Capítulo 44

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Alfonso Herrera

  Uma semana, faziam exatas uma semana que Anahi não vinha para o trabalho, não respondia as minhas mensagens e nem retornava as minhas ligações. Mesmo por muitas vezes eu deixando claro que era sobre algum cliente, ela pedia para tratarmos de modo profissional no e-mail.

  A cada toque e a cada vibração do meu celular, eu corria com expectativa de ser a morena de olhos claros me respondendo, mas logo elas espaireciam, pois não era da mulher que eu estava ansioso esperando por pelo menos um sinal de fumaça.

  O nosso trabalho era quase um home office, não tinha necessidade de estar na empresa todos os dias, apenas quando tínhamos reunião com algum cliente que teviamos estar por lá. Muitos dos nossos contratados iam no máximo cinquenta vezes ao ano para a empresa. E isso me incomodava, pois tirava a oportunidade de ver a mulher que estava atazanando todas as minhas noites nos meus sonhos.

Mas o que mais me agoniava era que Anahi não era desse tipo, ela não aproveitava essa liberdade e flexibilidade que tínhamos na empresa, muitas das vezes, ela vinha em finais de semana para poder trabalhar.

  Eu sentia, mesmo tentando evitar e pensar em outras possibilidades, que Anahi estava querendo me evitar.

  Era sábado a tarde, normalmente eu não ficava em casa. Chamava algum amigo para beber ou mandava mensagem para alguma mulher que conheci na semana anterior. Mas esse sábado estava diferente, peguei Fred para sair e dispensei Paul quando o mesmo me chamou para beber com Ian.

Eu era um homem de trinta anos, nunca corri atrás de mulher alguma e nunca me importei se a mulher com quem eu transei não me respondeu ou não quis mais olhar na minha cara. Mas com Anahi era diferente, eu queria manter contato com ela, queria poder conversar e trocar palavras com ela.

  A ansiedade estava me devorando, então decidi mandar uma mensagem perguntando se ela queria sair para beber alguma coisa. Anahi visualizou, mas não respondeu.

  Eu estava igual um adolescente, pegava o celular cada vez que ele vibrava. E Fred, foi capaz de perceber.

— Esperando a mensagem de alguém? - O banguelinha me encarou.

  Sorri guardando o celular no bolso.

— Assuntos do trabalho. - Baguncei seu cabelo.

  Vi o garotinho loiro voltar para a prateleira de tênis e ficar olhando fixamente para um.

— Gostou?

— Achei ele incrível. - Sorriu.

— Experimente. Você precisa de tênis novos para a nossa viajem para a Universal.

— Ele está muito caro. Quando saio com a vovó, ela sempre manda eu olhar para as prateleiras mais de baixo e pegar o mais barato.

— Eu sou sua avó?

— Não.

— Você vai pagar pelo tênis?

— Não.

— Pois é, então pare de olhar para as prateleiras mais de baixo e pare também de se importar com os preços. - Chamei um funcionário todo tatuado - Poderia me trazer um par desse modelo para esta pequena criança.

  Fred poderia ter apenas sete anos, mas era uma criança enorme, sendo muito fácil de confundir com uma criança de dez.

— Claro, acho que tenho um último que ficará perfeito em você, garotinho. - O rapaz foi simpático - Gostou de mais algum?

  Fred não respondeu.

— Fred?

  Ele olhava fixamente para outra coisa, não para um tênis ou uma bola de futebol e sim uma garota.

Brincando Com FogoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora