#20:

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#20:

Filipe mantinha duas mãos em minha cintura. As minhas se alternavam em seu pescoço e cabelo. Cheguei mais perto para me aprofundar em seu beijo e ele me suspendeu do chão de modo que eu ficasse em cima dos seus pés.

- Vou sujar seu tênis. - Interrompi o contato de nossos lábios para dizer.

- De tudo que você poderia se preocupar agora os meus tênis são mais importantes? - Riu, ainda me segurando e dando um beijo em uma de minhas bochechas.

Ele tinha razão. Não posso me preocupar com isso agora. Não enquanto o Filipe acabou de me beijar.

- O que foi? - Perguntou, talvez sentindo a repentina tensão que emanou de meu corpo.

- Isso me assusta, Filipe. - Confessei, sem conseguir encarar seus olhos.

- A mim também. Mas vamos conseguir lidar com isso, juntos.

Suspendeu meu queixo para que eu o encarasse.

- Como pode me dar a garantia de que hoje está me beijando, mas que amanhã não estará fazendo coisas estúpidas, como por exemplo pedindo para lavar seu tênis que acabei de sujar? Você é inconstante e por algum motivo que desconheço, sinto que é assim especialmente comigo.

Seus olhos me encaravam e vi algo neles que espero nunca mais encontrar. Dor.

- Tem razão. - Rapidamente se recompôs.

- O que? - Perguntei atônita.

- Não posso te garantir absolutamente nada. É melhor nos afastarmos.

Me soltou e desviou o olhar rapidamente de mim. Assim que seus braços já não me envolviam e o calor de seu corpo já não me tocava, senti um vazio e um frio que nunca havia experimentado antes. Parecia que parte do meu mundo havia sido tirado em uma fração de segundo.

- Lucas e Luíza já foram para casa na esperança de que você tivesse pego um táxi e ido embora sozinha. Prometi que se te achasse, a levaria em segurança.

Assenti com a cabeça ainda chocada com o rumo que as coisas tomaram.
Filipe dirigia um carro preto parecido com uma caminhonete, era bem alto e parecia ser maior ainda por dentro. Entrei no banco carona e o caminho todo foi feito em silêncio. Colei meu rosto na janela fria, vendo a paisagem passar rapidamente diante de meus olhos.

Assim que chegamos ao prédio dei um boa noite quase inaudível e já estava desabotoando o cinto de segurança para descer, mas ele em um rápido movimento me puxou pelo braço até que eu estivesse frente a frente com ele novamente. Acariciou meu rosto como tinha feito antes e quando achei que ele iria novamente me beijar, sussurrou:

- Você estava linda essa noite. Ainda está. Boa noite, flor. - Me deu um beijo demorado na testa.

Sai cambaleando do carro e meu coração não parou de acelerar nem quando entrei no prédio e já tinha escutado o som do motor do carro virando no fim da rua. Entrei no elevador e escorreguei na parede até que estivesse sentada no chão frio de mármore. Fechei os olhos e tentei normalizar minha respiração. Meus batimentos cardíacos moviam-se em uma velocidade com certeza considerada fora do normal, minhas mãos suavam apesar de estarem frias como o gelo. Assim que aquela grade caixa, mais conhecida como elevador, parou no andar desejado, levantei, alisei o vestido e encarei meu rosto no espelho atrás de mim. Meus cabelo ainda estava em ordem e a única mudança notável em meu rosto eram o tom de rosa que tinha tomado conta de meu rosto junto com a leve quentura que dele emanava.

Estava sem as chaves então fui obrigada a tocar a campainha e Luíza logo atendeu, vendo de quem se tratava me puxou para dentro e assim que vi sua expressão, soube que levaria uma bronca daquelas.

AmazimaWhere stories live. Discover now