#30:

982 90 15
                                    

O resto da noite seguiu de forma mais tranquila e até mesmo Filipe, que estava mais distante, por fim pareceu relaxar. Todos já estavam indo embora e se despedindo no hall de nosso prédio. Troquei poucas palavras com Filipe, mas não dei tanto valor a isso. Ele deve ter tido algum problema com o pai, se aborrecido. Deveria ter encontrado Marina no elevador e por isso estavam juntos naquele momento na porta. Enquanto Marina também deveria estar com algum problema pessoal, já que estava estranha a um tempinho.

Durante todo o final de semana andei de bicicleta na praia durante as manhãs, fui ao cinema com Luíza e aproveitei para colocar o sono em dia. Estava com cansaço acumulado da semana, então aproveite pra me organizar e não deixar nada acumular. Era domingo quando recebi uma mensagem do Tiago me chamando pra almoçar. Aceitei, apesar de internamente me questionar qual significado esse almoço teria pra ele. Coloquei um vestido longo, confortável e bonito e me maquiei de forma leve. Fiquei esperando no hall de entrada do prédio e quando vi seu carro, caminhei ao seu encontro.

- Boa tarde. - Falei sorridente.

- Boa tarde. Como está? - Perguntou Tiago. Ele vestia uma calça jeans com uma blusa branca de botão. Seus olhos estavam escondidos sobre óculos escuros e seu cheiro de perfume masculino invadia o carro. Um cheiro forte, não era ruim. Mas forte.

- Para onde vamos? - Perguntei assim que terminei de travar o cinto de segurança.

- Tem um restaurante no shopping do centro que acho que você vai gostar. É de frutos do mar.

Ele parecia animado e sua animação logo me contagiou. Eu gostava de estar com Thiago, era leve, fácil. Fazia com que as preocupações do dia a dia voassem pra longe e não tivessem espaço em minha mente. Com ele eu não sentia que tinha que pensar em casa palavra que em seguida eu iria dizer, eu apenas falava. Deixava as coisas fluirem e elas sempre fluíam para um bom lugar. Nunca para o caos.

O restaurante era enorme. Todo de vidro nos dando uma bela visão da cidade. Era um restaurante chique e agradeci internamente por estar usando um vestido mais arrumado. Meu cabelo também estava em um dia bom, o que tornava tudo mais harmonioso pra mim. Nos sentamos e começamos a olhar o cardápio.

- Você quer um vinho? - Perguntou Tiago, retirando os olhos momentaneamente do cardápio e se dirigindo a mim.

- Uma água com gás e limão pra mim está ótimo. - sorri sem jeito.

Eles fez nossos pedidos e quando o garçom se afastava engatamos em uma conversa.

- Está gostando da empresa? - Perguntou curioso.

- Sim. Sinto que a cada dia me familiarizo mais com minhas funções. Não consigo parar de te agradecer pela oportunidade. Sem você eu não teria conseguido. - Falei com sinceridade.

- Não me agradeça, o mérito é seu. - Falou repousando sua mão por um instante sobre a minha que permanecia na mesa.

- Esse final de ano é uma pouco corrido lá. Com a festa se aproximando tão de pressa.

- Festa? - Perguntei confusa.

- Sim. Esqueci que vocês ainda não foram informados. Teremos uma festa em comemoração aos lucros obtidos esse ano. Conseguimos triplicar a meta e estamos orgulhos disso.

Tiago claramente estava orgulhoso. Eu admirava isso nele. Tanta dedicação e amor pelo trabalho, mas às vezes me perguntava se isso não o consumia e quem ele seria se não o tivesse.

- Que incrível. Fico extremamente feliz por fazer parte desse momento.

- Sei que está longe ainda. - Pigarreou.- Mas gosto de ser um homem prevenido. Gostaria de me acompanhar na festa? - Perguntou claramente ansioso por minha resposta o que fez com que eu automaticamente respondesse sem querer deixá-lo esperando por mais tempo.

- Claro. - Respondi e enquanto encarava o sorriso de Tiago, um sorriso de um outro alguém tomou momentaneamente conta de meus pensamentos.

Deveria ter aceitado?

#####

Na volta pra casa ficamos sm silencio, não um daqueles tipos de silencio aconchegantes e acolhedores. Um silencio um tanto quanto desconfortável, fazendo com que desejasse que chegássemos logo em casa e em seguida me sentindo mal por pensar dessa forma. Não que o almoço não tivesse sido agradável ou que companhia estivesse ruim, mas sentia que Tiago queria mais de mim do que poderia dar e isso internamente me frustrava. Gosto dele, gosto da sua amizade e é só. Penso que se o tópico nós surgir novamente, preciso me posicionar e esclarecer o que somos e até onde chegaremos. Espero que ele não se afaste.

Senti o carro desacelerar e parar no meu prédio. Respeitei aliviada e decidi encarar Tiago

- Obrigada pelo almoço. Foi muito bom.

Respondi sorrindo, levemente desconfortável.

- Também gostei, espero que tenhamos outras oportunidades.

Nos despedimos e respirei cansada já dentro do elevador. Tanta coisa acontecendo de uma hora pra outra, coisas boas e coisas complicadas. A sensação de esgotamento vinha de repente e tudo que eu fazia era tentar esvaziar minha mente e recomeçar. Tudo ficaria bem.

Certo?

AmazimaWhere stories live. Discover now