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Nyx

Acordei no dia seguinte em um dos quartos da Casa do Vento com uma roupa que tinha pego emprestada de Ethan. Mal consegui me lavar antes de cair no sono. Mas os Pesadelos me atingiram durante a noite. A sensação da dor e dos gritos de Catrin que eu senti pelo laço. Ou a imagem daquele soldado segurando a espada em seu pescoço. A imagem das asas destruídas e do cheiro de seu sangue espalhado naquele lugar úmido e terrível.
Eu posso viver mil anos, mas jamais vou me esquecer daquelas imagens.

Me levantei e fui até a sala de jantar. Apenas tia Nestha estava no lugar.

— Bom dia tia. — A cumprimentei com um beijo na bochecha.

— Bom dia Nyx. — Ela respondeu.

— Onde estão os outros? — Perguntei.

— Seus pais, Mor e Emerie voltaram para casa ontem. Seus tios saíram cedo, Cass foi para Illyria dar as notícias sobre os mortos na batalha e Azriel foi junto. Seus primos voltaram para o Acampamento, Ethan quer visitar as famílias dos soldados da sua legião que perderam alguém. Gwyn está no quarto com Catrin, Madja está examindo ela. — Ela respondeu.

— Posso ir lá? — Perguntei.

— Acho que sim. De qualquer forma, você vai ter que esperar e levar Madja de volta a Velaris. Ela só precisa ver Catrin uma vez ao dia, não vai morar aqui. — Tia Nes explicou.

Apenas assenti e fui em direção ao quarto de Catrin. Bati na porta e escutei a voz que reconheci ser de tia Gwyn falando para que eu entrasse. Madja estava trabalhando em Catrin, enquanto tia Gwyn a auxiliava.

— Com licença, bom dia! — Cumprimentei ao entrar no quarto.

— Bom dia Nyx, descansou? — Tia Gwyn perguntou. Ela foi sempre muito preocupada e cuidadosa com todos nós.

— Sim tia, obrigada por perguntar. — Sorri fraco. — Como ela está?

— Bem, o que fizemos ontem Nyx, foi essencial. Acabei de trocar os curativos e ela está reagindo bem. Tem sorte de ter no sangue os poderes de cura rápida dos Illyrianos. — Madja explicou.

Ousei me aproximar mais. O cheiro de Catrin no quarto, me fazia querer ficar mais e mais perto. Parceria que eu tanto quis e amei, mas que não para de ser desgastante desde que descobri.

Quando cheguei a beira da cama, o rosto adormecido de Catrin era lindo. Sereno. Tão diferente daquele rosto vazio e cheio de dor que a encontrei na Corte Primaveril.  As asas estavam repletas dos curativos recém trocados por Madja.

— Ela vai ficar desacordada por muito tempo? — Questionei.

— O tempo necessário para a cicatrização. — Madja respondeu.

— Certo. — Não pude evitar quando minha mão foi até o cabelo de Catrin, a acariciei, toca-la era como uma melodia antiga e bonita. Eu precisava ir para casa. Tinha tanta coisa para fazer, para entender, mas naquele momento eu queria poder deitar ao lado dela e esperar que ela despertasse, demorasse o tanto que fosse. Reuni todo meu bom senso quando me virei até Madja que nos analisava contemplativa.

— Se já estiver pronta Madja, podemos ir. —
Chamei a Curandeira.

— Já sim. Preciso vir aqui todos os dias, o senhor não se incomoda certo? — Ela perguntou.

— De maneira alguma Madja, se eu mesmo não puder, dou um jeito de pedir para alguém trazê-la. — Respondi.

Ela apenas assentiu e disse que iria me esperar do lado de fora.
Fui até Catrin e depositei um beijo em sua testa. Ela iria ficar bem e era isso que importava no momento, era isso que eu queria.

A Corte de Asas e EspadasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora