Capítulo 31

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    Alfonso estava roncando no chão.

  Era impressionante, mesmo a minha razão deixando bem claro que nada aconteceria a mais, sendo apenas uma ajuda. Eu fiquei decepcionada ao sair e encontrá-lo dormindo no chão do meu quarto.

  Peguei o travesseiro extra que estava na minha cama de casal e um lençol que ficava dentro do armário do hotel. Fui até o homem másculo deitado no meu chão, o cobri com o lençol e coloquei o travesseiro embaixo da sua cabeça. Além de aumentar a temperatura do ar-condicionado, por não ter de fato um segundo cobertor e não querer que ele batesse queixo de frio, algo que eu duvidaria pela quantidade de álcool que possivelmente ele ingeriu.

  Deitei na minha cama e fiquei rodando de um lado para o outro. Minha cabeça estava a milhão, não conseguia pregar os olhos por nenhum segundo, ficava olhando pro teto pensando em tudo o que havia acontecido em apenas um dia. Alfonso agindo como um maníaco ciumento, Jayme tentando investir em mim de forma disfarçada, Dakota faltando sentar no colo de Alfonso e ele no meu quarto, bêbado e praticamente se declarando como um namorado ciumento.

  Era tantos assuntos que eu simplesmente não conseguia concluir um de fato, eram só assuntos e mais assuntos, possibilidades e mais possibilidades girando na minha cabeça.

  Saímos do restaurante por volta de uma da manhã, olhei no celular e já eram quatro e meia. Caso eu inventasse de tomar meu remédio para dormir, não acordaria as cinco para pegar o meu vôo que sairia ás seis.

  Então preferi sair logo agora e ficar pelo aeroporto até dar a hora do meu vôo. Me levantei novamente, tomei um banho rápido, joguei o desodorante com um pouco de força no chão - olhei pela porta e Alfonso esboçou nenhum movimento - joguei as coisas que estavam espalhadas no meu quarto dentro da minha mala e fechei a mala com força - e mesmo assim ele nem se mexer -.

  Quando já estava pronta para sair, tentei acordá-lo, mas foi inútil. Ele estava em um sono profundo, quase igual uma pedra, o famoso sono de bêbado. Era necessário aquele sono para ele, já que estávamos trabalhando igual dois condenados esses meses, mas sei que se o deixasse ali, ele acordaria só na madrugada do dia seguinte. Liguei para a recepção informando que ele estava no meu quarto e que era para eles ligarem para o meu quarto e para o dele - já que ele poderia acordar e ver que eu não estava ali e voltar para seu quarto - às sete da manhã, a moça do outro lado garantiu que isso seria feito. Mas eu não poderia confiar, eles possuem um hotel para gerenciar, não são babás de homem barbudo e bêbado.

  Então para ajudá-lo a não perder o vôo decidir colocar o despertador em seu celular, para que ele conseguisse pelo menos acordar.

  Abaixada, examinei o rosto do mesmo para ter certeza que ele dormia. Alfonso era um homem muito bonito, sua pele era mais bronzeada que a da maioria dos norte-americanos - acredito que ele deva ter alguma ascendência latina - seus cílios eram enormes ( confesso que eu tinha um pouco de inveja) seus lábios eram carnudos, mas completamente adequados para o seu formato de rosto. Além disso, tinha o nariz marcado e quadrado, semelhante aos imperadores romanos e gregos. Parecia um Deus grego do Olímpio, com toda certeza, ele seria o Deus da safadeza.

  Seus lábios eram rosados, quem diabos é assim? Quando não estou com batom, minha boca é tão branca que parece que estou morta. Além disso, ele dormia fofo, faltando só as mãos juntas e apoiadas no rosto. Ele estava dormindo com os lábios entreabertos, que faziam um pequeno som a cada vez que respirava, mas nada demais e provavelmente era resultado da bebida alcoólica.

  A beleza desse homem era quase um insulto. Se tivesse a fila da beleza na nossa criação, ele provavelmente passou umas dez vezes.

  Queria poder ficar ali o admirando até ver aqueles olhos olhos verdes que contrasta tão bem com sua pele bronzeada, mas eu precisava pegar o meu avião e ele também. Por isso não podia inventar de perder tempo admirando-o.

  Quando ameacei enfiar a mão no bolso de sua calça social, notei um volume significativa na sua virilha. Meu senhor. Alfonso estava tendo uma ereção enquanto dormia, sabia que isso era comum, mas não imagina que ficava tão duro e marcado.

  Talvez eu tenha ficado olhando por uns dois minutos. Talvez alguns minutos de olhos fechados imaginando o que aquilo ali poderia fazer de estrago em mim. E como ele reagiria se eu abrisse a sua calça e o tocasse.

  Esse homem estava fazendo eu perder o resto de sanidade que eu ainda tinha. Mesmo dormindo ele tinha essa capacidade.

  Respirei fundo e tentei recobrar o restinho de sanidade que tinha e fui com a mão, tremendo muito, tirar o aparelho de seu bolso. A cada movimento, mais leve que fosse, eu olhava para seu rosto para ter a certeza que ele estava dormindo. Com muito cuidado e fazendo  movimentos mais leves que uma pluma, fui puxando o celular devagar.
Quando finalmente ele saiu e caiu no carpete, pude soltar o ar que estava prendendo. Minhas mãos ainda tremiam quando desbloqueia a tela e torci para que não tivesse senha. Assim que deslizes o dedo pela tela, uma foto me surpreendeu como papel de parede.

  Era um menininho lindo. Ele aparentava ter uns cinco anos, era moreno quase loiro e tinha os olhos claros, usava uma galocha, um short azul que quase parecia uma calça e uma capa de chuva, enquanto segurava um peixe pequeno com um sorriso banguelo no rosto. Eu simplesmente me apaixonei por esse garotinho, era impressionante como essa foto dele transmitia calma, ingenuidade e felicidade por conseguir capturar um peixe. A maior alegria dos pequenos pescadores.

  Mas o que mais me deixou embasbacada foi essa foto no celular do Alfonso, ele nunca me falou que tem um filho.

  Meu Deus, um filho. Como esquece de dizer que tem um filho?

  Olhei para o garotinho e para Alfonso novamente e eles se pareciam muito. Tinham feições iguais, sem falar nos olhos verdes do menininho e castanhos esverdeados de Alfonso.

  Sei que ele havia tido que nunca namorou, mas para ter um filho não é necessário estar em uma relação. Pode ser que tenha sido de uma noite, né?

  Meu Deus, quem eu estava querendo enganar? Se fosse só uma noite, ele teria feito como a grande maioria dos homens fazem, abandonaria o menininho com a mãe. Alfonso tinha amor por esse garotinho.

  Mas jamais poderia negar, Alfonso era um mistério. Por baixo de toda essa armadura, havia um homem de bom coração e que tinha a foto do filho como papel de parede.

  Olhei para as horas e já eram cinco e dez.

  Droga. Eu preciso ir pegar meu vôo.

  Programei o alarme para tocar duas horas antes, não marquei faltando só uma hora para o vôo, pois ele não conseguiria ter tempo para se arrumar e muito menos para arrumar a sua mala. Aumentei o volume do celular ao máximo e deixei no carpete ao lado da sua cabeça, para que assim que tocasse, ele pudesse ouvir.

  Levantei e peguei a minha mala, dando uma última olhada para o homem sexy que deixava jogado no meio do carpete do meu quarto. Mesmo com o barulho alto da abertura da porta e o ranger da maçaneta, não foi capaz de fazê-lo acordar.

  Olhei mais uma vez para o volume em sua virilha.

  Alfonso Herrera, que noite no mínimo interessante que você me deu. Estou curiosa para saber como você estará amanhã no escritório.

  Ri com meus pensamentos, tranquei a porta novamente e fui direto para a recepção pegar um táxi que ficava sempre ali na frente, disponibilizado pelo próprio hotel.

  Até jaja, Fera.

Brincando Com FogoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin