LIVRO 2 -- CAPÍTULO 7

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Ele não levou Lady Morgana a sério quando ela disse haver sonhado com ele. Julgou ser alguma brincadeira, ainda que ela não fosse dada a isso. Não ousava dar-se tanta importância a ponto de poder figurar num sonho dela. Mas Morgana falava com tal gravidade, mantinha um ar tão digno, que ele viu-se obrigado a acreditar.

Quando ela prosseguiu, confessando o conteúdo do sonho, a surpresa de Arthur só não superou a alegria e comoção de saber que o beijo que haviam trocado também a marcara, não fora ofuscado nem enterrado sob a avalanche dos trágicos acontecimentos. Porém, vê-la aproximar o rosto do dele após a revelação foi tão inesperado que, desprevenido, apenas correspondeu com paixão à carícia, guiado pelos instintos e sem muito pensar.

Sentiu as pernas pesarem. Não conseguiria movê-las, se quisesse sair dali. O que não importava, pois não queria. Com o coração acelerado, sem conseguir elaborar melhor os pensamentos, tudo o que conseguiu foi perguntar, ansioso, "E o que acontecia a seguir?"

"Pousáveis a mão em meu seio," Morgana respondeu com simplicidade, enquanto tomava a mão de Arthur e a conduzia até lá. Ela estava deslumbrante, as faces coloridas pelo rubor e os lábios intumescidos. Quando a tocou, a mão dele tremeu um pouco, mas ele logo lhe empalmou o seio com delicadeza e o acariciou por sobre o tecido. Desde que a conhecera, desejara aquele momento, mas todos os seus poderes como regente de Logres de nada adiantavam para realizá-lo. Este poder, quem o detinha era Lady Morgana, e agora ela concedia seu desejo, como uma fada boa.

"E então," ela continuou, respiração entrecortada, "deitávamos na relva, lado a lado," e tomou a iniciativa de deitar-se, no que foi prontamente imitada pelo rei.

A neblina da manhã a envolvê-los, limitando a visão e fazendo parecer com que além deles nada existisse, a relva úmida e cheirosa em que estavam deitados, tudo contribuía para uma atmosfera onírica, como se estivessem não a algumas poucas centenas de metros do castelo, mas num outro mundo, melhor, mais bonito, um vale encantado de onde Arthur não queria retornar. Onde era solteiro e desimpedido. E Lady Morgana não era sua irmã, nem ele, um rei, mas um homem comum, um simples homem apaixonado.

"Eu demorei a descobrir, milorde, mas vos amo. E nunca antes havia amado um homem. Nem amarei outro depois de vós, disso estou certa!"

A força daquela declaração o emudeceu brevemente, mas logo quis dizer que correspondia, que a amava: ela tinha que saber! Porém suas palavras ficaram em suspenso quando Morgana baixou a parte superior do vestido, expondo os seios nus à sua contemplação. Se Arthur ainda pensava em Camelot, Merlin ou Guinevere, esqueceu-os naquele instante, alumbrado pelo momento sublime. Finalmente pôde ver o que por tantas vezes havia imaginado, e sentir de encontro às palmas de suas mãos o que acabara de sentir sob as camadas de tecido. Beijou-lhe os mamilos rosados: a pele de Lady Morgana recendia às flores silvestres de alguma poção de fada.

Arthur trilhou um caminho de beijos em direção à barriga dela, à medida que delicadamente descia-lhe o vestido até a altura da cintura. Fez em seguida o caminho inverso, subindo do pulso direito até o seu ombro. No percurso, ia soprando bem de leve os pelinhos alourados do braço dela, observando-os se eriçarem. Chegou enfim ao pescoço e parou para admirar o lindo contraste dos longos cabelos negros de Morgana contra o verde esmeraldino da relva em que se espalhavam. Estava agora sobre ela, púbis contra púbis. De repente, sentiu a língua dela em sua orelha, e um arrepio correu seu corpo inteiro. Quando, rijo e ansioso, ouviu-a sussurrar em seu ouvido, com voz suspirosa, "Majestade, eu também quero!" a excitação foi tão forte que chegou a doer.

Apressou-se a livrar-se das próprias roupas. Ao puxar a camisa, o medalhão de Merlin, que passara a trazer ao pescoço desde o desaparecimento do amigo, caiu na grama. As duas estrelas entalhadas no metal prateado pareciam encará-lo, como dois olhos flamejantes e condenatórios. "Mais lágrimas são derramadas pelos desejos atendidos que pelos não realizados," dissera-lhe Merlin certa vez. Bobagem! Jogou as roupas por cima do medalhão, para escapar ao julgamento daquela carantonha. Morgana também deixara o vestido escorregar por completo e o afastara para o lado.

Nus, abraçados na relva aromática daquele vale mágico, cercados de árvores guardiãs a protegê-los, entregaram-se um ao outro.



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