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Duas semanas se passaram desde minha conversa com meus pais. Fiquei noites em claro tentando diregir as mais novas mudanças que enfrentaria. Orei bastante e Deus, como sempre, falou muito ao meu coração. Em uma noite em que eu só sabia me lamentar pela doença do meu avô e possíveis mudanças a serem enfrentadas, abri minha Biblía "por acaso" em Eclesiastes 7:10. Eu precisava seguir em frente e confiar em Deus apesar das adversidades. Na verdade, principalmente nas adversidades.
Por isso hoje estou aqui prestes a entrar em uma sala e convencer uma mulher que não me conhece que estou apta a estudar nessa instituição de ensino. Achei que seria mais fácil. Fazer uma provinha e aguardar pelo resultado. Como sou tola. Não dá mais tempo para fazer o vestibular da faculdade, então o que me resta é que meu tio consiga usar sua influência para fazer minha matrícula ainda para esse semestre.
Tio Fábio de cinco em cinco minutos ajeita sua gravata enquanto eu cruzo minhas pernas sem parar. Até que uma mulher diz que chegou nossa vez. Me levanto, aliso minha saia que faz com que eu pareça uma garota responsável e executiva e entro com meu tio.
Atrás da mesa encontra-se uma senhora com cabelos grisalhos, óculos no nariz e cordão de pérola. É impressão minha ou era requisito para ser diretor ter essa aparência? Só faltava a verruga...Ops, acabei de encontrar. Bem no canto do nariz!

- Sejam bem-vindos a "Uesa". Universidade Especial Santista. Senhor Fábio, que prazer revê-lo.

Ambos apertaram as mãos em um gesto educado, enquanto fiquei ali parada com um sorriso congelado no rosto.

- Essa é minha sobrinha de quem lhe falei.

- Claro! Sentem-se.

A mulher me analisou de cima a baixo e confesso que seu olhar me causou arrepios.

- Bom, minha sobrinha passou para uma excelente faculdade no Rio de Janeiro. Porém, por problemas familiares, ela terá que transferir seus estudos para Santos.

- Entendo. - Disse ainda me encarando. - Qual era o curso escolhido por ela?

- Direito. - Falei. Não queria ficar que nem uma mosca morta na sala enquanto outros falavam sobre minha vida. Achei essa a oportunidade perfeita para falar.

- Bom, temos sim algumas vagas. E pelo que estou olhando, suas notas excelentes lhe garantem um lugar entre nós.

Eu nao costumo julgar as pessoas. Longe disso! Mas essa mulher me lançou um sorriso mais falso e medonho do que o do gato de Alice no país das maravilhas. Mas podia ser só impressão minha...

****

A faculdade iria começar na segunda e por essa razão, Luíza decidiu acordar cedo e me arrastar com ela para o salão fazer as unhas e sobrancelha. Me vesti com uma calça comprida preta e uma blusa de mangas clara de crochê. Meu tio nos deixou de carro na porta do salão antes de ir trabalhar e entregou um cartão de crédito nas mãos de Luíza para que arcássemos com os custos. Meus pais haviam aberto uma conta para mim no banco assim que viajei para a África. Mesmo estando na casa do meu tio, eles depositavam todo mês uma mesada para que eu pudesse arcar com meus próprios custos sem sobrecarregá-lo. Mas era bem difícil fazer isso, já que ele insistia em nunca me deixar pagar nada. Pelo menos meus gastos em alimentação na faculdade eu mesma conseguiria pagar, afinal ele não estaria por perto.
Entramos no grande salão de beleza. Haviam papéis de parede de zebrinha e o resto do salão era todo decorado em roxo, branco e preto. Haviam um lustre luxuoso no teto do local e em volta dos espelhos haviam lâmpadas como se fossem um daqueles espelhos de camarim. As cortinas eram roxas e todo o lugar tinha um ar de boutique chique. Uma mulher de cabelo ruivo nos recepcionou.

- Olá, em que posso ajudar? - A mulher falou naquele típico tom de secretária.

- Bom dia, temos horário marcado. Viemos fazer as unhas e sobrancelha.

AmazimaWhere stories live. Discover now