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Voltei.

Com amor,
L.M.

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Assim que me despedi de Filipe, e percebi que ele continuaria a me encarar de modo estranho. Tomei a iniciativa e me retirei da sala.

Encontrei minha prima em seu quarto e Lucas também estava lá. Não quis interromper o beijo que eles compartilhavam, no entanto me deti no batente da porta. Sempre fui independente e nunca  do tipo que se desespera para ter alguém o quanto antes porque acha que precisa de um relacionamento a todo o custo. Mas nesse momento me peguei pensando como seria ter alguém que me ama e está comigo nos momentos bons e principalmente nos ruins. Sai da porta e fui tomar banho, não triste, mas pensativa. Muitos correm atrás de alguém por querer ocupar um vazio dentro de si. Um vazio do tamanho de Deus. Nunca seremos felizes com  alguém se não somos felizes com a imagem que vemos no espelho todas as manhãs. Talvez, nesse momento da minha vida, um relacionamento seja tudo o que eu não quero. Por não estar com cabeça para esse tipo de questão. Mas confesso que ter uma figura tão companheira e amável como Lucas é na vida de minha prima, não seria ruim.

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A tarde voou já que passei estudando. Ou ao menos tentando já que Luiza decidiu arrumar o armário e a cada peça dobrada me chamava para perguntar algo.

- Recebeu alguma ligação sobre algum trabalho?

- Ainda não. - Respondi desanimada.

- Essas coisas demoram, você sabe. - Disse ela, numa falha tentativa de me animar.

- Sim, espero que dê tudo certo. Vamos na igreja hoje, certo?

-Sim, como sempre... - Respondeu confusa. - Por que não iríamos?

- Ah, nada. Gravei um video com o Filipe e...

- Que video? Quando?? - Perguntou Luiza alarmada.

- Não faz essa cara. Não foi nada demais. Gravamos sobre minha experiência em Missões. E bom, o vídeo será transmitido hoje à noite.

- Quando iria me contar? Que incrível! Muito legal da parte dele. Filipe é estranho, sempre surpreende.

- Pois é. Soube hoje, ele veio me contar sobre isso.

- Entendo. Estou ansiosa!

- É, acho que eu também.

Encarei o cadernos mas não lia as palavras que nele estavam. Comecei a morder a borrachinha do lápis enquando pensava acerca do que minha prima tinha dito. Se nem ela que conhecia o Filipe há tanto tempo o entendia, imagina eu que cheguei agora. O jeito seria ignorá-lo em seus dias ruins e lidar civilizadamente com ele em seus dias bons. A cena do beijo invadiu minha mente de forma inesperada. Lembrei de como ele me segurou, de como seu cheiro forte me inundou e de como de repente tudo ficou quente. Assustei-me com o rumo dos meus pensamentos. Aquele dia foi mais confuso do que todos os outros em sua presença. Filipe era uma incógnita que ultimamente permanecia mais tempo do que eu gostaria em meus pensamentos e eu fugiria disso tudo a qualquer custo. Levantei e disse a Luiza que daria uma volta. Essa história do Filipe, dos empregos que não davam uma resposta estavam uma confusão em minha mente e naquele momento tudo que eu queria era um café.

AmazimaWhere stories live. Discover now