Capítulo 10

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— Como a senhora faz isso comigo? Convida o meu inimigo para jantar?

  Minha mãe levantou a panela e colocou mais tomate no molho.

— Pare com isso. Ele é um homem bonito e gentil. Além de ter um bom emprego. - Deu de ombros.

— Ele tem o meu emprego, mãe. Ele ta querendo me mandar pro Texas.

— Alfonso tem trinta e um anos, uma boa idade para ser pai. Se começar a ter filhos aos quarenta, como essa juventude chata faz, conseguirá curtir e aproveitar os filhos.

— Lá vem a senhora com esse papo de filhos novamente. - Encho minha taça de vinho.

  Sempre me considerei uma pessoa de sorte em relação a minha mãe. Quando estava na escola, sempre vía as minhas colegas falando o quando odiavam ou quantas vezes no dia brigaram com suas mães.

  Mas isso nunca aconteceu comigo, sempre tive uma amizade enorme com a minha mãe, ela sempre foi e sempre será a minha melhor amiga, desde pequena sou assim. Acho que, na verdade, nunca chegamos a brigar de verdade.

  Mas com o passar dos tempos e eu completando os meus 27 anos, ela começou a me encher com esse assunto de filhos. No começo eu concordava, já que estava ainda com Brian. Mas depois da nossa separação, coloquei na minha cabeça que eu nasci para ser só, se a pessoa que era para ser minha alma gêmea me dispensou, era porque o meu karma na vida passada foi horrível e eu merecia a consequência de ser uma eterna solteirona com sete gatos em casa.

— Alfonso não é e jamais será seu futuro genro, mãe. Ele é arrogante, prepotente, nariz em pé, egocêntrico, desenhista de cartoon objetificantes, ladrão de emprego e um pé no saco.

  Minha mãe parou de cortar algo verde, deixou a faca na bancada e me encarou.

— Já eu acho que você está exagerando, meu bem. Ele foi super gentil e dedicado conosco.

  A encarei seria.

— Por Deus mamãe, ele acha que a senhora o convidou para jantar porque está a fim dele.

  Minha mãe franziu a testa.

— A fim dele?

— Isso, tipo... Querendo ficar com ele no âmbito romântico. E ele sabe que a senhora é casada.

  Ela riu.

— Meu amor, ele é um homem bonito. Deve está acostumado com várias mulheres aos seus pés. Ele deve apenas ter confundido a minha simpátia.

  Comecei a ter a sensação que eu poderia falar qualquer coisa sobre Alfonso, que minha mãe mesmo assim encontraria porquês dele ser de tal forma.

— Ele maltrata idosas, já vi ele empurrando uma dentro do elevador. - Deu de ombros.

— Anahi, pare com isso. Você está apenas tentando encontrar desculpas para que eu não goste dele. E lhe digo, não está conseguindo. O que eu vi é muito mais do que me contam e você sabe como eu sou.

— Eu não to tentando arrumar desculpas. Eu trabalho com ele, sei como é dentro da empresa. Se ele fosse tão bom assim, não seria brigado com a nossa assistente e olhe que a Genevieve  é um amor.

  Minha mãe voltou a corto o mato verde e abaixou a cabeça e o tom de voz.

— Acha que Alfonso vai gostar do novo Merlot cítrico?

  Suspirei pesadamente. Nada entraria na cabeça dela.

— Deve gostar. Homem barato que gosta de fingir ser elegante.

— Você acha que o Merlot cítrico é para homens baratos, Anahi? Você sabe o trabalho que Luigi tem para produzir novos Merlot, para você falar desta forma.

  Soltou a faca com força, causando um pequeno barulho.

— Desculpe mãe. Me alterei. Só quero lhe falar que o Alfonso não é o homem que você está imaginando. Ele não é essas mil maravilhas, acredite em mim.

  Fiz beicinho e olhos grande, como fazia quando criança.

— Vá mostra a fazenda para ele, filha.

— Nem morta, vou lá no meu quarto pegar um perfume que esqueci aqui da última vez.

  Sai correndo.

— Anahi! - Me gritou sorrindo.

4/5

Brincando Com FogoWhere stories live. Discover now