De volta à antiga casa, ou inferno
Não esperei uma dispensa de Tamlin quando Rhys sumiu daquela casa. Ajudei Feyre a levantar e continuei abraçada à ela até chegar na porta de seu quarto. Queira levá-la para o meu, queria abraçá-la para sempre; havia sido um choque para mim, mas para Feyre... Não gostava de imaginar como ela se sentiu com Rhysand segurando sua mente, ou vendo Tamlin e Lucien se ajoelharem.
Voltei para meu quarto e tentei tocar alguma coisa, a primeira coisa que veio foi a música que tocava com minha mãe. Logo parei quando percebi.
Havia dado o nome da prometida de Pietro ao Grão-Senhor, à Amarantha. Foi o único nome que me veio a mente e agora o peso da consequência caia sobre meus ombros.
As palavras do Suriel começaram encher minha cabeça depois de tanto tempo em silêncio. Cortes ao norte, Grão-Senhor e herdeiro. Depois de hoje, eu sabia de quem ele se referia – por mais que já soubesse o de Feyre –, Rhysand e Lucien, mas se Amarantha realmente tentasse me caçar... Empurrei para baixo o pensamento e a informação que havia descoberto.
Em algum momento da noite, Lene entrou no meu quarto e avisou-me que Tamlin mandaria eu e Feyre de volta as terras mortais. Amanhã de manhã seríamos levadas de volta para casa. Mas aquilo não era uma casa, e estava longe de ser. Era o verdadeiro inferno. Quando perguntei o porquê, Lene não soube responder; apenas balbuciou algo entre Tamlin ter medo e não consegui proteger.
Não fui jantar e não consegui dormir.
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Acordei na manhã seguinte com uma Lene nervosa e preocupada. Não demorou para ela me colocar dentro de um vestido de camadas de seda e cheio de babados e rendas, que apertava em todos lugares errados; depois das camadas de seda lilás, vinha inúmeras rendas brancas e azuis-claras. Um chapéu de marfim e luvas rendadas brancas terminavam o que deveria ser a nova moda mortal da burguesia.
Não troquei uma palavra com Lene, não lhe dirige o olhar por mais de uma vez. Odiava despedidas, fazia-me lembrar de tudo que eu já havia perdido, e fazia-me lembrar de como não havia conseguindo me despedir do meu pai, do meu irmão e da minha mãe. Me sentia imponente e fraca com despedidas, porque, para mim, eu estaria fugindo. Sempre fugindo.
Vi que Lene abriu e fechou a boca algumas vezes e, antes que ela pudesse falar qualquer coisa, me adiantei.
— Não fale nada. Odeio despedidas. Prometi que tiraria você daqui e estou deixando-a aqui, não mereço um terço da sua compaixão.
Não esperei ela responder e sai do quarto, me encontrei com Feyre no corredor e descemos juntas as escadas. No primeiro andar, Lucien deu um risinho ao nos ver.
— Essas roupas são o suficiente para me convencer de que jamais gostaria de entrar no reino humano.
Não parei para escutar o que Feyre respondeu e segui até a carruagem que nos levaria de volta à casa. Era quase uma piada pensar assim. Duas irmãs que te odeiam e um padrasto que repugna qualquer um como você, aquilo estava longe de ser minha casa.
— É o melhor para ela — sussurrou Tamlin quando entrei na carruagem.
— Convença-a disso — retruquei.
Lucien tentou convencer Tamlin de nos deixar ficar, o que não adiantou. Não olhei para o ruivo, havia prometido algo e estava fugido. Tinha o reencontrado e já estava fugindo novamente.
— Amo você — Tamlin disse a Feyre, e sorriu como se fosse a última vez que fazia tal coisa, e talvez fosse. Feyre não respondeu.
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Corte de Amores e Segredos - Versão Antiga
幻想Quatro irmãs. Duas caçando para sobreviver, duas aproveitando o que tivessem. Uma maldição. Duas delas levadas às terras feéricas. Uma se apaixona pelo Grão-Senhor, outra segue sonhando com as estrelas e belos olhos violetas. Uma montanha. Um Grão-S...