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MARIA LUISA

Horas antes do envio da mensagem...

Acordei. Os olhos se arregalando ao recobrar a consciência e notar o que acontecia ao meu redor.

O quarto estava quente, fumaça entrava pela porta entreaberta. Porra, isso era um incêndio?!

Luisa: Pai?! - gritei, saltando da cama. Mas não obtive resposta.

Toquei a maçaneta de ferro, mas me afastei rapidamente soltando um grunhido quando a quentura atingiu a palma da minha mão.

Coloquei o pé entre a fresta da madeira e puxei. A mão indo rapidamente até o nariz quando a fumaça atingiu a minha face, ardendo os meus olhos e descendo pela minha garganta, causando uma sensação de estar sendo queimada de dentro para fora.

Luisa: Mãe?! - chamei, forçando os pulmões. O corpo fora do corredor, olhando para os dois lados.

Ela poderia estar lá embaixo ou em seu quarto.

Meu coração batia fortemente em meu peito e eu mal conseguia respirar enquanto colocava um pé trêmulo atrás do outro, andando lentamente pelo corredor em chamas, em direção ao quarto dos meus pais.

Como isso aconteceu? E por que ninguém veio me acordar? Tudo parecia confuso e irreal. Aquilo não podia ser real. Não. Podia.

Minha garganta queimava juntamente com os meus olhos. Eu queria gritar, mas não conseguia. Queria correr, mas os meus pés só conseguiam se mover lentamente.

Um vazio me preenchia aos poucos e, o sentimento de estar beirando a morte, corria pelas minhas veias cada vez mais rápido. Se alojando.

Enrolei a mão na barra do pijama antes de tocar a maçaneta, desta vez. Apertei, forçando a porta enquanto sentia a quentura através do tecido. A madeira se manteve no lugar, sem abrir ou dar sinais de que o faria. Meu Deus. Estava trancada ou havia emperrado? A essa altura, não importava.

Não desisti. Me posicionei de lado, colocando o ombro esquerdo como se fosse uma espécie de barreira. Respirei fundo, em busca de ar, sufocando na fumaça. Minhas pálpebras pesavam e a fraqueza ganhava força.

Juntei tudo o que havia sobrado em meu sangue e mais uma vez, bati o ombro na porta. Fechei os olhos, caindo quarto a dentro. Me mantive na mesma posição durante alguns instantes, com os olhos fechados e o corpo paralisado.

Mas algo me fez abrir os olhos. O quarto não estava quente e o som da madeira sendo queimada havia cessado. Olhei ao redor, não enxergando nada além de um breu. Ao olhar por cima do ombro, percebi que a porta também havia sumido e o breu tomava conta de seu lugar.

Abri a boca para chamar por meus pais, mas nada saiu.

Apoiei as mãos na madeira e me levantei, olhando para a escuridão em minha frente.

Carla: Luisa? - sua voz curiosa me chamou.

Olhei ao redor a sua procura, mas o som era distante.

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