thirteen - hello, did you miss me?

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Olá, sentiram minha falta? 

O dia do baile em homenagem à minha irmã havia chegado. Eu estava trancada no quarto – como em todos esses dias que passaram –, observando as pessoas se reunindo no quintal. Inúmeras famílias estavam ali e isso me irritava imensamente, porque foram essas mesmas pessoas que viraram as costas quando precisamos. Não percebi uma das criadas entrando no quarto, afinal não faria diferença. Eu não falaria, não sairia da janela e não comeria. 

Tudo nesse lugar me causava repulsa. Meu padrasto e Nestha direcionando ódio à mim. A maneira como eles passaram a ignorar a falta da existência da mamãe. Elain e seu jeito perfeito de ver o mundo. Minha magia consumindo cada parte de mim por passar tanto tempo sem ser usada. O fato de que essa casa era um presente de Tamlin. E minha promessa quebrada. 

— Desculpe-me atrapalhar, senhorita — começou a criada. Ela tinha a pele pálida e olhos castanhos. O cabelo castanho caia por seus ombros. — Mas sua irmã Feyre mandou que eu viesse até aqui e te ajudasse a se arrumar para o baile. 

— Eu não vou — retruquei, ríspida. Mesmo com minha voz rouca por não ser usada a dias. 

— Ela disse que não era para eu sair daqui até você decidir ir. 

— Merda, Feyre — praguejei baixinho. Estava tentada a responder que não iria, que ela poderia ficar ai durante a noite inteira, quando vi William e Nestha aparecendo no quintal. As roupas dignas da burguesia. Elain vinha uns cinco passos atrás e, um pouco mais atrás, estava Feyre. O vestido azul refletindo com os raios de sol que ainda estavam presentes. Não. Eu não daria esse gosto à eles. — Tudo bem. — Me virei para encarar a criada, não conseguia me lembrar de seu nome. — Eu vou. Consegue me arrumar a tempo?

— Claro. Claro que consigo. 

Ela saiu do quarto logo em seguida. Me virei novamente para a janela e observei todos aqueles sorrisos trocados. Uma grande farsa, pensei. Não demorou da criada voltar, em uma das mãos ela segurava o que imaginei ser uma caixa de maquiagem e na outra um cabide com um vestido tampado por uma espécie de capa. 

— Ele é preto. Sua irmã disse que você gostava. 

— Sim. Ela estava certa. 

Não demorou para ela me arrumar. Quando foi-me permitido olhar no espelho, perdi o fôlego. Uma sombra preta contornava meus olhos e meus lábios eram preenchidos por um batom vermelho escuro, quase vinho. Meu cabelo caia na costas em uma cascata de cachos. E o vestido era simplesmente perfeito. Era preto, como ela havia dito, e ia até meus joelhos, o corpete era preenchido por pequenas pedrinhas, fazendo-o brilhar. E a costas era completamente aberta, com apenas as alças cruzando em x. A luva pelo jeito não tinha saído de moda na burguesia, mas, diferente dos outros, eu usava uma preta. 

— Parece uma rainha, se me permite dizer. — A criada disse atrás de mim, juntando os pincéis e escovas. 

— Sim. Uma rainha. — Virei-me para ela e desejei imensamente lembrar-me de seu nome. — Obrigada. 

Estava quase na porta quando a escutei sussurrar. 

— Chloe. — Por cima do ombro vi que ela tinha um sorriso tímido no rosto. Sorri de volta. 

— Nos vemos, Chloe. 

Desci as escadas o mais rápido que os saltos deixaram, as vozes mais altas a cada passo que eu descia. Parei na frente da porta que daria para o quintal dos fundos, todos já estavam distraídos – Elain era a anfitriã que todos adoravam, meu padrasto conversa com algumas famílias, e Feyre estava junto com Nestha que afastava os convidados –. O momento perfeito, pensei. Todos os olhos focariam em mim. 

Corte de Amores e Segredos - Versão AntigaWhere stories live. Discover now