Psicose (Livro I)

Doze - Corey vs Brian

O dia acordou bonito e agradável como jamais antes no St. Marcus Institute. Sol brilhando, céu azul anil, nenhuma nuvem, um reflexo do que deveria ser o humor de Melissa. No entanto, quando abriu os olhos, encontrou-se novamente na já permanente tempestade de pura confusão que era sua cabeça. Tentou então encontrar no teto a resposta para a pergunta que surgiu de imediato: como se sentia?

Não tinha ideia.

Na tarde anterior, quando Brian a puxara para dentro do consultório com suas intenções sujas, embora tivesse parecido errado, ao mesmo tempo não se mostrou uma má ideia. A verdade era que não era ruim estar com ele. Brian tinha um vasto conhecimento a respeito do que fizeram escondidos, não poderia negar. Naquela manhã, contudo, talvez tivesse mudado de ideia. Parecia mais uma ideia muito imbecil, sobre algo que talvez ela tivesse perdido o controle a partir dali. Deixou, mais uma vez, Brian avançar uma linha que não era seguro avançar.

Depois de se recuperar das ondas de prazer, Melissa vestiu rapidamente suas roupas. E a primeira imagem que veio em mente foi um par de olhos azuis insanos, que costumavam lhe proporcionar um delicioso misto de medo e prazer. Por isso, tratou de abandonar Brian ainda suado sobre o divã de couro branco e fez o caminho até seu próprio consultório. Ainda tinha uma consulta naquela tarde e realmente não soube como conseguiu se concentrar nos problemas da senhora Logan.

Lutando para deixar as dúvidas e incertezas quanto a Brian de lado, finalmente levantou da cama. Foi direto ao banheiro. Após a higiene matinal e um longo banho quente, vestiu suas roupas, colocando o jaleco sobre elas.

Melissa deixou seu quarto, analisando o corredor cheio de funcionários. Não demorou muito para que Brian aparecesse. O sorriso cativante de sempre estava em seus lábios, os olhos brilhavam mais do que o usual. A aura dele parecia mais radiante, o corpo mais masculinamente imponente, os músculos mais bem definidos, o peito forte mais saltado. Estranha impressão, ela logo concluiu.

Brian, vendo que Melissa estava estranhamente paralisada demais em frente à porta, caminhou em sua direção. Quando a alcançou, passou um braço em torno de sua cintura. Em seguida, aproximou a boca de seu ouvido, numa manobra muito arriscada, e soltou em um sussurro:

- Bom dia. – disse, depositando um quase imperceptível beijo ao pé de seu ouvido – Sonhei com você essa noite.

Brian se afastou, como se não tivesse feito nada. Sorria de lado, sedutor. Melissa engoliu a seco, olhando ao redor, preocupada com a reação dos colegas. Ninguém os observava, no entanto.

- Você não deveria ter feito isso. – repreendeu-o.

- Sonhado com você? – o sorriso não tinha sumido.

- Não. Ter me abraçado assim, e me beijado assim... É loucura.

Brian finalmente desfez a expressão de eterna felicidade e torceu os lábios.

- Desculpe, acho que senti saudades de estar tão perto de você, precisei mata-las um pouco.

- Bem, faça isso quando não estivermos no meio do corredor lotado de colegas.

Por um instante, Melissa pensou se queria mesmo que ele fizesse aquilo de novo quando estivessem sozinhos. E depois se não estava sendo muito rude com ele. E quando notou sua expressão de cachorro que caiu da mudança, depois de assentir, mudou o rumo da conversa:

- Foi bom? O sonho? – Melissa perguntou, enquanto já caminhavam na direção do refeitório.

- Razoavelmente. – Brian deu de ombros, parecendo indiferente.

Talvez não tivesse gostado do modo com que ela o tratou, mas, bem... Não pediria desculpas. Tentou novamente:

- E sobre o que foi?