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Lee Shin Eye P.O.V.

Depois daquela noite, eu não conseguia me concentrar em nenhuma tarefa simples.

Eu estava me apaixonando pela encomenda. Não importa a maneira com que eu olhe, parece que me apaixonar é como brincar com fogo.

Mas agora eu estou em um fogo cruzado, não há saída. Estou ciente
que vou me queimar.

Chanyeol prometeu me buscar todos os dias na faculdade, o que só me deixa ansiosa pelo fim de tarde.

Eu tamborilava os dedos sobre meu caderno de brochura enquanto a professora proferia sobre manejo de solos.

Danbi, ao meu lado, conferia seu reflexo no espelho de bolso enquanto seus dedos finos acompanhavam os cachos bem feitos nas pontas do cabelo rubi.

Do meu outro lado, Hyarin dispunha dos seus seios, afim de valorizar seu decote.

Eu só estava ali, com meus curtos cabelos sujos, presos por um lápis, e meu parceiro de vida, o moletom.

Distraída, eu acabo sendo atingida por uma bolinha de papel.

Eu alcanço o objeto, olhando em volta para conferir o remetente.

Youngho acena para mim, totalmente animado por algum motivo. Ele indica para que eu abra a bolinha.

Curiosa, faço como ele pediu, afinal, manejo não era lá meu assunto preferido do curso, de qualquer forma.

Tá animada pra ser a capa da revista mais vista pelos garotos?

Eu sorrio sem mostrar os dentes, rabiscando uma resposta.

A estrela é você, não eu.

Amasso o papel e jogo de volta. A bolinha assume uma trajetória parabólica, atingindo o caderno de Youngho, fechado, assim como o meu, em cima da mesa.

— Hey, quem era aquele cara da moto? — Danbi me cutuca, sorrindo boba.

Eu junto as sobrancelhas, como se não soubesse de quem ela estava se referindo.

— Cara da moto? Quem?

Ela dá um risinho.

— Sabe, aquele garoto alto e bonito que veio te buscar ontem. Vocês estão em algum tipo de relacionamento? — Minha amiga arqueia a sobrancelha, curiosa.

Eu engulo em seco, travando o maxilar.

— A, o Chanyeol? Não, não! Nada a ver! — Nego, sentindo uma pontinha de amargor na minha boca assim que minto. Quem sabe o que Danbi poderia fazer com essa informação?

— Chanyeol... — Ela repete, suspirando como se aquilo lhe desse prazer. — Então esse é o nome dele!

— Por que quer saber? — Questiono, me sentindo curiosa pelo motivo, mas sou interrompida por mais um ataque de bolinhas de papel.

Eu bufo, ouvindo a garota de cabelos ruivos rir ao meu lado enquanto eu abria o bilhete remetido por Youngho.

"Eu posso te buscar na sexta feira, se você quiser. Não sei bem o endereço do lugar onde as fotos vão ser tiradas".

Eu sorrio maliciosa, tendo certeza de que Danbi está lendo minha resposta.

"Não precisa, Chanyeol vai me levar..."

Rabisco.

— Você e Chanyeol são irmãos? São tão parecidos... — Ela observa, sonhadora.

Não sei se posso tomar isso como um elogio ou como ofensa.

— Somos amigos. Melhores amigos. — Afirmo com convicção, me lembrando de todos os momentos que me senti entregue aos seus toques, inebriada por seu perfume hipnotizante.

É... Somos apenas amigos.

Ela se faz de entendida, mas não para se suspirar a cada minuto.

Youngho recebe a mensagem e desiste de me importunar.

Ele é um cara legal e bonito, mas muito persistente.

Chanyeol é o extremo oposto, mas me atrai pela sua insolência.

— Me avisa quando seu amigo chegar. — Ela sorri boba.

É errado sentir vontade de socar ela?

— Aviso sim! — Minto, com um falso sorriso no rosto.

Até parece que eu a deixaria chegar perto da minha encomenda.

|||

O sinal soou, avisando o fim do período letivo.

Eu me obrigava a guardar os materiais rapidamente para ver Chanyeol o mais depressa possível - na verdade, eu só estava com muita fome mesmo, e torcia para que ele me levasse em um restaurante hoje-, então enfiei tudo de qualquer jeito na mochila -que joguei nos ombros-, e corri para fora da sala, atropelando os alunos mais lentos.

Assim que cheguei no estacionamento, o forte cheiro de tabaco invadiu minhas narinas. Era costume fumar naquele recinto, depois de um extenso e cansativo dia letivo, mas naquele dia em questão, podia-se ver várias bitucas de cigarro espalhadas por todo o canto.

Esse odor me faz lembrar da noite anterior, do nosso beijo enquanto eu ainda me recuperava da tontura.

Eu me elevei na ponta dos pés, tentando ter uma visão mais aérea do local, entretanto, não o encontrava naquela multidão de adultos, malucos para voltar para casa.

Entretanto, quando enxerguei aquela cabeleira ruiva de costas, eu tive certeza.

Apertei o passo até os dois. A distância não era tão grande, mas conhecendo Danbi como conheço, sei que poderia dar o bote a qualquer hora e estava receosa por isso, afinal, não conseguiria esconder a expressão no meu rosto e, sinceramente, não queria que o próprio Chanyeol percebesse que me afeta.

Com um passo largo, eu alcanço a posição ao lado de Chanyeol. Ele percebe minha presença quase imediatamente e muda sua atenção da minha amiga para mim.

— Como foi seu dia? — Questiona, depositando um beijo na minha testa, seguido de um sorriso.

— Bastante cansativo. — Admito, recebendo o capacete que ele me oferece.

Danbi limpa a garganta, jogando seus cabelos cor rubi para os ombros.

— Então, posso te ver de novo amanhã? — Ela questiona, me fazendo trincar o maxilar.

Ele dá de ombros.

— Não posso te impedir de me ver, mas não garanto que vou corresponder às suas intenções. — Ele me olha, curvando os lábios. Eu consigo lê-lo como uma revista.

Ele está a rejeitando.

— Contanto que eu possa continuar te vendo, não vejo problema nenhum. — Danbi sorri, passando os braços pelo seu pescoço. Eu permaneço imóvel, tentando não esboçar nenhuma reação.

Chanyeol a empurra levemente, somente o suficiente para afastar o corpo da garota do seu.

— Por favor, não quero intimidade com você. — Ele proclama, e eu quase rio.

— Se você pensa assim... Tchau, Shin Eye, até amanhã. — Ela muda o tom de voz assim que muda o destinatário, tão rápido como um piscar de olhos.

Eu aceno, forçando um sorriso.

Chanyeol me abraça assim que a garota se afasta. Eu sinto seu perfume impregnado em sua camisa tipicamente preta assim que ele acomoda meu rosto contra seu peito. Eu inspiro, guardando na memória a fragrância de madeira que emanava do garoto.

— Sentiu minha falta? — Perguntou.

— Eu nunca vou admitir isso, Park Chanyeol. — Respondo, sorrindo.

Ele eleva meu rosto até o seu, selando nossos lábios apaixonadamente.

— Eu não deixei de pensar em você em nenhum momento desse dia. — Admitiu, revezando seu olhar entre meus olhos e minha boca.

— Que bom. — Respondo, sorrindo marota.

Namorado de aluguelWhere stories live. Discover now