#19:

9.9K 800 200
                                    

Assim que a Lu me perguntou sobre o que tinha acontecido comigo, o clima tinha ficado pesado, a temperatura parecia ter caído dois graus e um silêncio constrangedor tinha se instaurado. Entretanto, agora, ao sair da Cafeteria que logo descobri se chamar Café e Cafuné, me sentia leve novamente. Podia contar com minha prima sempre. Saber que mesmo tendo tantas pessoas que eu amo tão longe, saber que algumas ainda permanecem no alcance de meus braços, perto o suficiente para um abraço, aquece meu coração.

- Ei, Sara! Em que mundo está? Estou te chamando a horas.

- Desculpa irmã, estou viajando mesmo.

- Hm, pensando em que? Detesto quando você não me dá atenção e fica ai, encarando o nada. - Fez biquinho. - Só vou te perdoar porque ultimamente tem me chamado bastante de irmã.

- Oras, é isso que você é para mim. Não vejo nada mais perfeito para nos definir.

Luiza é a pessoa mais chorona do universo. Ok, provavelmente empatando comigo. Seus olhos se encheram de lágrimas apenas com essas singelas palavras. Impossível não amar essa garota. O que seria de mim sem ela? Nos abraçamos fortemente e rimos por sermos tão emotivas.

- Agora chega de besteira e vamos andando para casa. Precisamos nos arrumar. A hora voa!

- Espera. Volta um pouco porque acho que me perdi. Sair para onde?

Antes que ela pudesse responder uma figura alta e loira apareceu. Vestida com um conjuro cinza de moletom e um rayban de madeira mesmo com o dia nublado.

- Sara! Nem consegui te encontrar ontem depois do trote. - Falou Marina, me abraçando calorosamente.

- Bom dia. - Sorriu ao cumprimentar Lu que senti endurecer um pouco em sinal de desconforto ao meu lado.

Eu não estou com raiva da Marina ou algo do tipo. Na visão dela, apenas participou do trote e fez algo divertido. Não é porque penso diferente que deixarei de ser amiga dela. Fora que quem ela beija não é problema meu.

- Verdade, acabei indo embora um pouco antes. Não combino muito com esses tipos de brincadeira.

- Pena, foi divertido depois. Poderia ter sido mais, porém não tivemos tempo para comemorar. A diretora apareceu, vou toda a bagunça, achou um exagero a estrutura que montaram esse ano e nos fizeram limpar tudo. Pensando bem, você deu sorte ao ir embora mais cedo. Te vejo hoje a noite, não é? O Marcus está tão animado! Já até me mandou foto da roupa que vai usar. - Sorriu, mais radiante do que nunca.

- Bom, tenho que ir. Estamos com um pouquinho de pressa. Até.

Me despedi a abraçando e logo em seguida puxei a mão de Luíza em direção ao prédio.

- Como ficou sabendo dessa festa se fomos embora na mesma hora? - Perguntei atônita.

- Celular existe, por mais que você as vezes esqueça. Fora que quando chegou dormiu até o dia seguinte se desligando completamente do mundo a sua volta. A questão é que hoje vai ter festa da faculdade. Depois da semana de trotes sempre rola.

- Eu nem preciso perguntar se você quer ir, não é? - Falei, já prevendo a resposta.

- Eu entendo se, dessa vez, você não quiser ir junto. Sério. Até fico com você. Podemos fazer outra coisa...- Falou com um sorriso que sei que era só para me tranquilizar.

Eu não faria isso com Luíza. Lembro o quão animada ela ficou quando soube que eu ficaria um tempo em sua casa. Deveria ser divertido. Parando para pensar, eu quem estava tornando tudo mais difícil do que deveria ser.

- Nós vamos.

Em resposta Luíza me surpreendeu com um abraço que me fez rir o caminho restante até em casa.

AmazimaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora