Capítulo 5 - CATARINA

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Estaciono, muito mal por sinal, em frente a uma mansão amarela no bairro da Barra da Tijuca, desligo o GPS e tenho a ligeira impressão de que a tensão na qual me encontrava depois de ter dirigido até aqui jamais passaria. Deus foi bom comigo e não em deixou morrer em um acidente de carro. Amém.

Saio do veículo com as pernas ainda bambas. Remexo na bolsa que Lena me deu e retiro o celular para fotografar a fachada da mansão. Envio para o WhatsApp dela e imediatamente recebo a resposta:

Está de sacanagem? Somos uma revista de celebridades, não de arquitetura!

Ignoro, pondo o celular do Jornal no bolso da calça jeans e o meu celular particular no outro bolso. Coloco a bolsa do jornal dentro da minha, ponho-a no banco de trás e analiso o local. A rua deserta seria perfeita para uma festa escondida, se não fosse pelas luzes piscando por cima do muro e a batida alta tocando algum tipo de música sertaneja. Sei lá!

O que eu faço agora? Céus, me dê uma luz!

Olho de um lado e para o outro, escorada no carro, buscando alguma ideia, mas nada vem a minha cabeça. Bom, se o tal Soares está aí, uma hora ele terá que sair.

Um barulho alto me tira dos pensamentos. Trovão. Olho para o céu e vejo as nuvens pretas carregadas. O dia foi muito quente, então não é de se estranhar que durante a noite o tempo iria mudar. Permaneço próximo ao carro por meia hora e nada. Ninguém entra e ninguém sai.

Em seguida, um pingo enorme cai no meu nariz! Que merda!

A chuva aperta e sem alternativa, entro no carro novamente.

Já era! Eu fracassei. De novo! Fracassei! O que vou falar pra Ana novamente?

A raiva se torna tão grande que começo a bater no volante com toda a fúria do mundo!

Merda de vida! Merda de vida!

Sem conseguir manter o equilíbrio emocional, eu choro. Choro de raiva. Eu estou desistindo, desistindo de uma oportunidade! Mas cadê ela? Eu não sou repórter investigativa, não torno sites de fofocas como meus favoritos no navegador do computador e sempre troco os nomes dos atores! Isso não é para mim! Definitivamente, não é!

Chega!

Coloco a chave na ignição. Não tenho mais nada para fazer aqui. Vou devolver o carro, ir para casa e pedir desculpas ao Leandro e a Aninha por ser uma derrotada.

Giro a chave e, para a minha surpresa, o maldito carro não pega.

— Ah, não, não, não, não!

Não é possível! Muito azar para um dia só! Não!

Tento fazê-lo pegar, mas sem sucesso e recomeço a bater no volante, agora com mais raiva, até três batidas no vidro do carro me fazerem pular de susto.

Em meio ao dilúvio que cai do céu um homem parado ao lado o carro tenta falar algo. Que maravilha!

Agora vou ser assaltada e ainda vou ter uma dívida enorme para pagar esse carro!

Minha vontade é de continuar socando o carro até um milagre acontecer e eu estar em casa abraçando a Ana, mas o homem continua a bater no vidro.

— Ei?

Primeiro olho de soslaio, com um medo absurdo. Depois olho por mais tempo e percebo que, pelo menos, ele não aponta nenhuma arma para mim.

— O quê? — pergunto, ainda com o vidro fechado.

TUDO OU NADADonde viven las historias. Descúbrelo ahora