Quadragésimo Quinto

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• Olá olá, cobrinhas •

• Boa leitura •

- Você é Anúbis - a ruiva sussurra encantada - mas, por quê está aqui? Por quê está me guiando até aqui? - Nefertite sorri ao abraçar a sua estátua, lágrimas em seus olhos, seu Ramsés, seu amável Ramsés, era todo dela, ela sabia...sabia que ele não a traíra, ele fez tudo para ela, quem um dia a amaria como ele a amou? Ninguém, ninguém a amaria como ele a amou, ele era uma parte dela que nunca se apagaria, a chama do amor perpétuo, que os mantém acesos...ah Ramsés, quem me amaria como você o fez?

- Olhe seu templo primeiro, ele se dedicou muito para que cada detalhe fosse moldado com perfeição - o Deus a instruí, Nefertite já não estava mais lá quando o mesmo finalizara sua fala.

Dentro do templo havia velas, muitas velas extremamente cheirosas que davam um ar esplendido ao templo, como se fosse trocada recentemente, Nefertite acendeu todas com um aceno de sua mão, ela sorriu emocionada ao ver rosas de ouro no chão, como um jardim de rosas banhadas à ouro, a guiavam até um altar branco desenhado com os seus hieróglifos de rosas, em cima do mesmo estava um papiro, Hope o abrira para o ler, emocionada, ela estava assustada, o papiro em que abrira era um documento.

- Declaro Nefertite, minha esposa real, por direito em seu tempo séculos à frente, assumir seu posto como rainha das terras do Egito, das terras do qual possuo, do meu tesouro, de meu sarcófago e de tudo em que suas mãos tocarem em minhas terras - Nefertite chorava emocionada - tal como minha alma, presa dentro desse templo, a alma da qual nunca me pertencera, pois minha...minha verdadeira alma se encontra dentro de seu bondoso coração - a ruiva abraça aquele papiro como se fosse seu ar - Ramsés, eu não posso ser rainha - ela derramava suas lágrimas - meu faraó não está, como posso estar sem meu esposo real? -sussurrando ela sentia seu coração se apertar.

Ao abrir uma falsa parte do altar, um baú sobe até suas mãos, ela que tremendo o abre, encontra alí o seu anel, peridoto e sangue se misturavam em uma delicada rosa brilhante, ela o coloca em seu dedo, seu Ramsés, um beijo sobre o seu anel, ela logo nota que havia algo a mais, retirando a caixa delicada, ela logo pega outra maior, a abrindo, seu coração pulsa dolorosamente, era uma coroa, uma delicada coroa, faraós usavam cocares, não existia coroa.

Mas, a coroa em suas mão era esplendida e pedras brilhosas em vermelho adornavam suas rosas desenhadas...não era rubi...era sangue, a coloração, Ramsés dera o seu sangue para lhe fazer aquela coroa.

A colocando em sua cabeça, Nefertite, derramava suas lágrimas de amor, ele fez tudo aquilo para o seu casamento, ainda tinha o vestido, um lindo vestido feito de um tecido tão suave que nem sequer a própria seda se comparava à algo assim, era vermelho, longo e com um decote que ia até os seus seios, moldando sua cintura e esvoaçando sem exageros em sua saia, lindo à um estilo egípcio.

Sem se importar com sua nudez, ela retirou seu vestido branco, colocando seu vestido vermelho escuro, havia também um corset feito em ouro puro que se agarrou ao corpo de Nefertite, ela tinha o vestido perfeito, a coroa e o anel...a ruiva chorou, ah Ramsés, você para sempre estará seguro em meu coração, eu serei eternamente a sua noiva.

- Você ficou tão bela quanto ele imaginou - Anúbis se aproximou da mesma, ela sorri nostálgica.

- Ele me conhecia como ninguém - ela o respondeu com carinho, e ele acenou com a sua cabeça.

- Nefertite, você viu o quanto Ramsés a queria, e a queria muito, a ponto de morrer pelo seu amor - Anúbis afirmava aquelas verdades da qual Nefertite assentia tristemente com sua cabeça - mas, o que você não sabe, é que na verdade, ele era filho de Seth, com uma mulher humana - o sorriso dela fora instantâneo, era óbvio que ela sabia, ele era perfeito - assim como você não é filha de Lilian e James, você é filha de Néftis e um humano - Nefertite, encarava seus dedos, nervosa...ela...não era quem...ela não era - você foi substituída, a lançaram séculos à frente para esconde-la, você entendeu o que você e ele tem em comum, vocês são, assim como seus pais, almas gêmeas, não se ocorre naturalmente, mas, o amor que ambos sentiam passaram para vocês e assim como seus pais, vocês morrem se forem separados...assim como Ramsés morreu...Néftis me mandou aqui, procurar a minha irmã - ele sorri minimamente - ela a ama muito, sempre a amou...mas, Nefertite, não possuo o poder necessário para leva-la de volta, porque não sou uma alma, sou um ser, no entanto, tem alguém em que verdadeiramente pode leva-la, essa a troca em que o tempo pede, uma alma pela outra e assim a substituição será feita - o Deus continuava a dizer enquanto a chama da euforia consumia Nefertite, ela poderia voltar, ela poderia...ela poderia, seu coração batia tanto que a mesma se apoio no ser para se acalmar - você vai terminar essa jornada sozinha, querida irmã - ele sorri ao dar um beijinho sobre a fronte da mulher confusa, ela estava sozinha.

Se sentindo confusa, as velas se apagam todas de uma vez, algo passara em suas pernas a derrubando ao chão, ela não entendia o que estava acontecendo, mãos em seu cabelo o puxando, ela sente dor, mas, nada o diz.

- Se eu cortar o seu cabelo, você me perdoaria? - uma voz gananciosa indagava enquanto Nefertite não compreende até não sentir mais os seus cabelos...ela...ela não tinha mais cabelos.

- E-eu...sim, cabelos crescem novamente - ela sorria ao se recordar de Ramsés a dizendo de que para ele, ela seria linda até mesmo sem seus cabelos.

- Se eu arranca-se suas vestes, você me perdoaria? - a voz feminina, em um segundo, Nefertite se sentia nua, o que estava acontecendo?

- Ora, eu posso encontrar outra, eu a perdoo - Nefertite a responde sem compreender.

- Se eu pisasse em você - ela foi jogada ao chão, suas costas sofriam de uma pressão - você me perdoaria? - a mulher questiona enquanto Nefertite tentava respirar.

- E..eu...sim, perdoo, só irá doer pelo tempo em que durar - a ruiva responde uma outra vez e então tudo se desfaz, as velas se acendem e ela estava intacta novamente.

- Me perdoe, Nefertite - uma voz chorosa a pede perdão ao longe, ela não consegue a ver de imediato, mas, em um instante, ali estava, Kia - me perdoe por tudo o que lhe causei, eu...eu só...eu fui cruel...eu...pensei que teria palavras para lhe dizer - ela estava ali, a Kia que a maltratara por dez dias seguidos - eu não consigo medir o tamanho da minha culpa, me perdoe - a mulher chorava e Nefertite sorri, bom, ela já havia passado por tantas coisas...tantas pessoas.

- Está tudo bem, Kia, você era uma princesa assustada, que não queria ser uma escrava...você não precisa se explicar mais, eu já chorei muito hoje, está perdoada, não precisa chorar, sim? - Nefertite sorri para a mulher ao tentar se aproximar, não havia nada, apenas um espectro, ela era uma alma aprisionada no tempo.

- Você...está me perdoando? Mas, eu nem...me humilhei - a mulher indaga confusa.

- Não precisa se humilhar, parece que seu caminho até aqui já fora ruim o suficiente - Nefertite sorria amável, ela era uma princesa e virou uma escrava de guerra, Yunet também era uma escrava de guerra, mas, uma pessoa não era igual a outra, Kia era uma herdeira do trono, perder anos de formação é quase como se, perdesse à si mesma.

- Céus, você é incrível, o faraó...era completamente louco por você, e você sabe disso, ele nunca...olharia para outra mulher, nunca - Kia alega algo do qual ela já tinha a plena certeza.

- Sim, ele é o meu amor -  Nefertite sorria apaixonada - e...você poderia me levar de volta para ele? - o pedido da ruiva soara desesperado, ela verdadeiramente queria voltar com todas as suas forças.

- Sim, você não precisa me pedir por isso, rainha, eu devo à você - Kia a estende sua mão e Nefertite se aproxima, inexplicavelmente conseguindo a segurar.

- Eu...lamento pelo que Ramsés a fez, todos merecemos uma segunda chance - Nefertite sorria e Kia nega com a cabeça...ela sabia o homem que tinha, Nefertite sabia que Ramsés não deixava nenhum ponto sem um nó, ou sem destroça-lo e ela sentia que Kia fora destroçada pelo furioso Ramsés.

- Eu terei uma chance, eu finalmente poderei descansar a minha alma, o que passou, já não conta mais - Kia sorria abertamente para a mulher - feche os olhos, rainha do Egito - ela a instrui e Nefertite prontamente o faz o que fora pedido.

Fechando seus olhos, as mãos de Nefertite tremiam, seu coração pulsando dolorosamente e seus lábios estavam secos, ela estava nervosa, completamente nervosa com o que o destino a reservava.

• Uhul, Ramsés, a Nefertite está chegando •

• Beijos da mamãe •

A Alma do Faraó - Tom RiddleWhere stories live. Discover now