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Essa montanha russa que eu e Filipe estávamos vivendo era culpa nossa. Tanto minha quando dele. A todo o instante ele agia como se escondesse coisas e não estivesse sendo 100% sincero, enquanto eu, deixava minha insegurança dominar e impedir que avançássemos. Éramos fogo e gelo e pra mim, a qualquer momento alguém poderia se machucar.

Quanto mais eu tentava me afastar mais meus pensamentos voavam de encontro ao dono daquele sorriso estonteante e daqueles olhos janela que me permitiam ficar o dia todo olhando dentro. Tentando capturar um resquício que fosse de seus pensamentos.

Era segunda e a semana prometia ser longa e cheia. Agora com o trabalho e a faculdade, eu tinha o dobro de preocupações e apesar do trabalho ser uma boa distração para os meus problemas, eu sentia que trabalhar tão próxima assim do Filipe ainda me causaria problemas. Não que eu acreditasse que ele fosse capaz fe tentar algo ou muito menos eu, mas não sei. Algo dentro de mim dizia que ficar naquela esfera, com aquelas pessoas, não traria coisas boas pra minha vida.

Afastando esses pensamentos pessimistas e instintivos da mente, sai do banho e vesti meus jeans e camiseta. Coloquei a roupa de trabalho na bolsa e encontrei Luiza na cozinha já tomando café.

- Olha quem mais uma vez está atrasada - Falou com ironia, já que todos sabiam que ela era a rainha dos atrasos.

- Toma cuidado, pode ser que eu queira roubar seu posto. - Brinquei e ela mostrou a língua pra mim.

O dia passou depressa. Consegui focar minha atenção na aula e em tudo que o professor falava. Fiz boas anotações, fiz perguntas. A manhã tinha sido bem produtiva. Não vi Filipe em nenhum momento do dia, mas não me preocupei já que o veria no trabalho em breve. Com esse pensamento senti um frio na barriga, nunca sabia o que esperar de nossos encontros. Sempre imprevisível, sempre gerando estragos. A noite em que saímos preencheu minha mente, a forma como rimos no cinema, como ele confiou em mim para contar aquelas coisas sobre a empresa e seu pai, como dançamos e finalmente nosso beijo. Não consigo mensurar em palavras o que sinto quando ele me beija ou simplesmente me toca de uma determinada forma. As coisas entre nós estavam prestes a ficar simples e claras após nossa conversa no carro, até eu agir estranho naquele dia em que ele veio até minha porta. Eu o devia um pedido de desculpas e ao pensar nisso, me encontrei ansiosa para encontrá-lo e resolver as coisas. Terminei de colocar a roupa do trabalho e pedi um táxi na esperança de chegar mais rápido, mas o trânsito não ajudou e ao invés de chegar mais cedo, acabei atrasando. Cheguei esbaforida, já sentando na minha mesa e mexendo em toda a papelada que eu teria que organizar. 

Passei um bom tempo enviando emails, imprimindo boletos, empilhando documentos e os separando por data. Recebi uma mensagem vinda do escritórios dos meus chefes solicitando um café. Para o Sr. Blanc um expresso forte sem açucar e nem adoçante e para o Sr. Ferraz um café com açúcar. Ainda não havia conhecido muito bem o Sr. Ferraz, mas no caso do Sr. Blanc a personalidade azeda combinava com o café, entap por dentro eu torcia para que o Sr. Ferraz fosse mais doce do que meu outro chefe até agora fora.

Bati duas vezes na porta para caso eles nao ouvisse e entrei devagar levando uma bandeja com os cafés. Ambos estavam entretidos no computador, nao alheios a tudo que estava acontecendo ao redor, entao preferi nao interrompe-los em seja la o que estivessem fazendo. Deixei o café e me retirei o mais rapido que pude, mas ao mesmo tempo de forma que eu nao chamasse muita atenção. Ainda nao tinha esbarrado com Filipe e a sniedade ainda me consumia. Assim que fechei a porta atrás de mim voltei para a copa para guarda a bandeja e aproveitar para beber um pouco de água, quando encontrei Karen tomando um café e mexendo em seu celular.

- Oi - Sorri.

- Oi, Sara! Ainda não tinha te visto hoje. Como está? - Retribuiu o sorriso e largou seu celular na mesa de modo que direcionasse todo sua atenção em minha direção.

AmazimaWhere stories live. Discover now