Capítulo 21 - CATARINA

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Levanto com o relógio marcando às 7 horas da manhã. Não consegui pregar os meus olhos, pois certo comercial de shampoo e outro de uma marca de cuecas insistiam em ficar em looping na minha cabeça. Eu não deveria pensar nele tanto assim, mas a noite de ontem se repete na minha cabeça como uma avalanche, devastando todas as tentativas frustradas de mudar de pensamento. Eu ainda me sentia excitada. Maldito jogadorzinho!

Vou até a cozinha e pego um copo de água gelado.

— Bom dia — diz Leandro com a cara amassada de sono.

— Só se for para você.

Ele para de andar até a direção da geladeira.

— O que aconteceu? Primeiro que vê-la acordada cedo é bem estranho...

— Desculpe. — Vou até o meu irmão e o abraço — Bom dia. Desculpe, eu tive uma péssima noite.

— O encontro não foi bom?

Ontem eu havia contado a ele que tinha um encontro, mas não disse que se tratava do irmão do seu ídolo. Apenas disse que Marlon havia me apresentado a um amigo.

— Foi... não foi... olha, está tudo tão confuso na cabeça que não sei nem categorizar.

— Então deve ter sido péssimo.

Leandro, mesmo sendo mais novo, era um bom ouvinte. Eu costumava contar para ele todos os meus problemas.

Ele pega o recipiente da cafeteira e enche de água, esperando que eu comece a contar o que me aflige.

— O que está pegando? Você não costuma perder o sono com muita frequência.

Eu não perdia o sono. Tinha sono acumulado até para outra vida.

— Problemas, meu irmão. Esse trabalho caiu do céu, mas em compensação está trazendo algumas consequências que me deixaram em uma situação desconfortável, sabe?

Ele aperta alguns botões e a cafeteira começa a funcionar. Ele para, se encostando a pia, e cruza os braços.

— Confio em você, mana. Sei que vai fazer o certo.

Baseado na minha atuação de revirar os olhos ontem, eu iria dizer; mas eu não confio.

— Acho que no fundo sei o que tenho que fazer.

— Então, não perca tempo, resolva logo isso que te perturba.

— Bom dia, mamãe. Bom dia, tio.

Ana entra na cozinha coçando os olhinhos. Ela caminha na minha direção e enlaça minha barriga. Eu agacho e a pego no colo, abraçando-a forte.

— Bom dia, minha princesinha.

— Você chegou tarde ontem.

— Será que a mãe não merece uma folguinha?

Ela sorri. Leandro beija sua testa e me serve um café.

— Mana, será que Ana pode ir comigo e com a minha namorada na Quinta da boa vista?

— Agora?

— Eba! Eu quero, mamãe! Faz tempo que não vou ao zoológico. Quero ver o leão, a girafa, o macaquinho...

— Depois do almoço — diz ele. — Bom, você sabe que demora a chegar de ônibus.

O carro do jornal estava na garagem e por mais que eu quisesse resolver tudo logo, poderia esperar até a tarde.

— Vamos fazer o seguinte: eu deixo vocês lá de carro e depois preciso resolver uma coisa de uma vez por todas lá no trabalho novo.

— Mas hoje é sábado! — exclama Leandro.

TUDO OU NADAWhere stories live. Discover now