one - the begin

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O Início

Mais um inverno em que eu e Feyre tínhamos que caçar. Comecei a fazer isso quando eu tinha apenas 18 anos, ainda não era extremamente necessário apenas queria aprender, mas meu padrasto sequer impediu. Foi quando eu tinha 19 anos e Feyre 13 que a pobreza finalmente apareceu na nossa porta e não havia mais nada para comermos. Passei um ano inteiro caçando sozinha, fazia na calada da noite para nenhuma das minhas irmãs me seguirem. Foi quando eu estava com 20 anos e Feyre 14 que ela decidiu vir caçar comigo. Insisti para que ela não fosse, ainda era muito nova e não precisava passar por isso, mas ela quis, desde o início, me ajudar. Porque, de acordo com ela, se nosso pai – Feyre adorava incluir eu como filha dele – e nossas irmãs não me ajudavam, ela ajudaria. 


— Não precisa fazer isso, Fey — falei enquanto sentia a pequena atrás de mim, me acompanhando até uma parte mais densa da floresta. — Não quero que tenha que ver isto.

— Me deixe te ajudar, Lay. Depois que papai ficou daquele jeito, duvido que faça algo. E Nestha e Elain... Bem, são Nestha e Elain — responde minha irmã, brincando com as folhas que estavam no chão.

— E você só tem 14 anos! Se eles não podem fazer isso, você muito menos! Não quero estragar a visão que tem das coisas.

— Não vai estragar. Quero aprender! Sei subir em árvores, posso ficar em alguma e te alertar caso vir algo. E ainda consigo ver como você mexe no arco, ou com alguma dessas facas — ela diz apontando a mão para as facas que havia prendido em volta do meu corpo. Usaria elas apenas, e somente, se fosse necessário. 

— Suba logo em alguma das árvores. E não saia de lá até eu chamar, entendido? Se achar que não aguenta feche os olhos e não venha mais comigo. 

Pude notar um olhar de animação nela assim que subiu em uma das árvores. Sabia que Feyre aguentaria, e sabia que ela voltaria no dia seguinte. 

Lembro que conseguimos um dinheiro a mais com um pouco da carne e pele daquela caça. Não deixei as outras saberem, mas comprei alguns potes de tintas e pincéis para ela. Havíamos concordado em contar que achamos na rua, então como Feyre gostava muito de pintar e não aparentava não ter dono, pegámos e trouxemos para casa. Ela pintou qualquer canto possível da casa, e a cômoda de quatro gavetas no nosso quarto ganhou detalhes especiais. Na gaveta de Nestha foi pintado chamas, flores na de Elain, raios de sol na gaveta de Feyre e um céu estrelado na minha.

Sempre contei para ela quando sonhava com céu estrelado e um par de olhos violeta. Não sabia quem era o dono desses olhos que sempre me chamavam atenção, e nem sabia o por quê de eles sempre aparecessem quando eu aparentava estar em perigo e eles sempre me salvavam.

— Melhor parar de devagar em pensamentos, irmã, e se importar no que realmente vale a pena. Comida Feyre sussurra, estava em cima de uma árvore, como nos velhos tempos. A diferença é que agora nós duas tínhamos um arco e facas espalhadas pelo corpo. Quem visse primeiro atirava.

— Engraçadinha. Tenho impressão de que é mais fácil ver de onde esta. Não tem tanta neve e arbustos atrapalhando — bufo em irritação. 

— Não sabia que isso tinha virado uma competição...

Ela para de falar quando escutamos farfalhos vindo dos arbustos. O instinto dominando meu corpo fez com que eu virasse a cabeça na direção do barulho, tentando encontrar algo no meio de toda aquela neve. 

— Consegue ver algo? — sussurro. 

— Sim. Uma corça, não muito grande, mas ainda sim é uma corça.

Corte de Amores e Segredos - Versão AntigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora