II - 20

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Ilitia

A viagem feita de navio foi longa.
Os Grão-Senhores haviam deixado que trouxessemos os exércitos que sobraram e que se renderam de volta a Hybern. Os rebeldes, ou foram mortos lá mesmo, ou foram mortos pelo caminho, Kirian fazia questão de eliminá-los pessoalmente, daquelas mortes, eu vi que ele não se ressentia, não se ressentia em matar quem ameaçasse a ínfima esperança de seu reino ser um lugar de paz.

Foi esse o motivo de não termos atravessado diretamente. Verificarmos se haviam traidores e rebeldes, que não aceitavam meu reinado.

Kirian estava sempre ao meu lado. Me apresentou alguns dos homens de confiança, ou pelo menos que demonstraram ser de confiança.

Ele cumpriu o que havia me prometido. Que se eu aceitasse ser a Rainha, ele me ajudaria, em tudo que pudesse e não tocaria no assunto da parceria.

De fato, durante a viagem ele agia mais como o General que era, até mesmo como meu guarda pessoal, mas não como parceiro, apesar de eu notar seu olhar se demorando em mim vez ou outra.

Toda a tripulação sabia da parceria, obviamente, o laço era o motivo de eu agora ser Rainha.

Rainha. Uma palavra absurda para mim ainda.
Eu tinha crescido sabendo que Thalis seria Grão-Senhor um dia, e prometendo a mim mesma que estaria ao seu lado.
E agora aqui etsava eu, deixando Thalis e a Corte que eu tanto amo para ir governar um território que era inimigode todos.
De repente, pareceu a ideia mais estúpida do mundo.

Mas então, a ilha surgiu no horizonte.

Era horrível, mesmo de longe, parecia desprezível.

Kirian se colocou ao meu lado, mantendo uma distância respeitosa como ele sempre fazia.

— Bem vinda ao lar Majestade. — Ele disse, mas não sorria. Talvez Kirian odiasse aquele lugar tanto quanto eu.

Mas havia um sentimento que unia nos dois, talvez unisse mais do que aquele próprio laço entre almas: a vontade, a esperança de transformar aquelas ruínas de desprezo em um lugar de paz. Em um lugar vivo.

Não respondi nada. Não tinha o que responder.

Assim que atracamos no porto, havia uma pequena multidão aglomerada. Eu não sabia o que fazer. Aquilo... era diferente da atenção que eu recebia em Floretta.

Eu apenas acenei aos rostos que eu não conhecia. Tempo... haveria tempo para que eu conhecesse e entendesse aqueles rostos vazios, mas agora... eu definitivamente precisava de um banho. E descanso.

Seguimos até o castelo, acompanhados de metade dos homens de confiança de Kirian, enquanto a outra metade estava fiscalizando os outros soldados e o desembarque.

E aquele Palácio... era horrível. Não tinha outra palavra para definir se não horrível, sombrio. 

E aquele seria seu lar... e faria mudanças assim que possível.

— Vou te levar até um dos quartos, se você quiser. — Kirian ofereceu.

— Tudo bem. — Respondi.

Kirian nos guiou em silêncio pelo corredores. Não fiz reconhecimento do local, outra hora, eu sabia, outra hora.

Ele abriu um quarto que parecia até distante do restante. Era espaçoso, revestido de uma madeira clara com uma janela imensa qua dava vita para o mar revolto. Havia uma grande cama com dossel, uma penteadeira e um armário. Eu tinha poucas roupas que havia trazido do Campo de guerra, Thalis ficaria responsável por enviar as que estavam em Floretta.

A Corte de Asas e EspadasWhere stories live. Discover now