A Corte de Asas e Espadas

II -36

As ruas geladas de Velaris estavam movimentadas devido ao Solstício de Inverno em dois dias.

Junto com a Queda das Estrelas, era a data mais comemorada pelos habitantes da Corte Noturna.

E sem dúvidas, uma das mais especiais para o Círculo Íntimo.
Aniversário da atual e da futura Grã-Senhora.
Duas fêmeas, nascidas na noite mais longa do ano e destinadas a comandar a Corte regida por escuridão e estrelas.

Enrolada em casacos grossos, calças, botas, luvas e uma touca lilás, com um pompom violeta em cima, Layla andava pelas ruas brancas pela neve de mãos dadas com o pai.

Era o segundo Solstício da garotinha. O primeiro, ela tinha alguns meses de vida, mas agora, com mais de um ano de idade, Layla se encantava com as decorações, com a movimentação, com tudo.

Além do mais, ela tinha um quê de independência. Desde que dera os primeiros passos, só aceita ir no colo de alguém quando está muito cansada ou algumas raras exceções.

Nyx se divertia com aquilo. Layla era extremamente parecida com Catrin nesse quesito.

Apesar disso, Layla era extremamente apegada a Nyx. Tanto, que a primeira palavra balbuciada pela garotinha tinha sido algo parecido com "papa" ou "papai".

Nyx quase chorou de alegria ao ouvir. Catrin brincou, reclamando que tinha a carregado por 10 meses para ela falar papai primeiro. Mas Nyx sabia que sua parceira estava emocionada ao ver o quanto a filha deles estava crescendo rapidamente.

Eles então passaram por uma barraca que vendia alguns doces especiais para o Solstício.
Layla imediatamente parou e fixou os olhos no balcão.

Doce, aquela hora da manhã? Catrin o mataria.

— "Boio". — Ela disse apontando para as fatias de bolo de chocolate com cobertura de nozes. — "boio", "boio".

Ele riu, e então se dirigiu a feérica que vendia os doces.

— Bom dia! Por favor, um pedaço do bolo de chocolate. — Nyx disse colocando a mão bolso em busca de algumas moedas para pagar.

— Senhor, não se preocupe. É um presente de Solstício para a Princesa. — Ela ofereceu, sorrindo para Layla.

— Sendo assim, muito obrigado. Feliz Solstício. — Nyx ofereceu.

— Para o Senhor e para toda sua família também. — A mulher respondeu.

Layla saiu saltitante enquanto eles encontraram um banquinho ali perto.
Ele tirou a neve acumulada ali e seu poder fez o favor de secar e aquecer a superfície.
Ele ajudou Layla a se sentar e abriu o pacote do doce. Nyx retirou as luvinhas de lã e as guardou na bolsa para que ela pudesse comer melhor.

— Não conta para sua mãe que eu estou te dando doce a essa hora da manhã. — Nyx brincou com a filha.

Layla deu um sorriso travesso para seu pai e então começou a devorar o bolo.

— Papai, sujo. — Ela disse erguendo as mãozinhas para Nyx depois de ter terminado de comer, seu rostinho também tinha chocolate por todos os lados.

Nyx riu e procurou na pequena bolsa que levava, uma fralda e então limpou o rostinho e então as pequenas mãos de Layla, depois, ele rapidamente recolocou as luvinhas para que ela não sentisse frio.

Ela estava tão fofa encapotada em todas aquelas camadas. Nyx não parava de sorrir ao olhar para ela. Não conseguia se conter, sua garotinha crescia mais a cada dia, e sinceramente? Ele não estava preparado para o dia em que ele não conseguiria mais pegá-la no colo.
E agora, definitivamente ele entendia o comportamento de seu tio Azriel no início da parceria dele com Catrin. Imagine só o dia que alguém chegaria e levaria sua menininha embora? Ah pelos deuses.
Catrin por sua vez, gargalhava toda vez que ele dizia isso para ela, achava graça.