Abro meus olhos e destravo meu celular para ver que horas são: 5 horas da manhã. 5 horas? O sol nem nasceu.
Sem sono, resolvo tomar um banho e começar a preparar o lanche da Ana para a escola.
— Bom dia — diz Leandro, entrando na cozinha e me dando um beijo na minha testa.
— Bom dia, mano.
— Tinha pulga na sua cama? — pergunta, rindo.
— Não.
— Você sendo a primeira a acordar nessa casa é estranho.
— Perdi o sono — Sento na pequena mesa e ele começa a cortar o pão e a pôr margarina. — E você? Não é cedo demais também?
— Sim, mas tenho prova a semana toda. São as últimas provas do semestre e esse é o único horário que tenho — torce a boca.
Sorrio para ele. Sinto muito orgulho do meu irmão. Eu sabia o quanto ele levava a sério os seus estudos e quanto o tempo dele era escasso.
— Algum problema no trabalho?
Sua pergunta me faz viajar. Não era no trabalho, não mais. Não depois daquela noite com Henrique. Eu já havia decidido contar para Leandro. Precisava contar a ele que o nosso maior receio iria acontecer e que em breve viveríamos aflitos novamente. Era difícil.
Olho para o meu irmão e meu peito dói. Eu não poderia dar essa notícia para ele. Não agora, enquanto ele está em prova. Eu sabia exatamente o quanto ele iria ficar preocupado.
Leandro, mesmo sendo mais novo, se achava na obrigação de cuidar de mim e da Ana e a notícia iria desestabilizá-lo. Segundo dr. Goulart, provavelmente seria apenas no mês que vem. Até lá, com o dinheiro extra que ganhei do jornal daria para recomeçar em qualquer cidadezinha do Brasil. Essa seria a minha última opção, embora precisasse de um plano B.
— Eu estava precisando mesmo falar com você sem que Ana ouvisse — diz ele. Paro de mastigar e engulo o pão de uma vez.
— O que foi? Aconteceu alguma coisa?
— Ana me contou uma coisa naquela noite que você ficou fora e...
— E...
— E acho que ela anda mentindo demais. Já disse para ela não mentir que é feio.
— O que ela disse, Leandro? — Fico aflita, mas já tinha uma noção do que seria.
— Ela disse que... — Ele sussurra. — Henrique Soares esteve aqui. Aqui em casa! Acredita? Estávamos vendo televisão e passou uma reportagem sobre ele ter ficado internado por causa do camarão no hospital de Caxias. Ainda falou que foi ela que fritou salgadinho da tia Josefa para ele. Olha a imaginação dela! Essa menina!
Ele ri, baixando a cabeça.
— Não é mentira — confirmo e Leandro me olha, arregalando os olhos. Mesmo Ana tendo me desobedecido ao contar sobre Soares, eu não poderia deixá-la passar como mentirosa. Não mesmo.
Agora é a vez dele de parar de mastigar o pão e engolir com dificuldade.
— Soares... Henrique Soares? Não... — diz incrédulo, abrindo um sorriso.
— É sério, mano, ele esteve aqui em casa.
— Você está de saca com a minha cara, só porque sou fã do cara!
— Não estou.
— Então, a Ana não mentiu? Ele comeu o salgado da tia Josefa?
— Comeu.
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TUDO OU NADA
RomanceHenrique Soares é um dos jogadores de futebol mais cobiçados do mundo. Está constantemente na mídia, não apenas pelo seu talento em campo, mas também pelo sex appeal que enlouquece suas fãs. Henrique vive a vida intensamente, aproveitando tudo o que...