four - your majesty

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Sua Majestade

— Não acredito que me arrastou para isso — resmungo pelo que deveria ser a quinta vez em poucos minutos. — Sabe, eu prefiro ficar trancada no quarto que deram para nós. Ou buscando um violino, ou teclado...

— Quieta, Lay! Olhe esse jardim, mas bonito do que qualquer um que já tenha visto. 

— Elain ficaria bastante chateada agora, Fey — paro me sentando em um banco de pedra de frente para minha irmã.

— Bom, ela não tem poder de deixar tudo em uma primavera eterna. — Feyre volta a caminhar, ainda se mantendo onde eu pudesse vê-la. 

— Isso vai me irritar tanto — me levanto e vou de encontro a ela. Enlaço meu braço no seu ao chegar do seu lado. — Gosto muito mais do inverno, por mais que odiasse caçar quando ele chegava. 

Feyre estava para responder quando escutamos sons de passo no cascalho perto do banco em que estávamos. Arrisquei olhar por cima do ombro e ver quem – ou o quê, se fosse mais radical – estava ali, mas o caminho estava vazio. Voltei a olhar para Feyre, no mesmo instante sinto passos atrás de nós. Um farejar e uma risada, baixos, mas estavam ali. 

— É agora que você me deixar correr e voltar para o quarto? — sussurro. Tentando ao máximo não ligar para o brilho prateado que começou a surgir separando em dois. Duas figuras pequenas, não chegariam perto da minha cintura. Mas não poder vê-las, não poder saber o que exatamente eram, isso assustava, e muito. 

Eu era semifeérica. Qualquer coisa usaria meus poderes de água e gelo ao meu favor, mesmo que isso entregasse aos quatro mundos o que eu era. Pela minha proteção e a proteção de Feyre eu usaria. 

— Feyre, Layla! — a voz de Alis atravessou o jardim, fazendo minha irmã dar um pequeno salto por conta do susto. — Almoço, venham! 

Agradeci aos céus por Alis ter nos tirado dali, mesmo que não soubesse disso. E agradeci novamente por lembrar que não teria que comer com Tamlin ou Lucien, porque erámos apenas convidadas para jantar com eles.

«——————⁜—⁜——————»

Logo depois do almoço Lene me avisou que havia conseguindo achar um piano e que não haveria problemas se eu usasse. Passei a tarde no quarto, dedilhando algumas notas e músicas que eu ainda era capaz de lembrar. Meu corpo parecia lembrar todas as danças que minha avó havia ensinado à mim e à Nestha, porque eu mal comecei a tocar e já sentia vontade de dançar por todo o quarto. 

Só voltei a ver Feyre, Lucien e Tamlin no jantar – por mais que cada parte de mim protestasse para apenas ficar na cama e esperar Lene trazer uma bandeja com comida. Jantar esse que talvez tenha sido mais agradável do que o anterior, sem ameaças de morte – por mais que Feyre houvesse roubado uma faca. E era óbvio que Tamlin sabia, mas ainda assim ficou quieto. O quer que estivesse acontecendo, era um jogo extremamente perigoso. 

Suportei Lucien tagarelando sobre o olho de metal mágico – que vinha acompanhado de uma grande cicatriz no seu rosto – e de como ele conseguia enxergar com tal olho por vários minutos. Estava ali a um dia e sentia que já poderia conhecer qualquer coisa que envolvesse o olho, menos como ele o ganhou – o que pode ser considerado uma surpresa, devido ao tanto que o macho falou. 

Enquanto Lucien tagarelava e Feyre roubava a faca, me peguei pensando em como eles ganharam as máscaras e que maldição havia nelas para eles não poderem tirar elas por 49 anos. E de que forma isso podia ter a ver com Feyre, uma humana. Tentei me lembrar das inúmeras lições da minha mãe, mas nada ligava com isso. Não havia nada, estava no escuro e isso me assustava muito.

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