportar - Kia toca os cabelos ruivos de Nefertite, mas, um tapa soa em sua palma.

- Não toque nela, nunca - Yunet se exalta nervosa, ao ajudar Nefertite a se levantar.

- Pelo que posso ver, os valores estão invertidos nesse lugar, escravas que se acham na autoridade de dirigir sua palavra à uma rainha...querida, só não lhe mando para o afogamento porque sou uma rainha misericórdiosa - Kia abre espaço entre elas para que ela pudesse adentrar o palácio, até que dava pro gasto, ela o observava atenta - mostre-me os aposentos reais - a mulher indica à uma das servas que prontamente a atende a conduzindo até os cômodos do faraó.

- Minha majestade - Sabine tenta falar com a ruiva, mas, logo são interrompidas.

- Onde posso deixar os presentes do faraó? É o enxoval da rainha - um soldado com um sorriso estranho no rosto indaga para Yunet que estava mais perdida que a maioria delas, mostrando os cinco enormes baús para ela.

- O deixe aí e vá embora - Yunet afirma irritada, mas, logo as servas se colocam à levá-los para dentro do palácio.

- Majestade - Nefertite pega o papiro da mão de Corini.

- Podem ir, queridas, eu vou ficar...bem - a ruiva as pede, elas protestam - por favor, me deixem só - Nefertite deixa que suas lágrimas escorram de seus olhos verdes.

Todas se retiram, ela estava sozinha e cedendo ao chão, ela lê o conteúdo do papiro, o casamento deles que a tornava a Grande Rainha do Egito, Nefertite chorava, com ruidosos gemidos de desespero, ela chorava tanto que seus olhos não conseguiam se abrir, apenas lágrimas.

Todas as coisas, todos os carinhos, todos os "eu te amo", tudo...tudo uma grande mentira, ela o amava, o amava tanto...por que? Por que ela pensou que seria diferente? Por que pensou que seria a única?

Por que ele não se sentia como ela? Ele conseguia dormir sem ela, conseguia respirar sem ela, conseguia sorrir sem ela, porque para Hope parecia que nunca haveria um dia ensolarado sem ele, que nunca mais seria feliz sem ele, que morreria sem ele...ela estava tão morta sem ele, como? Como ele conseguiu se casar com outra enquanto ela morria por ele? Rezava por ele? Brigava por ele? Ela não tinha nada, ela tinha apenas ele...então...

Hope chorava encolhida no canto mais escuro da entrada do palácio, tremendo e com dor, a dor em seu peito a dilacerava, ela havia sido traída, e aquilo era tão desesperador dentro de si, que nem mesmo os crucios e torturas de Bellatrix doeram tanto, doía porque ela não estava quebrada, Nefertite estava destruída, completamente destruída por aquele em que mais amou em sua vida.

Ele havia reconstruído sua autossuficiência, para então reduzi-las ao pó em apenas um ato, em um só momento.

Dor...apenas dor •

• Beijos da mamãe •

A Alma do Faraó - Tom RiddleWhere stories live. Discover now