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O Quiosque estava lotado. Para ser sincera não sei se chamar aquilo a noite de quiosque, faz jus ao lugar. Não era mais o ambiente clean que eu havia conhecido no outro dia pela manhã. Haviam luzes de diversas cores iluminando todo o ambiente, pessoas sozinhas ou acompanhadas sentadas no bar bebendo drinks coloridos e uma quantidade considerável de pessoas dançando ao som das músicas que o dj tocavam entusiasmado. Todos pareciam se divertir e um clima de romance pairava no ar. Casais conversavam felizes e trocavam carinhos publicamente. Diante daquele festival de amor comecei a me sentir, digamos, desconfortável. Pesqueiro a noite era um ambiente para casais apaixonados ou amantes noturnos em busca de seu par perfeito. Luiza e Lucas eram um casal enquanto eu e Filipe éramos...Bom, um casal de amigos... Espantei o incômodo da minha mente e tratei de não pensar nisso. Não posso começar a dar uma de neurótica agora só pelo que aconteceu com o Daniel. Apenas éramos quatro amigos saindo a noite para se divertir depois de um culto em um sábado a noite. O que poderia dar errado?

Filipe novamente cumprimentou todos os funcionários e dessa vez não me surpreendi com a intimidade com que ele os tratava. Conseguimos ficar em uma parte confortável do ambiente. Filipe o tempo inteiro dispensava as regalias que os funcionários lhe ofereciam, poderíamos ter ficado no melhor lugar, mas humildemente ele recusou.

- Acho legal você não se aproveitar por ser o dono e querer tirar vantagens disso. - Falei para Filipe assim que estávamos sentado em um dos puffes do local.

Filipe arregalou um pouco os olhos, mas logo tratou de se recompor para que eu não notasse. Não sei se o motivo de seu espanto pela surpresa da minha primeira espécie de elogio direcionado a ele ou se ele se surpreendeu pelo fato deu saber que seu pai era o dono do local.

- Essa é uma das poucas coisas da qual ele nao pode me acusar.

Filipe fitava o oceano. Seus olhos não me encarava e eu olhava o seu perfil em busca de algum traço que me fizesse entender sua resposta. Decidi não questioná-lo mais, apesar de não saber sobre quem ele se referia. Ve-lo daquela forma afastou qualquer outro pensamento meu. Ele pela primeira vez desde que nos conhecemos parecia tão magoado, com raiva e até mesmo ferido. Tive vontade de segurar sua mão e dizer que ficaria tudo bem. Antes que eu fizesse alguma tolice do tipo, o mesmo garçom que nos atendeu no outro dia se aproximou impedindo qualquer ação minha da qual eu pudesse me arrepender mais tarde. Filipe mudou rapidamente de expressão. Parecia que nada tinha acontecido e por fim ele estava apresentado Joe a todos.

*****

Conversamos e rimos bastante. Me entrosei no assunto a todo o momento, mas confesso que ainda não tinha esquecido a fala de Filipe.
Começou a tocar uma música que de inicio era calma, mas que dava indícios de que com o passar do tempo cresceria. Lucas convidou Luiza para dançar enquanto sobramos apenas eu e Filipe. Permanecemos em silêncio por apenas alguns minutos até ele fazer o improvável. Me chamar para dançar. Ao olhá-lo pude ver que Filipe não estava se divertindo as minhas custas ou algo assim. Seu olhar era profundo e parecia que ele conseguia penetrar minha alma de uma forma que ninguém jamais conseguiu apenas me encarando daquela maneira tão intima. Novamente tive vontade de desvendar seus mistérios e conseguir ler seus pensamentos que apesar de sempre permanecerem tão ocultos para mim, agora pareciam quase convidativos. Seus olhos estavam cada vez mais negros. E dessa vez eu não quis dizer não ou fugir dali. Permiti que ele pegasse minha mão e seu toque automaticamente fez com que uma onda de calor subisse pela extensão de meu braço. Me guiou até um canto da pista e sustentamos o olhar um do outro o tempo inteiro. A cada investida sua parecia que pedia permissão para fazer o que faria e eu a dava como se aquilo fosse a coisa mais certa do mundo a se fazer. Posicionou suas mãos em minha cintura e a puxou em direção ao seu corpo. Envolvi meus braços em seu pescoço e juntos começamos a nos movimentar ainda sem desgrudar os olhos um do outro. O toque dele foi diferente, ele possuía o melhor cheiro do mundo. Parecia chocolate e isso era de certo modo a cara dele. Seus dedos em mim causavam uma espécie de aquecimento. Me senti quase... Em casa. Filipe me trazia um sentimento de lar inexplicável nunca antes experimentado por mim. Paramos de nos olhar apenas quando pousei meu queixo em seu ombro. Naquele momento não existia vergonha, medo, pensamentos confusos sobre o que estava de fato acontecendo. Éramos eu, ele e a musica nos guiando em um ritmo constante e apaixonante. Seu cheiro e o calor de seu corpo me envolviam a todo instante e por um segundo desejei nunca sair dali. Filipe me girou em um determinado momento da musica e foi impossível não rir. Em resposta ele sorriu de volta e me puxou novamente para seus braços. Aos poucos começou a cantarolar em meu ouvido a canção que estava sendo tocada pelo dj na mesa de som. Me permiti fechar os olhos e absorver cada nota que ele cantava. Sua voz combinava perfeitamente com a canção que nunca mais eu ouviria da mesma forma. Filipe conseguia ser melhor que o próprio cantor da canção. Comecei a rir ao constatar que sua voz fazia cócegas em meu ouvido. Não deu para segurar, juro que tentei

- Do que esta rindo? - Filipe estava mais vermelho do que bumbum de bebê recém nascido.

- Juro que tentei me controlar. Mas voce chegou muito perto! Fez cócegas.

Assim que terminei de falar meu sorriso foi murchando aos poucos. Comecei a pensar que ele brigaria comigo ou voltaria a ser o Filipe ranzinza de sempre. Mas ele novamente me surpreendeu e começou a rir junto comigo. Fazendo vozes engraçadas e comentando sobre pessoas estranhas ao redor.

- Olha aquele casal - Indicou com a cabeça - Eles estão tão grudados que nao sei como ainda nao tropeçaram um no outro.

Ri baixinho com receio de que eles pudessem ouvir.

- Meu Deus! - Exclamou Filipe.

- O que houve? - Me eapantei.

- Se liga na barbicha daquele cara? Ele está balançando ao sol da musica. Deve ter comida da semana passada grudada ali. Nao sei como aquela mulher aguenta. - Falou com uma cara de sofrimento misturada em compaixão pela "pobre mulher".

- Tem gente que gosta. E você tem barba!

- Exatamente, tenho barba e nao uma taturana na cara!

Pronto. Comecei a rir descontroladamente e quando Filipe havia se tocado o quao engraçado era o que ele havia dito, se juntou a mim. Dessa vez acho que o cara ouviu, ele estava com uma cara feia nos encarando e com medo de que a qualquer momento ele pudesse arrumar um escândalo nos afastamos dali. Assim que avistamos Lucas e Luiza uma nova musica começou a tocar. Era animada e dançante como as outras antes da mais lenta. Começamos a dançar livremente como se não houvesse amanhã. E para nós realmente não tinha. Me diverti por mim mesma como a muito tempo não fazia. Meu corpo balançava no ritmo da música, pulei, joguei os braços para o alto e até iniciei danças engraçadas com Filipe. Como eu estava solta e feliz naquele momento. Havia uma lua e um céu estrelado que pareciam sorrir para mim.

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Quem curtiu o capítulo de hoje?? até que o Filipe não é tao ruim assim, né? Segunda tem mais! A cada estrela que vocês me dão meu céu fica mais estrelado. Ahhh, e não esqueçam de comentar se não esqueço de postar hahahaa Amo vocês :)

AmazimaWhere stories live. Discover now