seventeen - a deal, that's all

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Um acordo, isso é tudo

Dois anos desde que minha mãe morreu. Dezessete anos sem meu pai e meu irmão. Primeiros minutos sem Pietro. 

Estava sentada no sofá do chalé com a cabeça entre as mãos, ele havia acabado de sair dizendo que não podíamos continuar juntos; que seu pai estava-o pressionando a se casar e ele não poderia fazer isso comigo, não quando minha família caiu de uma das famílias mais ricas para viver em um chalé na parte mais pobre da vila. Se o pior fosse ele casar as coisas ainda estariam razoáveis, mas o pior era com quem. Paige Clarke. A garota que foi minha amiga por anos, que não me julgava por ser diferente do resto da minha família. 

As palavras dele ainda rondavam minha mente. 

"Não posso contrariá-lo, Lay. Não sabemos quando tudo isso vai passar, e se vai passar. Sabe como meu pai é, ele não vai desistir dessa história de casamento."

"Óbvio que nosso amor é mais forte! Sabe que não vou esquecer de você, mas eu só... não posso. Não agora."

Ele não fez o mínimo esforço para lutar contra os caprichos e ideias do pai, apenas acatou a ideia e veio me contar. Na madrugada do Solstício de Inverno, na madrugada do meu aniversário. E eu o odiava por isso. 

Tudo que ele deixou foi minhas proteções quebradas, precisando de concerto, algumas peças deverias estar perdidas. E eu precisaria achar todas elas, para um dia voltar a ser a Layla que conheciam, e não mais uma garota de coração quebrado. O chalé parecia minha mente, afundado em completo silêncio, e eu só queria estar no mesmo lugar que minha família. Poder abraçar minha mãe e meu pai, deixar um beijo na testa do meu irmão e levá-lo para brincar. 

Passei no quarto do chalé e vi minhas irmãs encolhidas na cama, voltei para a sala e peguei o cobertor que estava usando e coloquei em cima delas, cobrindo-as da melhor forma. Calcei a bota e peguei o arco com a aljava, era madrugada e lá fora estava congelando, mas não conseguiria ficar parada observando a lenha queimar e esperar o dia amanhecer. Não era necessário caçar, mas eu sabia que cedo ou tarde o pouco do dinheiro que ainda tínhamos acabaria e seria necessário. Preferia praticar sem ninguém me observando.

Enquanto adentrava a floresta e abatia alguns esquilos ou coelhos, deixei que minha mente vagasse novamente para as palavras de Pietro. Éramos um completo jogo perdido, desde quando ele começou a acreditar que algo acontecia entre eu e Chester. Mas não foi necessário muito para ele desistir, uma proposta de casamento melhor e dinheiro foi o suficiente. Os Clarke eram ricos e os Archeron havia caído no azar. 

Era isso que acontecia com quem acreditava demais, era isso que acontecia com quem sonhava, era isso que acontecia com quem...


Passamos dois dias na cela, se a contagem de refeições estivessem certas, e em alguns momentos esqueci de pensar no enigma; preocupando-me com a chegada da primeira tarefa. O barulho de alguém batendo na cela fez-me acordar, e quando meus olhos focaram pude ver o feérico de pele vermelha avisando que a lua cheia chegará. Era dia da primeira tarefa. 

«——————⁜—⁜——————»

Fazia dias que estávamos jogadas dentro da cela. Feyre com um pedaço de osso no braço, que infecionava a cada dia que passava, e eu com um rasgo na perna. A primeira tarefa havia passado e tivemos que caçar – fugir – de uma minhoca, conhecida por Middengard. Apenas uma pessoa havia apostado em nós, e Lucien provavelmente estava em um estado deplorável por ter nos ajudado. 

As lembranças do final da tarefa ainda preenchiam minha mente: Feyre jogando um pedaço de osso no vestido branco de Amarantha; eu falando que a alma e o exterior dela agora combinavam, ambos podres e sujos; o brilho nos olhos violetas de Rhysand quando percebeu o que eu e Feyre estávamos fazendo ao nos sujar de lama; o sumiço de Lucien quando saímos do labirinto. 

Corte de Amores e Segredos - Versão AntigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora