II - 12

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O dia novamente se ergueu sobre o acampamento. Um novo dia, uma nova batalha daquela merda de guerra.
Enquanto Thalis vestia sua armadura dourada, e se enchia de armas ele ainda era capaz de sentir o gosto de Adyra, de ver aqueles olhos violeta o olhando como se ele fosse algo sagrado, o que ele sabia ser replicado com uma intensidade muito maior pelo olhar dele.
E aquela admiração e desejo que ele sentia... ele sabia o que significava, mas não se deixaria sentir. Não em um campo de batalha, não em meio à uma guerra e não sem ela ter percebido. Pois mesmo que tenha sido Adyra a procurá-lo durante as duas vezes que eles estiveram juntos, ele ainda se lembrava daquelas palavras.

Eu jamais vou me esquecer de tudo o que aconteceu, comigo, mas principalmente com Catrin.

Aquele trauma que também envolvia ele. Talvez trepar com ele vez ou outra não a afetasse, mas significar ter algo a mais, um sentimento a mais e algo mais profundo com a pessoa que era tão próxima de quem provocou aquele sofrimento a assustasse e afastasse. E Thalis não queria aquilo. Porque o pouco que ele tinha dela, ainda seria melhor do que não ter nada.

Então o Grão-Senhor da Corte Primaveril deu as primeiras ordens aos seus comandantes e seguiram para a batalha.

.....

Ethan tinha perdido poucos soldados, mas ainda se sentia responsável pela vida de cada um deles. Seu pai disse que era normal sentir-se assim, que mesmo ele, que já havia dirigido diversas batalhas, se sentia assim a cada morte.
Ele prometeu a si mesmo que quando voltasse à Illyria visitaria cada uma daquelas famílias e ajudaria com qualquer coisa que fosse necessária.
Não concertaria, não os traria de volta, mas ele ajudaria com qualquer coisa que pudesse e que eles quisessem.

Dyana tinha dito aquilo a ele enquanto descansavam um pouco em sua tenda na noite anterior, que não era sua culpa, mas tinha certeza que ajudar as famílias poderiam ser alguma coisa, pois quando as fêmeas muitas vezes perdiam maridos e filhos e ficavam sozinhas, as coisas ficavam muito ruins.

Ele deixou aquela calma pré-batalha se instalar nele. Ainda era estranho, mesmo que seu pai tivesse o ensinado sobre tudo aquilo. Então ele começou a dar as ordens para sua legião, junto com Catrin, suas legiões voariam na mesma formação que o dia anterior. E então partiram para cima do exército inimigo.

.....

A batalha era exaustiva, Catrin não tinha dormido direito. Bem, nem ela nem Nyx, mas principalmente ele, parecia ainda estar ligado na batalha. Mas ela não se deu o direito de pensar no cansaço. Ela mal enfiara a adaga no pescoço de um soldado de Hybern enquanto já fincava a espada no peito de um que parecia ser de Rask.

Ela continuou firme enquanto dirigia as fêmeas. Mas aquela batalha, foi diferente do dia anterior. Aquela batalha estava muito mais dura, porque Hybern agora vinha com tudo o que tinha em questão de exército e proteções mágicas que os Grão-Senhores faziam um imenso esforço conjunto para quebrar, mesmo que ela não visse o Rei ou qualquer pessoa de poder ali. Eles ainda estavam ocultos. O que seria deles quando liberassem um poder extremo? Esse pensamento fazia seu sangue gelar.

Foi quando ao seu lado, ela viu uma das fêmeas que ela dirigia ser morta, não era uma das mais íntimas dela, mas mesmo assim ela sentiu. E então aquele macho presunçoso que a matou se inclinou para ela com um sorriso odioso. O último que ele daria. Catrin então posicionou sua espada quando ele a atacou. Espada por espada, ele tinha tirado a vida de uma das suas e ela cobraria a dívida.
O macho era bom, era odiosamente bom, devia ser de uma patente alta. Ele se deliciava com Catrin lutando com ele, sem dúvidas, uma oponente a altura, ele tinha certeza venceria. Mas a batalha cantou para ela. Aquela canção antiga e mortal. Então Catrin cantou de volta e com um um giro rápido, preciso, forte e cruel. Com apenas um movimento ela cortou a cabeça do macho que caiu ainda com aquele sorriso estampado.

A Corte de Asas e EspadasWhere stories live. Discover now