six - high lord

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Grão-Senhor

— Ele é assustador. — Afirmo me jogando na cama de Lucien, que senta próximo ao meus pés.

— Não é verdade... — Me levanto sobre os cotovelos e encaro o ruivo com uma sobrancelha erguida. - É apenas o jeito dele, com o tempo se acostuma.

— É possível se acostumar com alguém que fica com as garras a mostra sempre que pode?

— Lay... — Me sento ficando de frente para o mesmo. Lucien tinha a cabeça baixa e os ombros curvados.

— Certo, não falarei mais nada. Mas para isso levanta esse rosto e ajeita sua postura, está me dando nervoso. 

Vaguei meus olhos pelo quarto tentando encontrar alguma coisa que pudesse distraí-lo, mas parecia que armas eram sua única decoração.

— A culpa não é minha que você foi criada igual a uma rainha.

— E você vive com um Grão-Senhor, e é filho de um, por mais que o odeie — sorrio. Lucien rosna, o que me faz sorrir mais.

— O que acha que eles estão fazendo? — o ruivo deita ao meu lado, os braços cruzados atrás da cabeça e os olhos fechados.

— Caçando não é — continuou sentada, encarando o quarto ao redor. — Feyre odeia. E eu odeio mais, não por mim, por ela.

— Como começaram a caçar?

— Necessidade. Sabia que o dinheiro iria acabar, então um ano antes de isso acontecer fui me acostumando com a ideia de caçar. Ia na floresta nos finais de semana, e tentava matar alguma coisa, mostrar para mim mesma que conseguiria — fecho os olhos, impedindo que as lágrimas caíssem. Quando me sinto segura para não chorar os abro novamente. — Chorei durante o primeiro ano inteiro. Minhas irmãs nunca entenderam. 

— Feyre...?

— Achou uma injustiça só eu fazer isso, sendo que a comida era para nós cinco. No começo ela ia escondida, mas sempre a sentia, achei que pararia ao ver como era repugnante. Infelizmente estava errada. Não queria aquela vida para minha irmã caçula, definitivamente não... Sinto tanto!

— Sinto muito, Lay. Gostaria de poder ter ajudado...

— Não era função sua, nem sabia onde eu morava. 

— Poderia ter descoberto, poderia ter feito qualquer coisa...

— Ei! — me viro para olhá-lo. Os olhos ainda fechados, mas a tristeza estava em suas feições. — Não tem problema. Você não tinha como saber. 

Encaro o quarto novamente, dessa vez prestando atenção nos detalhes. 

O quarto era grande, decorado em tons de laranja, vermelho e dourado, leves traços de marrom e dourado. O que deveria ser uma mesa de café ao lado da janela tinha virado uma mesa de trabalho coberta com inúmeras armas, e papéis – talvez mapas. Sua cama também tinha um dossel de madeira escura, diferente do meu e de Feyre que era mais claro. Uma verdadeira floresta no outono.

Resolvo mudar de assunto. Se falasse mais alguma coisa sobre aqueles anos choraria facilmente.

— Se conheço bem minha irmã eles devem estar apenas caminhando pelos corredores, talvez parando em algumas pinturas para que ela possa apreciá-las.

— Feyre gosta de pintar? — Lucien abriu o olho metálico e ficou me encarando.

— Interessado na minha irmã, raposinha? De qualquer jeito, ela é a melhor pintora que eu já conheci, e tem um talento incrível para isso, me sinto mal por não ter feito ela pintar mais. Agora, pare de me encarar com esse olho, ele pode ser maneiro e tudo mais, mas apenas ele é horripilante.

Corte de Amores e Segredos - Versão AntigaWhere stories live. Discover now