Tudo isso para um enigma
Acordei assustada pela quarta vez no dia desde que jogaram eu e Feyre dentro de uma cela. Os pesadelos haviam parado um pouco na Corte Primaveril, mas agora voltavam com tudo – se devido a Feyre ainda não ter acordado, ou as dores que se acumulavam em cada parte do meu corpo, eu não saberia dizer –. Sentia-me enterrada viva, e lutava com a sensação de imaginar que poderia ser isso mesmo e que, talvez, do meu lado estivesse o corpo de minha família feérica. Ninguém havia aparecido para ajudar, nem Lucien, Lene ou Tamlin – por mais que eu duvidasse que o loiro fosse fazer algo.
Feyre gemeu em protesto enquanto acordava e eu pude soltar um suspiro aliviado. Mesmo sentindo sua respiração e escutando seu coração bater, estava com medo de meus desejos e sentidos falassem mais alto. Seu olho estava inchado e não facilitava a visão das coisas ao redor, mas, quando conseguiu se acostumar com a pouca luz que entrava, começou a tatear o rosto em busca de algo quebrado.
— O nariz — minha voz saiu rouca devido ao pesadelo. Tossi um pouco afim de melhorá-la — Ainda é o mesmo dia, ninguém veio.
Ela apenas confirmou com a cabeça. Se não queria ou não tinha forças para falar, era impossível dizer. Feyre aproximou os joelhos do peito e começou a controlar a respiração, trincando o maxilar quando gritos e súplicas começaram. Era para sermos nós, pensei. E o pensamento de Clare passando por isso foi suficiente para eu me esconder mais nas sombras.
«——————⁜—⁜——————»
O ranger da porta contra a pedra foi o suficiente para acordar Feyre novamente, quem quer que fosse deixou-a entreaberta e não me viu, seguindo direto para minha irmã.
— Feyre? — o sotaque na voz fez eu perceber quem era e pude relaxar pela primeira vez desde que fui jogada ali.
— Lucien? — ela sussurrou, o feno estalando enquanto o ruivo se agachava na frente ela.
— Pelo Caldeirão, você está bem?
— Meu rosto...
Uma luz fraca surgiu ao lado de Lucien e ele chiou enquanto observava o rosto de Feyre.
— Layla...? — ele perguntou ainda olhando para Feyre.
— Aqui — sussurrei. Estava sentada na sombra da parede da porta. O ruivo virou a cabeça e arquejou quando me viu ali, murmurando algo como sempre sorrateira. — Não consegui curá-la.
Ele voltou a olhar para Feyre e observar melhor os machucados, principalmente o nariz quebrado.
— Perderam a cabeça? O que estão fazendo aqui?
— Voltamos para a mansão... Alis nos contou... nos contou sobre a maldição, e não podiamos deixar que Amarantha...
— Vocês não deveriam ter vindo — interrompeu ele, em tom afiado. — Não era para estarem aqui. Não entende o que ele sacrificou para libertá-la, Feyre? Como pôde ser tão tola?
— Lucien, chega — interrompi, antes que Feyre mandasse, educadamente, ele ir se foder. — Cure o nariz, pelo menos. Acho que não quebrei nada. — No fundo, eu sabia como essa situação doía para ele. Ver a parceira num lugar como esse e com uma promessa de morte a qualquer hora não era exatamente bonito. Se Feyre morresse, e peço à Mãe para que não, a dor de Lucien seria absurda.
O ruivo olhou por cima do ombro, verificando a porta, antes de voltar-se para Feyre.
— Os guardas estavam bêbados, mas seus substitutos vão chegar em breve. — Ele observou o nariz de Fey de novo antes de tocar levemente. — Vou precisar colocar no lugar antes de poder curá-lo.
ESTÁ A LER
Corte de Amores e Segredos - Versão Antiga
FantasyQuatro irmãs. Duas caçando para sobreviver, duas aproveitando o que tivessem. Uma maldição. Duas delas levadas às terras feéricas. Uma se apaixona pelo Grão-Senhor, outra segue sonhando com as estrelas e belos olhos violetas. Uma montanha. Um Grão-S...