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Assim que paramos em frente ao meu prédio, Daniel olhou para mim e sorriu sem dizer nada.

- Adorei a noite.
Falei com sinceridade. Em parte disse porque era verdade e outra para romper o silêncio.

- A noite foi boa, mas melhor ainda a companhia. E a propósito, estava linda o tempo todo.

Ele falava baixo, quase como um sussurro. E ele fazer isso mais o fato de estar com o rosto tão próximo ao meu, fazia com que ele ficasse mais atraente do que nunca. Diante do elogio, não tive outra saída a não ser sorrir e abaixar levemente a cabeça para tentar esconder meu rubor.

-Então, boa noite.

Falei, porém Daniel não disse uma só palavra. Antes que eu pudesse pensar em sair do carro ele largou o volante e com uma mão acariciou meu rosto. Não fiz menção de afasta-lo então ele começou a aproximar sua cabeça em direção a minha. Sua mão que antes estava em meu rosto, foi parar em minha nuca, me puxando para ele. Então fechou os olhos e tocou seus lábios nos meus. Na verdade, foi mais como um roçar. Pois antes que o beijo se concretizasse, um ser humano louco enfiou a cabeça para dentro do carro e apertou a buzina berrando:

- É perigoso ficar parado há essa hora na rua. Sabiam?! Ainda mais com o vidro aberto, ou melhor, escancarado. Se minha cabeça passou por ela, é claro que ate uma bazuca passa!

Disse ninguém mais ninguém menos do que Filipe, lançando-nos o sorriso mais sínico do mundo. Escancarei a boca enquanto Daniel arregalava os olhos. Susto maior que aquele impossível. Não tive reação, mas Daniel teve:

- Ahn?! O que você está fazendo cara?

Daniel empurrou a cabeça de Filipe para fora do carro. Fiquei vermelha de vergonha e raiva. Me senti pega no flagra, o que me deixou com raiva de mim mesma. Eu não havia feito nada de errado e na verdade, infelizmente, nao tinha acontecido nada!

- Eu vim assistir um filme com o pai da Luísa, ela e o Lucas. Você vem Sara?

O encarei séria e depois olhei em direção a Daniel que estava de cabeça baixa e braços cruzados.

- Acho melhor você ir com ele.

Ele disse com um olhar triste e um sorriso torto de partir o coração. Me inclinei e lhe dei um beijo demorado na bochecha ignorando totalmente a presença repugnante de Filipe.

- Muito obrigada pela noite. Foi tudo maravilhoso.

Daniel sorriu e dessa vez foi um sorriso iluminado. Antes que eu pudesse abrir a porta do carro, Filipe se adiantou e abriu para mim. Enquanto caminhamos até a portaria, Daniel prometeu que me ligaria e arrancou com o carro. Filipe o dirigia um aceno e um sorriso de orelha a orelha que o fazia fechar os olhos. O dei as costas e voei em direção ao elevador do prédio na esperança de que ele não conseguisse me alcançar. Infelizmente meu plano não funcionou.

- Está me seguindo? - Perguntei.

- Bem que você gostaria.

Eu estava cansada de ser educada. Ele já havia passado dos limites. E a raiva momentaneamente tomou conta de mim. Uma pessoa que eu mal conhecia estava fazendo minha vida virar uma bagunça em um curto espaço de tempo e se eu não fizesse algo para impedir que isso continuasse a acontecer, não sei em que situações mais constrangedoras ele poderia me meter.

- Filipe, chega! Estou cansada de você aparecer em todos os lugares em que estou e quando eu menos espero. Ou você para com isso, ou...

Filipe revirou os olhos, me empurrou contra a parede que estava atrás de mim e estendeu os braços para me prender.

- Ou você vai me beijar? Assim como fez com Daniel?

Filipe puxou meu rosto para perto do dele e fez menção de me beijar.
Permaneci com os olhos arregalados e a boca um pouco aberta em sinal de espanto. Enquanto Filipe sussurrou para mim:

- Mas como eu já te disse, eu nunca me interessaria por uma garota como você. E a propósito, sinto muito ter estragado o seu momento com o senhor perfeição.

O elevador abriu e continuei parada onde estava vendo-o sair do elevador calmo como um robô e ir em direção ao corredor do andar de Luísa.

AmazimaTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang