nineteen - balls and wines

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Leiam os comentários finais, tô explicando meu sumiço.  

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Bailes e Vinhos

As refeições que passaram a vir eram quentes e frescas, e viam toda manhã e toda noite. Feyre comia, mas passou a amaldiçoar Rhysand depois de descobrir que nosso bom cuidado vinha por ordens dele. As palavras do enigma já sumiam da minha mente e a única coisa na qual conseguia pensar era em como tiraria Feyre desse lugar no final da terceira tarefa. 

Os dias se passaram, e Lucien ou Lene – até mesmo Rhys – não apareceram. Feyre passava os minutos jogando palavras ofensivas à tatuagem e depois se amaldiçoava por isso, ou amaldiçoava Rhysand. Eu passava o tempo pensando no que havia acontecido no quarto, como de repente não havia nada que pudesse nos matar, como se nossas promessas fossem acontecer, aquela ponte entre nós dois brilhando mais a cada troca de olhar – torcendo para ser liberta. 

— Vai voltar enquanto eu puder te ajudar. — Seus olhos transmitem a mesma dor que a minha, a verdade sendo jogada em nossa cara. — Você sente.

Não era uma pergunta, mas eu respondi do mesmo jeito.

— Sim.

Não tivemos coragem de pronunciar em voz alta o que pensávamos; arriscar tudo, todo disfarce, para dar voz a pensamentos que ambos conheciam era idiota e inconsequente. Não poderíamos dar o luxo de deixar sentimentos falarem mais alto quando todas paredes da montanha tinham ouvidos, quando tudo que a ruiva precisava era uma mera desculpa para nos matar. 

Se a conta de refeições estava certa, havia se passado quatro dias desde o encontro no quarto quando duas Grã-Feéricas – mais parecidas com espectros – surgiram pelas fendas da cela por fiapos de escuridão. Ao mesmo tempo igual e muito diferente de Rhysand, que se solidificou ao entrar na cela; as duas permaneceram no manto de sombras, os vestidos cinza quase sumindo. Elas permaneceram em silêncio quando seguraram eu e Feyre, levando-nos até a porta da cela e depois atravessando por ela – como se nem estivesse ali. 

Da Corte Noturna, definitivamente. 

Feyre e eu permanecemos em silêncio enquanto elas nos guiavam entre corredores e escadarias sujos e mal iluminados, até chegar no quarto quando Fey perguntou, não mais alto que um sussurro, o que estava acontecendo. Apenas dei de ombros antes delas nos darem um bom banho e começarem a pintar, seguindo os padrões da tatuagem, nosso corpo com tinta preta-azulada. Esforcei-me ao máximo para não chutar uma delas, ou para sair dali e me trancar na cela – que parecia bem mais convidativa. 

Do pescoço para cima, eu era a verdadeira rainha que falavam que seria: meu cabelo estava preso em um diadema dourado com pequenas pedras pretas, delineador dourado contornava meus olhos e um tom quase preto de batom cobria meus lábios. O vestido, por outro lado, era algo que as rainhas mortais não usariam, mas os feéricos abraçariam assim que o vissem. Com a gola alta descendo como um colar e separando-se em dois para cobrirem apenas meus seios, deixando os ombros, a costas e todo caminho de minha barriga visíveis, o tecido se encontrava na cintura onde descia em uma saia até meus pés. Um outro tecido fingia ser a manga, caindo por todo meu braço até o chão. 

Enquanto o meu era todo preto, o de Feyre era branco – sua maquiagem também diferente da minha: delineado preto e batom beirando ao bordô –. Mesmo que cobrisse nossos corpos, o tecido era fino o suficiente para a mais fraca brisa nos fazer estremecer. 

Feyre estava quase tirando o vestido, recusando-se a usá-lo, quando a voz de Rhysand soou da porta. Ele estava recostado à parede, os braços cruzados sobre o peito.

Corte de Amores e Segredos - Versão AntigaWhere stories live. Discover now