Capítulo 37

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  Anahi não saia da minha cabeça.

  Felizmente Fred não percebeu, estava ocupado demais comendo a sua pipoca e gritando a cada movimento radical feito pelos atletas. Sentamos na primeira fileira, com uma visão privilegiada do campo de "batalha", por isso foi quase impossível conseguirmos conversar, era muito barulhento aquelas motinhas e os fones nos impedirão ainda mais. Além que, ainda foi necessário utilizarmos as nossas capas de chuva, por estar tão perto, cada vez que as motinhas passavam, quase um quilo de lama vinha para cima de nós. Se eu devolvesse esse garoto imundo, possivelmente a velha morreria.

  Sem muito o que fazer, além de ficar ali sentado e achar uma chatice aquela competição. O rosto, o olhar e os lábios rosados de Anahi não saiam da minha cabeça. Principalmente o sorriso que ela deu assim que entrei na sala e ela viu Fred. Ela já não sentia mais raiva e sim mágoa, uma mágoa profunda.

  Eu realmente era um idiota.

  Assim que tudo acabou, eu e Fred fomos caminhando calados até o estacionamento. Sem me atentar muito, meu celular começou a vibrar indicando que uma mensagem havia acabado de chegar.

  Era Maryse.

— Eu acho a Anahi mais bonita. - Fred estava quase se pendurando em mim para poder ver de quem era a mensagem.

— Você nunca viu ela, espertinho. - Baguncei seu cabelo.

— Mas a Anahi continua sendo mais bonita. - Deu de ombros e saiu correndo até o meu carro.

  Fred não estava errado, Anahi realmente era bem mais bonita que Maryse. Ela era uma modelo internacional que eu conheci em uma viagem de negócios para o Havaí. Por não ter um endereço fixo, saímos apenas algumas vezes quando a mesma passou algum tempo aqui na Califórnia.

  Ela era incrível, o sexo era feroz e a sua cavalgada faria qualquer homem ir para as alturas. E, pelo que parece, ela estaria hoje aqui e queria saber se podíamos nos encontrar no hotel dela, apenas para jantarmos.

  Eu sei muito bem quem seria o jantar e quem iria comer.

  Era uma diversão, sem complicações, sem compromissos e um alívio para algumas frustrações acumuladas.

  Guardei o celular no bolso novamente sem a responder. Ligaria mais tarde assim que deixasse Fred em casa.

  Quando o deixei em casa, decidi que eu precisaria resolver outra coisa antes de planejar algo com Maryse. Eu realmente precisava pedir desculpas para Anahi, a forma que ela mal me olhou e como seus olhos estavam mais para baixo que o normal mexeu comigo, eu não conseguiria tirar ela da minha cabeça se não pedissem desculpas antes.

  Voltei novamente para o escritório torcendo para que ela estivesse por lá, eram quase seis horas da tarde e pode ser que a energia da sua casa já tivesse voltado e ela decidido terminar os trabalhos no conforto do seu lar. Mas eu arriscaria, se ela já tivesse ido embora, seria consequência, minha casa não ficava tão longe do escritório, logo não seria um contra caminho.

  Por ser um bairro comercial, nos finais de semana as quadras próximas a empresa ficavam desertas e bem mais fáceis de encontrar uma vaga, ainda mais agora a noite. Quanto mais eu me aproxima, mais vagas eu vía e mais o medo de não encontrá-la crescia. Assim que virei a rua da nossa empresa, vi um carro exatamente igual o meu. Dei sorte, ela ainda estava lá.

  Estacionei o meu carro ao lado do seu e sai praticamente correndo para dentro da empresa. As luzes da recepção já estavam apagadas, um indicativo de que a grande maioria dos funcionários já haviam ido embora, assim que o sensor captou os meus movimentos, acendeu todas as luzes e o que antes era um andar com algumas pessoas trabalhando, agora era apenas cabines vazias sem sinal de vida.

Brincando Com FogoWhere stories live. Discover now