Capítulo 18

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Anahi Portilla

  Eu tinha fracassado, fracassado comigo mesma.

  Havia prometido que jamais iria no mesmo horário para a academia que Brian sempre foi, até porque ele quem me inseriu nesse mundo atlético, e desde que demos um tempo, eu parei de frequentar a melhor academia do bairro e passei a ir em uma de esquina.

  Mas hoje eu queria vê-lo, concretizar se tudo o que Alfonso me falou podia ser real, podia ser verdade. Eu sei que ele me traiu com a metade da cidade, mas era difícil anular um sentimento tão rapidamente, e se ele estivesse realmente disposto a mudar? E se ele quisesse mudar? Eu não poderia deixar estas atitudes passarem em branco. Independente de tudo, fomos amigos por dois anos e essa foi uma das melhores amizades da minha graduação.

  O meu instituto ficava a trinta minutos de distância do instituto de jornalismo, que era onde Lyna ficava a maior parte do tempo, enquanto o do Brian era ao lado. O que facilitou nas minhas horas de almoço que eu não passava sozinha, na hora de ir embora que ele me esperava do lado de fora para irmos caminhando juntos pegar o ônibus, nas vezes que ele me viu chorar e pensar na possibilidade de desistir e o mesmo me fez continuar. Mesmo que ele tenha sido um péssimo namorado, ele foi um ótimo amigo e isso eu jamais poderia negar.

  Sai da empresa eram cinco horas da manhã e decidi vir direto para a academia. Minha cabeça estava a milhão com todas as verdade que Alfonso disse, sabia que Brian chegava sempre as seis da manhã e fazia sempre o mesmo ritual.

  Primeiro ia para o vestiário se trocar, depois ia para o aquecimento e em seguida para a esteira. Diferente do que ele sempre fez, eu ia direto para o aquecimento e em seguida ia para a esteira. Desta vez eu quis fazer diferente, acho que não queria fazer algo que me fazia lembrar dele. Logo, fui direto para a esteira, peguei a mais no canto e escondida. Quando se entrava na academia, não conseguia me ver, mas eu vía quem entrava.

  Acho que faziam exatas três semanas que eu não malhava, já que bufava e sentia dores musculares enquanto corria, acredito que pular o aquecimento tenha sido uma péssima ideia. Mas assim que o corpo esquentou, o coração acelerou e a adrenalina aumento, eu já não sentia mais nada, apenas um bem estar. Se cuidar era isso, você não sentia nada e não pensava em nada.

  Mas não poderia ser hipócrita comigo mesma, sempre que o sino em cima da portava soava, avisando que alguém estava entrando, eu olhava na direção na esperança de ver os pares de olhos castanhos que eu tanto me acostumei a ver por dez anos.

— Também não conseguiu dormir?

  Uma voz rouca me fez estremecer, quando olhei em volta vi Alfonso me encarando com uma toalha nos ombros, de braço cruzado e com, bermuda de natação?

— Ta me perseguindo? - Sorri.

  Ele coçou a cabeça sorrindo.

— Acho que você quem está me perseguindo, já que fazem apenas quatro meses que você está de volta a Califórnia, Alabama.

  Revirei os olhos.

— Perseguindo você? Deus me livre - Sorri - Não consegui dormir, acho que acabei por me acostumar a ficar acordada até tarde e perder o sono. - Deu de ombros.

— Sei como é. Como está a prática hoje? Pelo que parece - Olhou no retrovisor da máquina - Já fez três quilômetros, uau. Devo ficar orgulhoso pela minha colega de disputa.

— Digo o mesmo, Ariel. - Sorri sacana para ele - Faz o que? Fisioterapia?

  Ele sorriu. Aquele sorriso arrogante de sempre.

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