31

8.5K 380 11
                                    

MARIA LUISA

Última coisa que eu me lembro é de ter apagado no chão da sala do apartamento do Lucas. Lucas. Esse era o nome dele mesmo?

Olhei pela janela do carro que estávamos e vi uma estrada escura, aparentando estar bem distante de Copacabana, rocinha, Batman...

Batman, foi ele quem se passou na minha cabeça naquele momento. Mas não culpando ele por toda aquela situação, e sim querendo que ele me tirasse dali.
Eu podia orar para Deus me ajudar, mas acreditava que a minha salvação naquele momento seria o homem que eu tenho tentado retirar da minha vida, mas que continua fazendo parte dela de alguma forma.

– Estamos chegando já, loira. - Reconheci a sua voz no banco do passageiro.

Luisa: Lucas? - Minha voz saiu fraca. Minha garganta estava seca. - Me leva de volta. - Pedi e em resposta ouvi sua risada alta.

Franzi a testa e olhei para o lado, estava sentada no meio de dois caras que tinham a cara fechada e nem olhavam em minha direção.

Lucas: Sabia que de onde eu venho, me chamam de Rato? - Aquele nome... Fiquei em silêncio. - Se lembrou né? - Olhou para trás, mas eu não respondi nada.

Meu coração começou a acelerar pensando no que poderia vir pela frente. Mas antes que eu pudesse ficar completamente desesperada e começasse a chorar e gritar ali mesmo, ouvi a sua voz dizendo:

Rato: Põe ela pra dormir, já falou demais. - E logo em seguida minha boca e nariz foram tampados e um cheiro forte invadiu o meu nariz, me deixando tonta e pensando a minha pálpebra.

Minha cabeça tombou para o lado, meu corpo relaxou e tudo escureceu.

[...]

Rato: Pode deixar, quando eu mandar a foto a gente vaza. - Ouvi a sua voz enquanto retomava a minha consciência.

Eu estava deitada, percebi isso quando abri os olhos completamente e olhei ao redor. Percebi também que estava apenas de roupa íntima, com as pernas e braços amarrados.

Apoiei os cotovelos na cama e fiz força para conseguir me sentar, enquanto o Rato adentrava o quarto e me observava.

Rato: Você tem um sono curto, hein? - Sentou do meu lado na cama, na mesma hora me afastei. - Agora você tá com medo né? - Sorriu. - Foi muito bom ouvir os seus gemidos no meu ouvido e ver a sua carinha de prazer... - Passou a mão pela minha coxa nua.

Luisa: Para! - Afastei a minha perna, mas ele apertou a mão e segurou firme, subindo o seu olhar para olhar em meu rosto.

Rato: Fica calma, ainda não vou fazer nada contigo. - Falou sério.

Luisa: E qual o motivo pra você querer fazer algo de ruim comigo? Eu nunca te fiz nada! - Ele sorriu apertando ainda mais a minha coxa. Sua mão era pesada, deixando tudo mais dolorido.

Rato: O seu namoradinho matou o meu pai, sabia? - Falou enquanto observava a careta de dor que se formava em meu rosto. - Não só o meu pai, como a minha mãe também. E em troca de tudo isso, ele se tornou chefe e viveu a vida dele numa boa sem sofrer nenhuma consequência por seus atos. Tô falando isso porque desde de menor eu comecei a atender que qualquer vacilo teu, pode fazer nego por uma arma na sua cabeça querendo te matar! - Aumentou um pouco o tom de voz e soltou a sua mão, quando uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

Rato: Desde de pivete venho tentando bolar uma forma de atingir ele, mas os únicos que sobravam era o Santos e Eduarda que são os amigos, mas não era o bastante. - Negou. - A dor de perder um amigo, não se compara a dor de perder alguém que você ama de verdade. - Sua voz era calma, mas carregava ódio. Ele me olhava nos olhos enquanto falava essas palavras. - Mas eu ainda não acho que ele te ame o bastante... Vocês precisam só de mais um tempinho.

Luisa: Me deixa em paz... - Falei baixo já não aguentando mais aquela situação.

Rato: Hoje, Luisa, eu não vou fazer nada. - Ele se aproximou e passou os dedos pelo meu rosto, em seguida o agarrando com força enquanto sua face estava a centímetros da minha. Eu podia sentir minha respiração se misturar com a sua. - Mas eu quero que tu fique ciente que a gente vai se encontrar de novo, pode ser amanhã ou ano que vem, mas eu vou te procurar... E vou mandar o papo reto pra tu, quando você me ver, pode se preparar pra morrer porque eu vou matar você, seu namorado e todos os seus amigos. - Ele disse tudo isso baixo olhando nos meus olhos, então abaixou o seu olhar para a minha boca. - É uma pena desperdiçar esse rostinho lindo, mas agora querendo ou não, você faz parte de uma vingança. - Se afastou, indo em direção a porta.

Uma lágrima escorreu pelos meus olhos e naquele momento o meu mundo parou. Eu não queria fazer parte disso. Não queria fazer parte de uma vingança, não queria me tornar uma pessoa cuidadosa que tem medo de viver, crescer e aproveitar as coisas da vida. Mas agora, era isso que eu havia me tornado.

Mas era isso o que ele queria, seu objetivo era me deixar com medo de sair até na porta da minha casa.

Os meus preços e pernas começaram a doer, a amarração começou a me incomodar e o meu corpo inteiro esquentou. Estava com raiva.

Luisa: Manipulaçãozinha barata. Aprendeu por vídeo aula no Youtube? - Terei forças para falar, minha voz saiu do fundo da minha garganta com raiva. - Ou melhor, pelo Tiktok? - Ele parou e olhou para trás rindo.

Rato: Ae, pensei que tu fosse mais fraca, mas pelo visto só foi passar uns meses frequentando a comunidade que já tá se achando a Bibi perigosa. - Colocou uma mão na cintura. - Vou te falar só uma coisa, se tu não quiser morrer aqui, hoje, você continua com essas graças. Mandei o papo pra tu numa boa, mas minha paciência é curta. - Apontou o dedo com uma expressão séria.

E então ele saiu do quarto em deixando ali sozinha e em silêncio por alguns minutos. Foi tempo o bastante para que eu deixasse algumas lágrimas escorrerem pelos meus olhos e pensasse em tudo que eu teria que deixar para trás depois de hoje. Faculdade, trabalho, vida social, apartamento... Eu não sabia nem o que fazer. A cada vez que eu pesava mais, o desespero também aumentava.

Quando o Rato voltou, ele parou na minha frente. Estava com um paninho na mão direita, e esticou os lábios em pequeno sorriso de lado olhando novamente para o meu corpo.

Rato: Mais fácil do que fazer você se interessar por mim, foi te enganar. Só precisei cortar o cabelo, pintar,  mudar o meu estilo, fazer mais algumas tatuagens e pronto... Você caiu da meu papo. - Se aproximou ainda mais. - Obrigada por facilitar o meu trabalho loira, se você tivesse me reconhecido antes, tudo sairia do eixo e eu provavelmente teria que ter te matado. - Beijou a minha bochecha e me olhou uma última vez antes de me dar um selinho forçado. - Até a próxima. - Então ele colocou novamente o pano no meu nariz que fez com que eu apagasse.

Lembro de ter sonhado com o Batman, ele me tirava dali e depois cuidava de mim. No sonho também apareceu a minha mãe junto ao meu pai. Eles diziam que tudo ia ficar bem, enquanto me viam chorar me desculpando por tudo.


•••

queria evitar deixar dúvidas de como ela não tinha conseguido reconhecer ele (rato), então como me esqueci de colocar antes, editei e fiz essa pequena alteração

bjss

Nosso Mundo Where stories live. Discover now