Capítulo 9 - CATARINA

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O despertador toca insistentemente e a cada toque aperto o botão para adiar.

Após algum tempo, que parecem ser segundos, ouço um berro.

— Acorda, Catarina! — A voz de Leandro entra pelos meus ouvidos.

— Só mais cinco minutinhos — peço, colocando o travesseiro sobre o rosto.

— Mamãe, nós estamos muito atrasadas! — Ana me sacode.

Puta merda!

— É, eu também acabei me atrasando e não vai dar tempo de levar Aninha para escola... acorda! — Leandro avisa.

Como eu queria permanecer aqui, quietinha na minha cama, mas não posso. Céus, eu não posso!

Levanto de uma só vez. Esfrego o rosto e vejo os dois pares de olhos com braços cruzados à minha frente.

— Já acordei, está bem? — digo, retirando o lençol de cima de mim. — O que acha de faltar aula hoje, Aninha? Eu não estou muito bem, acho que foi a chuva que peguei ontem.

— Mãe, eu tenho feira de ciências, esqueceu? — Ana faz careta.

— Às vezes eu acho que está tudo invertido e na verdade você é a filha da Ana! — Leandro fala e olho para ele meio furiosa.

— Não! É claro que não esqueci.

— Bom, o papo está emocionante, mas eu preciso mesmo ir. — diz Leandro, saindo do quarto.

— Leandro! — chamo meu irmão. — Ana, toma um banho rápido, já venho pentear seu cabelo.

Ela assente e sai atrás dele.

— Leandro!

O pego na porta de casa.

— O que foi, Catarina? Estou atrasado.

Leandro, com seus vinte e um anos de idade é apenas quatro anos mais novo do que eu, porém exerceu uma responsabilidade enorme desde que nossos pais morreram e Ana nasceu. Foi ele que segurou as pontas. Leandro tem um coração enorme e tanto eu quanto Ana somos sua prioridade.

Ele se vira na minha direção, prestando atenção. Uma coisa que ele jamais faria era me deixar falando sozinha. Mesmo com tão pouca diferença de idade, Leandro me respeitava.

— O que foi, mana?

— Preciso te contar uma coisa. Fiquei te esperando ontem, mas você chegou tarde.

— Estava com a Carol. Ela estava chateada por eu ter cancelado nosso passeio.

— Desculpe por ter te avisado em cima da hora para ficar com a Ana ontem.

Ele torce a boca.

— Tudo bem, ela entendeu.

— Isso que dá namorar novinha.

— Não é tão novinha assim, vai. Tem dezessete.

— Já te disse para ter cuidado e...

— Usar camisinha! Eu sei, Catarina! Você precisa mesmo ficar repetindo isso toda a vez que falo da Carol?

— Preciso. Tem que ver meu exemplo, ok?

— A Ana foi a melhor coisa que aconteceu — ele diz e me encho de orgulho.

— Foi. Não é isso que estou dizendo. Só quero dizer que você tem um futuro promissor. Sua faculdade está só no início, então, foque nisso.

Ele concorda e me abraça forte.

— Eu te amo, mana.

— Eu também te amo. Eu sei que está atrasado e Ana também, mas preciso te contar que consegui o trabalho.

TUDO OU NADAWhere stories live. Discover now