Capítulo 15 - CATARINA

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Eu não sei o que deu em mim! Quem ele pensa que é com aqueles músculos, aquele rosto de safado irresistível?

A coisa mais certa a ser feita seria ir correndo agora mesmo para um psiquiatra e tentar obter respostas para essa cena patética.

Ele queria me beijar? A mim?

Não, sua anta! Ele queria mesmo era me chantagear em troca das fotos. Praguejo.

Passo a mão na testa no lado de fora da porta do quarto tentando acalmar minha respiração. Seu toque havia mexido comigo, me deixado completamente...

Recuso-me a continuar com os pensamentos.

— Conseguiu?

Uma das enfermeiras me encontra. A mais assanhada.

— O quê? — pergunto atordoada.

— A foto, autógrafo... o que for!

— Desculpe, eu... eu não... tenho que ir.

A mulher faz cara de decepção.

— Talvez ele precise da minha ajuda, não é? — diz baixinho com cara de quem quer aprontar.

Quase falo que não e que ele está realmente bem demais para o meu gosto.

— É, talvez sim.

Aceno com a cabeça, desencosto da porta e saio para o corredor ao lado.

Eu poderia beijar qualquer um que apareceria na minha frente. Menos ele! Menos aquele playboyzinho metido à besta.

Encontro Jaime no corredor, de pé, com os braços cruzados. Quando percebe minha presença, abre um sorriso bonito e leva as mãos no bolso da calça jeans.

— Cadê a Ana? — pergunto, vendo que ela não está aqui.

— Ela estava querendo ir ao banheiro e uma das enfermeiras foi ajudá-la. Como foi lá?

— Lá? — Estou aturdida.

— Com Henrique? Olha, ele pode ser bem irritante às vezes. O problema é que já tivemos muitas dores de cabeça por causa das suas... das suas...

— Estripulias sexuais — completo e Jaime olha para baixo e sorri, balançando a cabeça.

— Sim. Isso... ele é muito...

— Infantil — completo novamente e ele cerra os olhos.

— Eu ia dizer intenso, mas isso serve também. Desculpe por ele.

— Eu não vou divulgar as fotos, Jaime. Eu só quero é que ele fique longe de mim e de Ana.

Estou com raiva. Raiva dele, raiva de mim mesma. Eu não entendo. Acho que aquelas enfermeiras loucas me fizeram ficar atordoada, me deixando vê-lo de uma forma diferente, reparando em cada detalhe, cada sorrisinho sarcástico. Aquele sorriso levemente puxado para o lado e uma ligeira covinha no canto da bochecha, cada pinta de galã que exala testosterona...

— Eu entendo — diz Jaime tirando-me dos pensamentos. — Pode deixar que eu irei falar com ele e logo isso terá fim.

— É só isso que quero. — Dou um sorriso e estendo minha mão para cumprimentá-lo antes de sair.

Jaime aperta suavemente.

— Aliás, Catarina, antes de você ir — ele arranha a garganta. — Posso te fazer uma pergunta meio indiscreta?

Franzo o cenho, mas concordo.

— Você é casada... ou comprometida?

Eu quase rio. Era uma pergunta hilária. Nunca fui casada e nem comprometida. Soava até comovente demais.

TUDO OU NADAWhere stories live. Discover now