bonus - I lost

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Eu perdi

‗⁂‗‗‗‗⁂‗Pietro‗⁂‗‗‗‗⁂‗


Não sei onde estava com a cabeça indo falar com ela. Se havia me ignorado tinha um motivo e, da pior maneira, eu descobri. Ela me odiava. Não havia mais aquele amor ou admiração envolta dela, era o mais puro ódio que a rondava agora.

Mas, ainda assim, fui falar com ela. Meu cérebro já tinha avisado para não fazer quando ela entrou naquele quintal. A cabeça levantada como se carregasse uma coroa, ela definitivamente sabia fazer uma entrada triunfal. Os cochichos começaram, uns surpresos outros distribuindo ódio, mas eu não conseguia fazer nada. Não conseguia desviar o olhar dela. Layla sempre foi bonita, mas ela estava diferente. Se foi por causa do tempo que passou com a tia ou não, não importava. E foi por isso que eu fui falar com ela. Foi por isso que agora estou no meu quarto com uma caixa de fotos no colo. Ou talvez tenha sido porque não suportei ver ela e o Harris dançando, parecendo genuinamente felizes.

Nenhuma explicação que eu desse poderia justificar o que fiz. Ela precisava de mim, mas resolvi seguir o conselho de meu pai e aceitar um casamento idiota. Não seria Layla que estaria no altar, então por que diabos eu havia aceitado? 

Tínhamos dezoito anos, eu era bem capaz de decidir minha própria vida e recusar o casamento. E quem sabe, no futuro, poderia ter me casado com Layla. Poderia ter ajudado durante aqueles oito anos e ela não teria mais que caçar. Suas irmãs voltariam a ter o conforto que mereciam, e talvez Nestha pararia de odiá-la.

Mas aceitei o casamento. Paige ainda tinha dezesseis anos, então resolveram esperar ela completar "idade suficiente para entender as coisas". O casamento estava marcado para daqui um mês, sinceramente, não sei como esperaram tanto. No final, estava sem as duas. Layla me odiava e Paige estava em coma no hospital. E os sentimentos dentro de mim pareciam lutar entre si. Aprendi amar Paige e ela aprendeu me amar, mas ver Layla foi como se uma porta destrancasse e litros de água escorresse; cada gotícula com um sentimento e memória diferente. 

Olhando as inúmeras fotos dentro da caixa, a maioria com Layla, relembrei de anos bons. Quando a mãe dela ainda estava viva e todas as irmãs se amavam. Uma linha do tempo passa pela minha cabeça; quando nos conhecemos no parque; quando viramos melhores amigos e os Archeron's me recebiam de braços abertos na casa deles; quando, com quinze anos, descobrimos algo mais forte que apenas amizade entre nós; e quando as coisas começaram a piorar. Quando liguei para ela bêbado demais para entender o que eu falava e preferi acreditar no que meus amigos falaram sobre ela e o Harris. 

Não fazia sentido revirar essas histórias, porque ela me odiava – com razão – então ter sentido ciúmes dela e do Harris no baile não fazia sentido. A forma como ela jogou as palavras na minha cara, como ela me chamou de amor como se não passasse de um insulto, não deveria ter doído. Porque eu merecia cada faísca de ódio que ela sentia.

Jamais deveria ter largado Layla por capricho do meu pai, porque ele queria um casamento. Na época eu queria apenas a aprovação dele, e cometi erros que não poderiam ser mais consertados. Larguei Layla quando ela precisava e apareci, duas semanas depois, com um pedido de casamento feito e uma prometida.

Guardei a caixa no canto de sempre quando escutei o telefone da casa tocando, cortesia da burguesia. Desci as escadas até a sala e tirei o telefone do gancho, a voz do médico de Paige me fez gelar. 

— Senhor Collin? 

—Sim. O que aconteceu? 

— A Senhorita Clarke acordou. Ainda está com efeitos dos soros, mas chama pelo senhor. — A ansiedade tomou conta de todos meus poros. Paige estava acordada. 

Corte de Amores e Segredos - Versão AntigaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora