bonus - she cannot go

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Ela não pode ir

‗⁂‗‗‗‗⁂‗ Feyre  ‗⁂‗‗‗‗⁂‗

Sentia todo meu corpo doendo, ossos se quebrando um atrás do outro. Meus gritos ecoavam dentro da minha cabeça, mas eu não sabia dizer se eram pela minha dor ou por ver Lay sofrendo; Amarantha estava atacando-a muito mais do que eu. A ferida de Tamlin ainda não havia se fechado e curado e o pensamento de tê-lo machucado quase me deixou em pânico. Quase, porque ver minha irmã morrer aos pouco na minha frente era bem pior. 

A maldição havia acabado, as máscaras que estavam presas nos feéricos da Primaveril agora cobriam o chão, mas os poderes dos Grão-Senhores ainda estava preso e Layla estava sendo encaminhada para a morte; e meus ossos continuavam quebrando, mesmo que devagar.

Um grito pelo nome de Layla soou, mas não consegui registrar de quem era devido a dor que me invadiu. Então, foi a minha vez de gritar; aquele poder que me empurrava para baixo e quebrava tudo por onde passava crescendo cada vez mais. Um grito pelo meu nome dessa vez, não de Tamlin – que continuava ajoelhado e pressionando o ferimento da adaga. 

Eu matei-o

Essas palavras iam e vinham na minha mente, e eu sabia que elas ficariam ali por muito tempo. Iriam atormentar minha noite e meu silêncio, voltariam e ecoariam toda vez que me sentisse um pouco melhor. Da mesma forma que o sangue que escorria pela minha mão e os rostos dos feéricos não me deixariam dormir, ou pintar de novo. Amarantha preparou cada detalhe para que, mesmo se ganhássemos, continuássemos achando que havíamos perdido. Seríamos como uma casca sem alma, vagando por aí até o dia que os santos em que acreditei há muito esquecidos resolvessem me tirar daqui.

Eu matei-o.

Matei Andras e depois mais dois feéricos em Sob a Montanha. E dei uma facada que não estava curando em quem amava. Santo nenhum teria pena de mim para me dar uma morte rápida e sem dor. 

Um vulto ruivo ao meu lado me fez forçar minha mente a voltar para o que estava acontecendo. Amarantha ainda estava andando em direção a Layla, não poderia ser ela aqui, muito menos quando a pessoa começou a lutar com o guarda. 

— Faça suas orações — sussurrou o ruivo antes de fincar a adaga no peito do guarda. 

Mesmo em meu estado deplorável reconheci a voz, e tentei balbuciar o nome de Lucien conforme ele se ajoelhava ao meu lado, mas pensar em fazer esse mínimo movimento já fazia todo meu corpo doer. 

A ferida do meu lado esquerdo foi aos poucos fechando, sendo curada enquanto Lucien mantinha suas mãos em cima dela. 

— Você vai ficar bem — murmurou, mas parecia que ele estava tentando mais convencer a si mesmo. 

Aos poucos a dor ia passando e uma estranha sensação de conforto me preenchia. Uma sensação que apenas acontecia quando estava abraçada com Layla ou quando escutava ela cantando, mas essa mesma sensação me consumiu enquanto Lucien me segurava em seus braços, curando-me devagar e com cuidado. Parecia certo estar ali.

Mas as coisas aconteciam tão rápido que tive que colocar a sensação e esse pensamento de lado para me concentrar no que estava acontecendo. Em um momento, Layla estava jogada no chão e gritando enquanto o poder de Amarantha a acertava seguidas vezes, e no seguinte Rhysand corria até a ruiva com uma adaga na mão. E quando a cabeça dele bateu com força no mármore e sangue começou a escorrer, forcei-me a falar.

Corte de Amores e Segredos - Versão AntigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora